A segurança nas estradas precisa de boa fiscalização e não de novas leis. As existentes são suficientes se foram respeitadas e, para isso, dada a qualidade dos nossos condutores, é preciso uma fiscalização mais rigorosa e frequente de maneira a diminuir a probabilidade de impunidade dos infractores. Transcrevo uma carta sobre este tema que enviei aos jornais no Verão passado.
Carros sem seguro
Segundo notícias de 27 de Julho, devem andar a circular mais de 60.000 carros sem seguro. Isto é grave por lesar outros carros e peões se forem «agredidos» por um deles. É mais um facto a provar que os legisladores sofrem da mania de legislar, a torto e a direito, sem a noção exacta dos efeitos dessa obsessão. Quanto à segurança rodoviária, essa «doença» é evidenciada a cada passo. É raro o ano em que não são agravadas as coimas das infracções ao Código e as condições em que são constituídas as infracções. Por este andar, dentro de pouco tempo, entrar para o carro já é infracção. Porém, o grave problema da sinistralidade continua, praticamente sem redução. Com efeito, o que reduz a sinistralidade não é o agravamento virtual e ilógico das condições de condução, mas sim uma fiscalização que obrigue ao cumprimento da legislação existente. Sem esse cumprimento, não há nova legislação mais gravosa que faça milagres.
É o caso da alcoolemia, do excesso de velocidade, das manobras perigosas, do uso de telemóvel, do seguro, etc. E quanto a este, foi há muitos anos obrigada a fixação no pára-brisas do talão comprovativo. Pergunta-se: qual a utilidade actual desse talão? Quem olha para ele? Que procedimento rápido, prático e eficaz é adoptado quando ele mostrar que o seguro não está em dia? Se o talão não serve para nada, para que continua a ser obrigatório tornar opaca uma parte do pára-brisas, reduzindo a visibilidade do condutor? O mesmo se passa com o selo da contribuição autárquica e do referente à inspecção periódica. Isto demonstra que somos um país de legisladores utópicos, sonhadores e distraídos das realidades.
Qualquer lei só tem algum interesse se contribuir para melhorar a vida aos cidadãos honestos e, para conseguir esse objectivo, tem de ser acatada por todos, o que só se garante com uma fiscalização rigorosa de efeitos rápidos. Se uma lei não é cumprida, de nada vale alterá-la com coimas mais elevadas, porque quem não cumpria a primeira também não cumprirá a segunda, sabendo que a probabilidade de ser apanhado em falta é de tal maneira reduzida que compensa infringir. E, por isso, continua o excesso de alcoolemia, de velocidade, o uso de telemóvel, as manobras perigosas, a falta de seguro, a condução sem carta, etc. Há quem defenda que a solução está em mudar os comportamentos das pessoas. Mas quantas décadas demora conseguir esse santo desejo? De que forma se consegue? Talvez apenas se resolva, em tempo útil, com fiscalização repressiva rigorosa, reduzindo a probabilidade de o infractor ficar impune. E, dessa forma, se evitará que Portugal continue a ser um País de bananas.
Postado por A. João Soares em 21:16
7 comentários:
Beezzblogger disse...
Amigo estes gajos andam por todo o lado, que pragas...
Abraços do beez
27-12-2006 21:37
MRelvas disse...
Caro João Soares,
a prevenção é importante meu amigo. Onde anda? Fazem-se programs sobre tudo mas nada sobre trânsito e civilidade! Claro que a fiscalização é importante,mas meu amigo ela tem vindo agora para a rua,tem-se visto muitas operações stop no páis quer da GNR quer da PSP, outras em coordenação.Agora eu defendo um aperto FORTE de fiscalização às instituições que DÃO as cartas de condução,aos centros de inspecções automóveis,às sinalizações de trânsito mal colocadas,por vezes com vertical contradizendo a horizontal... A prevenão rodoviária gasta o seu dinheiro em quê? Estaremos de acordo, ou não?
Um abraço
MR
27-12-2006 23:05
A. João Soares disse...
Obrigados Bezz e Mário, pela vossa visita. Um blogue jovem precisa de apoio e os amigos não faltam.Têmm razão, não chegam as fiscalizações aos condutores e as coimas altas, mas são mprescindíveis. Há necessidade de a Justiça funcionar com rapidez e rigor, é indispensável, tornar a sinalização leal, coerente e racional.Nõ é leal quando é exageradamente restritiva. Há um sinal de 40 num troço de estrada tipo via rápida perto de Cascais, onde se pode circular a 70 sem o mínimo perigo. Porquê este sinal? Mas, pelo contrário em muitos pontos do País há curvas que não podem ser dadas a mais de 40 e não têm qualquer sinal. A falta de coerência é notória quando os verticais são muitas vezes cotrariados pelos horizontais, deixando o condutor confuso. A irraconalidade está presente quando os toponímicos apenas são compreendidos pelos habitantes da área, mas esses não precisam deles; quem vem de fora, os turistas, continuam sem ajuda, e dizemos que somos um País dependente do turismo!Os dinheiros dados à PRP têm sido gastos em enormes «outdoors» que nada ajudam, como já referi várias vezes em cartas aos jornais. Esses cartazes só beneficiaram os amigos da PRP a quem foi encomendada a criação, execução e instalação. Uma fortuna inútil, porque a imagem e a mensagem nada esclarecem.Esperemos que isto melhore e as pessoas responsáveis pela prevenção mostrem inteligência.
Um abraço
A. João Soares
28-12-2006 6:10
Jorge P.G. disse...
Meu caro novo amigo:
É com todo o gosto que aqui venho deixar-lhe o meu contributo para que prossiga, com entusiasmo, o trabalho neste seu Mirante. Como sabe, abordei hoje o tema dos acidentes de viação em um dos meus blogues. Lá, encontrou o que penso sobre esta calamidade. Relativamente ao que afirma, entendo a sua opinião embora não possa concordar totalmente. De facto, a fiscalização é importante mas não passa de uma parcela da longa lista do rol de medidas que haveria que tomar se, realmente, o governo pretendesse atacar de forma séria a diminuição da sinistralidade. Não vou aqui enumerar o conjunto de medidas que entendo fundamentais, pois o amigo certamente já as leu no meu artigo.Investir na educação cívica e na preparação adequada do candidato a condutor deveriam, quanto a mim, e em resumo, ser o alvo prioritário.
As minhas saudações edesejos de um bom trabalho e de um Óptimo 2007.
Jorge G - "O Sino da Aldeia" porque avisar é preciso
28-12-2006 8:01
Porca da Vila disse...
Passo aqui pela primeira vez e gostei do que vi. Boa sorte para o 'Mirante'.A quantidade de variáveis [e de interesses] que estão por detrás da sinistralidade rodoviária é vasta e complexa, não me parecendo possível que as coisas se resolvam nem fácil nem rapidamente. O certo é que há que começar por algum lado, E já se viu que não adianta aumentar as coimas!Maior e mais eficaz fiscalização? Talvez, porque actualmente ela é quase inexistente. Como disse já no 'Sino da Aldeia', na véspera de Natal percorri quase mil quilómetros de Bragança a Lisboa e volta, e não vi uma única brigada da GNR! Mas vi fazer centenas de manobras idiotas que só por milagre não acabaram em acidente grave.
Educação e melhor preparação? Certamente que sim, e por aqui é que, em minha opinião, há que começar. Para além da reformulação completa do ensino da condução que actualmente é pouco mais que ridícula.
Eduquem-se os mais novos logo desde a escola primária porque serão esses os condutores que num futuro próximo irão estar na estrada.
Façam-se testes físicos e psicotécnicos rigorosos aos candidatos, ensine-se a conduzir em gelo, em chuva forte, no nevoeiro, em velocidade na auto-estrada, ensine-se a conduzir à noite, ensine-se a controlar um carro em derrapagem em vez de se continuar a ensinar apenas a estacionar um carro, como se isso fosse a coisa mais importante do mundo.
E dê-se formação adequada aos próprios instrutores que dela bem precisam também!Não haverá resultados no imediato, mas será a única forma de conseguir que os condutores daqui a vinte anos tenham na estrada a educação e o civismo que hoje falta quase por completo.
Um Xi da Porca
28-12-2006 12:54
A. Joâo Soares disse...
Amigos Jorge PG e Porca da Vila,
Muito obrigado pelos vossos contributos que vieram dar maior profundidade ao tema. Na carta que transcrevo referia principalmenmte a falta de seguro. Noutro local refiro os factores que os meus amigos enumeram muito sensatamente. Essas medidas são fundamentais e inserem-se num maior civismo da sociedade, mas darão resultados a muito longo prazo. Entretanto, para parar a sangria nas estradas, há que tomar medidas imediatas que passam pela actuação mais intensa e eficaz das forças policiais.
Um abraço e Feliz Ano 2007
A. João Soares
28-12-2006 17:16
Almirante Gouveia e Melo (I)
Há 1 hora
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