quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

COMPETÊNCIA RESULTA DE TEORIA COM EXPERIÊNCIA

Competência resulta de teoria com experiência
(Public em O DIABO nº 2243 de 27-12-2019, pág 16, por AJS)

Há muitas pessoas com notável êxito sem terem uma formação académica inicial excepcional, porque o seu saber básico lhes despertou curiosidade pelo mundo em que procuraram os efeitos práticos das poucas e simples teorias que aprenderam, as quais aprofundaram, enriqueceram com novos dados e lhes proporcionaram uma postura perante a realidade que garantiu produtividade na sua acção.

No polo oposto, vemos indivíduos com formação académica precursora das modalidades que estão a querer caracterizar o nosso ensino, em que se menoriza o valor das provas, as passagens administrativas e tolerância quanto à preparação para exames, com plágios e outros golpes. Se não houver cuidado especial na limitação e controlo das facilidades dadas em cada grau de ensino, dentro de pouco tempo, teremos licenciados e mestres pouco melhores do que analfabetos camuflados. É certo que existem alguns tipos geniais que, apesar das facilidades, se dedicam à procura de saber com o máximo de dedicação. Mas serão poucos e o receio atrás referido materializa-se quando se quer que 60% dos jovens obtenham licenciatura. Com o facilitismo actual, isso pode resultar na caricatura expressa cinco linhas atrás.

Isto vem a talhe de foice com a notícia surgida em 27 de Novembro, que dizia que o Ministro do Ambiente substituiu o director-geral de Energia e Geologia, Mário Guedes, alegando que “dois ou três dias depois” de começar a trabalhar com ele “ficou evidente que ele não tinha competências” para aquela função. Parece uma decisão correcta, mas leva-nos a pensar na leviandade de quem nomeia pessoas para funções de alta responsabilidade, sem seguir um critério adequado para fazer a escolha entre os potenciais candidatos. “Quem nomeou este ‘director-geral’? Porque o nomeou? Porque o preferiu a outros com mais competências? Quantos haverá em condições semelhantes? E o que se tem passado nas nomeações de ministros, de secretários de Estado, etc etc? Oxalá este caso seja singular e todos os outros sejam nomeados pela sua muita competência. Talvez fosse oportuno aproveitar este escândalo, para exigir provas a todos os altos responsáveis por funções públicas, antes que as broncas ocorram com demasiada frequência. E quantos haverá agora a pedir exoneração antes que sejam vítimas de igual medida?”

Mas, pouco depois destas cogitações, surgiu outra notícia sobre uma nomeação deste mesmo governante que mostra que “não diz a bota com a perdigota”. Segundo o jornal ‘Observador’, o Ministro do Ambiente e Acção Climática nomeou para o seu gabinete um “técnico especialista”, Gonçalo Martins dos Santos, com apenas 24 anos acabados de fazer e somente dois meses de experiência profissional, tendo a nomeação já saído no ‘Diário da República’. Apresenta como “experiência” ter sido “analista fiscal” de uma empresa privada de “Setembro a Outubro de 2019”, isto é, apenas nos dois meses que antecederam imediatamente a nomeação. Uma fonte oficial do Ministério, tentando justificar a escolha, referiu que o imberbe “especialista” tinha “fiscalidade” como “área de formação”. Mas nem esta débil desculpa é consistente: o jovem Gonçalo, recém-licenciado em Direito, está ainda a meio do Mestrado em Direito Fiscal, o que apenas o qualifica como estudante. E vai receber 3.083,55 euros de ordenado bruto, acrescido de um “suplemento remuneratório de valor igual ao abonado aos adjuntos” do gabinete ministerial.

Na degradação social em que estamos a viver, o Estado e toda a função pública devem procurar dar preferência aos mais competentes, sérios e honestos que saibam utilizar o seu saber de forma prática obtendo a máxima produtividade. A competência deve ser premiada, compensada de forma o mais rigorosa possível.

É triste que surjam notícias de pessoas condecoradas pelo mais alto representante da Nação e que algum tempo depois sejam noticiadas como suspeitas ou arguidas por crimes ligados a desonestidade, e outras faltas de virtudes cívicas. O civismo, o respeito pelos outros e pelos interesses nacionais são valores a defender a todo o custo e definidores de valor moral e social. ■

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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

NATAL E OS DIREITOS HUMANOS

Natal e os Direitos Humanos
DIABO nº 2242 de 20-12-2019, pág 16

O Natal é uma parte do ano propícia para reflexão sobre a grandeza anónima, discreta, moral, com valorização da simplicidade, da humildade das palhas do presépio, em oposição às acções de ostentação de riqueza material com que hoje se festeja a data, com altos cones iluminados, qual deles o mais alto e oneroso. Nesse aspecto festivaleiro e na falta de respeito e de amor aos outros, a humanidade mostra que não compreendeu nem aceitou a lição de Cristo. A degradação das sociedades mostra de forma bem clara que se torna necessária e urgente uma acção eficaz de recuperação e revitalização dos valores morais e éticos que têm sido perdidos.

Hoje, o Deus mais adorado é o dinheiro, vil metal, em si ou em simulações que iludam sobre a sua posse. Estas festas natalícias, que deviam ser de amor e humildade, são, pelo contrário, momentos de egoísmo, ambição, ostentação e materialismo grosseiro. Parece que estamos perante sinais da chegada do apocalipse, com as corrupções, o terrorismo, a criminalidade violenta, as terríveis infantilidades cometidas por governantes de quem se esperava um bom exemplo para o Mundo. Como será o futuro? Como será festejado o Natal pelos vindouros?

Em 1948, há 71 anos, as Nações Unidas adoptaram um conjunto de direitos humanos aplicável a todos nós. Hoje celebramos este marco histórico em nome de um mundo que devia ser mais livre e com mais igualdade. Mas, infelizmente, como vem sendo costume, esses direitos não passaram do papel. Faltou a vontade e a força adequada para os fazer cumprir. Sem isso, o prestígio da ONU fica de rastos. As notícias trazem-nos, diariamente, ao conhecimento crimes impunes contra esses direitos.

É notória a terrível insensibilidade de governantes que, em vez de serem modelos de bom comportamento para a humanidade, são o oposto e ignoram e desprezam as boas regras que ocasionalmente são publicadas por pessoas bem intencionadas. Brademos contra tal degradação social e façamos algo para que os bons princípios e os mais altos valores sejam respeitados e defendidos para bem da Humanidade actual e das gerações futuras. Aproveitemos a quadra festiva do Natal para melhorar os comportamentos sociais.

Recordo um caso de deficiência de apoio de saúde:

Uma idosa de 89 anos internada em lar, havia 5 meses, por ter caído na cozinha e fracturado o fémur esquerdo, na noite de 14 de Novembro de 2015, devido a queda, foi hospitalizada no hospital de Cascais com fractura do fémur direito. Teve uma pneumonia preocupante devida a bactéria hospitalar e, logo que teve ligeiras melhoras, deram-lhe alta em 24 de Novembro. Em 27 de Novembro, 3 dias depois da alta, o agravamento da pneumonia obrigou a novo internamento de que teve alta em 3 de Dezembro, por ter baixado um pouco a temperatura. Em 6 de Dezembro, 3 dias depois da alta, a pneumonia teve novo agravamento, com a respiração muito difícil quase a asfixiar, foi novamente às urgências e teve que ficar novamente internada. Foi chamada a atenção do médico das urgências para o facto de as altas terem sido muito prematuras, usando a frase de uma assistente social pronunciada em 2 de Dezembro. Foi respondido que não é só pela necessidade de libertar camas, mas também por outros factores. Neste vaivém, a doente ficou em extrema debilidade, e acabou por falecer na manhã de 10 de Dezembro.

E, assim, por vários factores, as pessoas acabam por perder a vida precocemente e com sofrimento. A quadra natalícia deve ser aproveitada como momento propício para se tentar dar melhor qualidade de vida a todos os seres humanos, defesa da Natureza e do ambiente e não se restringir à utopia de querer evitar as alterações climáticas que a Natureza nos impõe. ■

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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

RESPEITO, AMIZADE E TOLERÂNCIA GERAM HARMONIA

Respeito, amizade e tolerância geram harmonia
(Public em O DIABO nº 2241 de 13-12-2019, pág 16, por António João Soares)

A actividade que a Comunicação Social mais oferece aos seus clientes é constituída por jogos de futebol, que outrora entravam nas actividades de desporto e, como tal, eram ocupações “por desporto” em que o ganhar e perder não tinham importância que afectasse o bom relacionamento entre os desportistas.

Mais tarde, começaram a estar em disputa grandes importâncias monetárias que alteraram a sensação de que ganhar e perder era desporto. Por detrás desse fenómeno está o dinheiro que nos últimos tempos se foi transformando numa droga mundialmente perigosa e com a agravante de não haver limite para provocar overdose que faça diminuir o consumo. E a agressividade, quer no relvado quer nas bancadas, muitas vezes, transforma um encontro amigável entre pessoas que deviam estar em distracção calma e confortável, por pormenores pouco significativos, num conflito de rara violência em que se esquecem as regras de respeito pelos outros, de amizade, e de tolerância.

Infelizmente, a perda de calma e de serenidade entre as pessoas está a tornar- -se demasiado frequente na sociedade e, o que está a tomar aspectos desagradáveis, na vida internacional, na humanidade. Assuntos que devem ser considerados normais e resolúveis por meios pacíficos de diálogo e negociação, conduzem precipitadamente a trocas de violência com danos pessoais e estragos materiais. Entre Estados pode haver conflitos armados directamente ou através de grupos preparados para a violência, indiscriminada sem evitar sacrificar inocentes. Acontece, frequentemente, sob variadas formas, apesar de opiniões de pessoas sensatas e com responsabilidades na vida internacional aconselharem, com frequência a evitar a violência e, em vez dela, recorrer ao diálogo directo ou com auxílio de intermediários reconhecidos e respeitados pelas partes.

Mas, quer no relacionamento pessoal quer no de altos poderes, há indivíduos que teimam em se considerar donos da verdade total e com absoluta razão e que se recusam a conversações em que tenham de ceder um milímetro.

Infelizmente, há exemplos disso dentro de países em várias partes do mundo e também em relações internacionais. Parece que aos líderes de tais posições falta desde criança, a sensatez e os efeitos de uma boa educação que permita o bom relacionamento com os outros habitantes do planeta. Tenho referido que está a tornar necessário um sistema de relacionamento moral e eticamente conveniente que coloque o ser humano acima dos animais ditos irracionais, dos quais vêm muito bons exemplos quer na vida em família quer nos bandos e manadas quer no relacionamento com animais de outras espécies com os quais tenham oportunidade de conviver.

Um caso curioso nota-se em campanhas eleitorais, em que é esperado dar ao povo oportunidade de escolher quem seja mais competente para dirigir os destinos do respectivo país e proporcionar melhor qualidade de vida à população. Mas, em vez de os candidatos procurarem apresentar bons planos e programas, para, na comparação com os dos outros concorrentes, o povo escolher os que lhe parecerem melhores, limitam-se a distrair a atenção dos eleitores com a comunicação social a mostrar coisas insignificantes que impeçam a reflexão sobre o que é essencial, a fazer promessas fantasiosas que um observador atento duvida que sejam cumpridas e a agredir verbalmente os outros concorrentes ferindo a sua honradez, a sua dedicação ao povo, a sua competência e experiência de gestão. Muitas vezes, o povo vota no mais palavroso e fantasioso sem garantias de ver a verdade e a sinceridade das promessas. E os que já não acreditam em fantasias e não vêm planos e projectos credíveis, ficam em casa em vez de votar.

É preciso existir civismo, respeito pelas pessoas, amizade e tolerância para vivermos em paz e harmonia, sem carências desagradáveis. ■

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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

MOVIMENTO CÍVICO

Movimento cívico
(Public em O DIABO nº 2240 de 06-12-2019 pág 16, por António João Soares)

Há demasiadas notícias de alunos a desrespeitarem professores, crimes domésticos, actos de selvajaria, etc. etc. Há muito boa gente a temer que o mundo esteja a deslizar para um abismo sem retorno.

É urgente que se crie um movimento geral e persistente que contribua para aumentar o respeito pelas pessoas, a paz e a harmonia social e mundial. Devemos aproveitar todas as oportunidades para melhorar os comportamentos na defesa dos valores essenciais da sociedade, como missionários do Bem.

Devemos agir, sem preocupações de partidos ou de religiões, porque o civismo não deve obedecer a ideologias particulares: o respeito pelos outros, a tolerância, a solidariedade, não dependem de características pessoais, cor, idioma, profissão ou clubismo. O respeito deve ser generalizado para facilitar os contactos directos que impeçam conflitos violentos.

Aceitam-se sugestões construtivas a fim de que se recupere aquilo que tem sido perdido em valores morais e éticos. Haja quem crie uma ONG ou outro tipo de instituição para essa finalidade. Para a frente, para criar um futuro melhor para as gerações mais jovens e vindouras.

Para qualquer cidadão conseguir uma vida digna para si e para a sua família deve recorrer ao trabalho, um direito que deve obter através do dever de ser competente, eficiente e produtivo. Mas a remuneração do trabalho deve corresponder ao resultado deste, que não deve ser embolsado exageradamente por pessoas que abusam da sua função para se considerarem os maiores beneficiados pelo esforço dos seus colaboradores. Sem esta justiça social podem gerar-se conflitos violentos, com “pedradas ou vandalismo” que não contribuem para um mundo mais justo, mas que podem ser usados por pessoas em desespero e sem esperança de melhor saída.

Neste, como na generalidade dos aspectos da vida dos seres humanos, torna- -se indispensável a prática de valores que têm vindo a ser esquecidos mas que são indiscutivelmente essenciais para a vida em sociedade e que os ditos “irracionais” praticam na família, nas manadas, e até no relacionamento com outros, inclusivamente com humanos, correspondendo afectuosamente ao seu tratamento. Merecem o nosso carinho porque o retribuem. O carinho e outros afectos devem ser bilaterais, retribuídos. O respeito pelos seres vivos e pela Natureza em geral deve ser um dever exercido sem falhas nem hesitações, de forma a ser bilateral e serenamente retribuído.

Se as pessoas, em aparente situação de convívio, preferem estar concentradas no seu ‘smartphone’, se usam este na rua obrigando os outros a seguirem com atenção para evitarem sofrer colisões de tais maníacos, como é que estão educadas socialmente para conviver em sociedade? Abundam notícias de crianças que desobedecem aos professores e por vezes os agridem; e os seus pais, em vez de as esclarecerem e corrigirem os seus próprios erros da educação que lhes deram, reforçam o mau comportamento das crianças, ofendendo o professor. Também são inúmeros os casos de agressões e até homicídios entre familiares.

Há, pois, urgência em desenvolver campanhas educativas da população melhorando a moral e a ética, a fim de evitar ou, no mínimo, retardar o colapso total da humanidade. Na vida internacional, surgem sinais de vontade de paz, evitando guerras e procurando soluções por meio de bom entendimento, como tem sido o caso, por diversas vezes, de discursos de Putin.

Difundam-se regras de educação social em todas as actividades, desde as creches às escolas e a todas instituições com duas ou mais pessoas. Procure-se recuperar a sociedade e a própria humanidade da degradação em que caíram. O respeito pelos direitos dos outros é essencial. A Comunicação Social deve desempenhar um papel importante para se atingir o melhor resultado na harmonia social, com segurança e respeito mútuo. ■

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