No momento em que escrevo, chove com muita intensidade. Entretanto, li a notícia dos efeitos catastróficos do «tufão Durian que matou mais de 500 pessoas, nas Filipinas, país que todos os anos é atingido por dezenas de furacões. Fortes chuvas, deslizamentos de terras e casas destruídas marcaram a passagem do vendaval pela província oriental de Albay, onde cerca de 11 mil filipinos ficaram desalojados. ‘A devastação é total’, resumiu o governador da região central de Bicol, apelando à ajuda internacional».
Aprender com as próprias experiências é uma forma de progredir na vida evitando complicações, mas é ainda mais sábio aprender com a experiência alheia por não se sofrer o ónus da aprendizagem. Ter casa na encosta tem beleza mas também tem riscos e exige cuidados prévios para avaliar os perigos e trabalhos de manutenção para evitar o agravamento destes. Há cerca de 15 anos houve numa favela do Rio de Janeiro um acidente do mesmo tipo deste nas Filipinas. Na altura estava a trabalhar no Serviço Municipal de Protecção Civil do Concelho de Loures e chamei a atenção do presidente da Câmara para o perigo que corria a encosta de Carnide, próximo do actual cemitério em que muitas casas já tinham os alicerces sem apoio por baixo devido a pequenas e sucessivas deslocações de terra devidas ao facto de se tratar de um aterro recente na orla Norte da «estrada militar». Toda a área, ao longo da encosta desde a Pontinha até à calçada de Carriche, onde foram construídas clandestinamente casas sem qualquer estudo prévio, estava em risco. Tal como este caso havia outros no Concelho e em vários pontos do País.
Estamos agora a atravessar um período de chuvas mais abundantes do que habitualmente, e devemos meditar sobre os perigos de não respeitarmos as condições da natureza. A construção nas linhas de água, ou nos talvegues, não é tida na devida consideração e já tem havido entre nós casos graves. Essas linhas de água, no Verão passam despercebidas aos menos atentos, mas no Inverno a água transforma-as em pequenos ribeiros que perante o obstáculo se transformam em pequenas albufeiras podendo atingir força suficiente para derrubar casas, como aconteceu há poucos anos no Norte em que um café foi arrastado, causando a morte aos seus ocupantes.
Para evitar tais catástrofes, é conveniente não construir no caminho natural da água, construir apenas em solo que mereça confiança e criar condições a montante para desvio da água por forma a não encharcar o terreno evitar futuros deslizamentos de terra. Em casos em que o perigo vem da natureza, a única solução é prevenir, evitando catástrofes, na medida do possível. Não é sensato contrariar o que é natural.
A Decisão do TEDH (396)
Há 1 hora
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