terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Segurança ou cerceamento da Liberdade?

A Humanidade, tal como tudo quanto é vivo, é instável e sofre alterações quase que em permanência. Um dos factores constantes é a ambição de poder e de notoriedade dos governantes, e um factor evolutivo é o desenvolvimento das tecnologias que colocam ao serviço daqueles ferramentas cada vez mais sofisticadas para satisfação dos seus objectivos.

Nas ambições tradicionais dos políticos insere-se o controlo, a «segurança» das populações, o que se sobrepõe a muitos outros aspectos não negligenciáveis no respeitante ao bem-estar e qualidade de vida do povo. Essa «segurança» é um pretexto para pôr em prática medidas restringentes das liberdades individuais, que contribuem para um domínio cada vez mais totalitário das pessoas.

É por isso que são exageradamente amplificados os perigos de actos terroristas, com o pretexto de aumentar a vigilância sobre todos, mesmo os cidadãos mais inocentes, de abusar da circulação de informação pessoal que, mesmo que possa ser útil em investigações, "não pode ser a panaceia para resolver os desafios resultantes do terrorismo e do crime organizado». A guarda de informações de inocentes e a sua manutenção em arquivo presta-se às piores violações da privacidade, principalmente se houver acesso por parte de pessoas menos escrupulosas, o que não pode ser evitado em absoluto.

Impõe-se um meticuloso cuidado para evitar o exagero dos controlos das pessoas, a tendência generalizada para a limitação do direito dos cidadãos à privacidade e o que se refere à utilização policial de dados pessoais. Em democracia, deve ser respeitada a Liberdade como coisa sagrada e quem a tem deve saber utilizá-la com civismo, isto é, com consciência que ela tem por limite a dos outros.

Este tema merece séria ponderação no momento em que está a ser exageradamente ampliado o perigo de terrorismo e de crimes organizados. Já está em curso uma subtil campanha para implantar chips em crianças e em idosos, com o pretexto de sequestros e desaparecimentos. O mesmo se passa com a quantidade crescente de videovigilância em lugares públicos e em estabelecimentos comerciais, de escritórios, etc.

Os passos dados em cada dia, os hábitos higiénicos, a saúde, tudo deixa de ser assunto pessoal para estar ao alcance de muitas pessoas que podem divulgar impunemente. Outrora, o médico não podia divulgar pormenores sobre a saúde dos clientes, mas hoje quando se vai pela segunda vez fazer análises a um laboratório, o relatório traz também o resultado das análises anteriores, porque estavam lá e lá continuarão sem autorização do doente. Se nuns casos esta retenção de informação pode não ter inconveniente, noutros casos será de todo reprovável.

Desta forma, é preocupante o que está a passar-se com ampliação do medo doentio do terrorismo, em vez de serem tomadas medidas discretas, silenciosas, mas eficazes para o evitar ou reduzir-lhe os efeitos. O medo não evita.

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ecos das palavras de Marinho Pinto

As afirmações do bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto tiveram um efeito de terramoto, embora pouco mais dissessem do que o que tinha sido trazido a público pela iniciativa de João Cravinho ao propor legislação para combater a corrupção e o enriquecimento ilegítimo, e daquilo que se ouve nos transportes públicos e em qualquer grupo de pessoas nas filas de espera para atendimento nos serviços públicos.

Transcrevem-se quatro excertos de artigos (linkados) que abordam o assunto. É estranho que os políticos tentem manter o caso aceso em vez de procurarem que depressa caia no esquecimento, vendo-se que não tiveram o discernimento suficiente para aprender a lição do caso da «licenciatura» de José Pinto de Sousa que, depois da arrogância e fanfarronice de levar a queixa a tribunal, acabou por compreender que era melhor silenciar o caso!

Decidindo averiguar o caso em profundidade, acabam por matar a galinha dos ovos de ouro que segundo Cravinho e Marinho Pinto geram as tais riquezas ilegítimas, mas não chegarão a tal ponto pois, se não apagarem agora tal chama, acabarão mais tarde por apagar, de forma mais escandalosa, um fogo muito mais visível.

Eis os excertos atrás referidos, por ordem alfabética.

Transcrição de Audição a Marinho Pinto fica em suspenso
Marinho Pinto falou de um ministro das Obras Públicas que terá adjudicado obras a uma empresa à qual veio a presidir, bem como de "dois ministros recentes" que terão levado ao abate "do dia para a noite" de dois mil sobreiros. Sócrates disse desconhecer sobre quem podiam recair as insinuações e chutou a bola para o bastonário: "Eu nada sei sobre o que ele pretende dizer e, portanto, essa explicação é devida ao País e isso é com o sr. bastonário". O bastonário tinha dito que "existe em Portugal uma criminalidade que anda por aí impunemente a exibir benefícios e não há mecanismos para lhes tocar".

Transcrição de «Corrupção»
O que é que disse o bastonário dos advogados de tão extraordinário para causar tal estremecimento nacional? Que há negócios chorudos feitos com empresas por ministros que acabam nos respectivos conselhos de administração. Que há verbas a engrossar miraculosamente as contas de partidos, após certos e determinados governantes terem, alegadamente, feito manigâncias com o património do Estado. Que a confusão entre o Estado e os privados é total, sempre em prejuízo do primeiro, ou seja, nós, cidadãos, e a favor dos últimos. Enfim, que "a corrupção do Estado" é o cancro da nossa sociedade. (…) Não é por acaso que os políticos aparecem, numa sondagem da Gallup para o Fórum Económico e Mundial, como os mais desonestos e os menos sérios para governar. Salvam-se, curiosamente, os professores, como sendo a profissão mais fiável, justamente a classe mais atacada, mais rebaixada e mais empobrecida nos últimos anos pelo poder político. Por que será?

Transcrição de «O inquérito do costume»
O bastonário da Ordem dos Advogados provocou um pequeno terramoto na morna vida política portuguesa ao dizer em voz alta o que toda a gente diz em voz baixa, que há corrupção aos níveis mais altos do Estado, defendendo (disso é que já ninguém se lembraria, depois do risível inquérito parlamentar do "envelope 9") uma "investigação parlamentar às fortunas de alguns políticos". Segundo o bastonário, há "membros do Governo que fazem negócios com empresas privadas e depois, quando saem, vão para administradores dessas empresas", lembrando ainda, a propósito dos chorudos pareceres com que o Governo alimenta certos escritórios de advogados (e não só), que "se esbanjam milhões em pagamentos de serviços de utilidade duvidosa e depois não há dinheiro para necessidades básicas". No Governo e no Parlamento toda a gente assobiou, como é costume, para o ar, pedindo, como é costume, "provas", e o procurador-geral da República abriu o habitual inquérito, a lixívia com que em Portugal se lavam mais branco as nódoas até passarem ao esquecimento. Entretanto foi conhecido um estudo realizado pela Gallup para o Fórum Económico Mundial que revela que quase metade (48%) dos portugueses considera os políticos desonestos. Abra-se também um inquérito aos portugueses.

Transcrição de «Parem de brincar com as palavras»
Os partidos políticos não podem ajudar à farsa que é a exigência de que quem denuncia apresente logo as provas e o processo instruído ou que fique calado. Não é a um denunciante que compete fazer isso e esta artimanha tem servido a impunidade e é o fermento da corrupção. Com a morosidade e a ineficácia da justiça em Portugal, a probabilidade mais elevada é que o denunciante seja, ele próprio, punido por uma acção oportunistamente levantada por um prevaricador protegido por estratégias dilatórias que entre recursos e pareceres liquidam a justiça.

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sábado, 26 de janeiro de 2008

Sociedade formatada no sistema binário!!!

Quando se escreve ou, por qualquer outra forma, se emite uma opinião, é impossível agradar a todos e qualquer preocupação nesse sentido seria castrante e distorceria o discurso. E, quando se chama a atenção das pessoas para um caso de cariz mais ou menos político que mereça reflexão, aparece alguém, por exemplo o «cenoura» ou «laranja» autor dum comentário a um post que não consegue ver o mundo senão através da óptica partidária, com uns antolhos adequados, mas que não se inibe de arrogância facciosa.

Depois, ou caluniam que é rosa-vermelho, ou fascista de extrema-direita, ou «xuxalista», ou comuna. Parece um fotógrafo de há 100 anos que apenas sabia trabalhar com fotografias a preto e branco. Mas, mesmo esses, eram mais hábeis e artistas pois aceitavam o cinzento mais ou menos escuro, em múltiplas tonalidades de luminosidade.
Pobre mundo esse, formatado em sistema binário, em que há muita gente a pensar em termos de sim ou não, de nós ou os diferentes, de preto ou branco, de cenoura ou os outros. Dessa forma, é impossível analisar a multiplicidade de tonalidades da humanidade ou até de uma sociedade de tão pequenas dimensões como a portuguesa. Um comentador que não sei se será cenoura ou laranja, acusou-me de não ser prático, mas ele ultrapassou a minha teoricidade, só que eu procuro não ser partidário e manter uma imparcialidade e isenção que permita ver o mundo a cores e não a preto e branco, em sistema de sim ou não, coisa que ele não consegue.

E essa estreiteza de raciocínios está na origem de todo o mal gerado pelas más decisões políticas. Por exemplo as decisões oníricas do ministro da Saúde e os seus frequentes recuos, em função das manifestações de populações e autarquias que não foram ouvidas com oportunidade.

Outro caso de obsessão legislativa arrogante vem sendo observado, ao longo de décadas, nas alterações do Código da estrada. Os acidentes continuam; a tragédia não pára. E, embora as leis existentes, se fossem cumpridas, evitariam essa sangria, os governantes decidem alterá-la agravando as multas e dificultando a vida às pessoas. Mas as novas leis também não são cumpridas e os resultados são a continuação da sinistralidade rodoviária.

Oxalá que os nossos anjos da guarda não nos abandonem completamente!

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Portugal vai ressurgir!!!

A forma como o Hino Nacional é sentido pelas pessoas merece reparos parecidos com os do Pai Nosso. Nem todos o cantam ou rezam, mas muitos dos que papagueiam as suas palavras não meditam nas ideias por elas expressas.

A frase «levantai hoje de novo o esplendor de Portugal» não está devidamente interiorizada pela grande maioria dos portugueses nem, o que é mais preocupante, pela generalidade dos representantes políticos.

Mas já surgem novos sóis a despontar no horizonte

No artigo do Público, «Dura lex sed lex?», Maria José Nogueira Pinto, faz um diagnóstico , que embora não sendo original, diz que «na nossa tradição portuguesa é conhecida a febre legislativa que tem conduzido a leis mal pensadas e pior redigidas. Ora uma má lei é pior que lei nenhuma e uma lei repleta de contradições, omissões e lacunas vai perdendo os fundamentos e os objectivos que a justificaram, de excepção em excepção, transformando-se num mero articulado que todos querem furar»

Já há quase um ano, Cavaco Silva disse que "não é bom que o legislador crie leis que geram expectativas nas populações e depois constata-se que não consegue dar cumprimento àquilo que legislou". No mesmo jornal a deputada do PS Maria Antónia Almeida Santos disse que «é importante haver uma lei que seja efectivamente para cumprir".

É curioso que entidades diferentes em locais distintos e de forma bem significativa, reconheçam a doença dos políticos legislarem para vaidade própria sem terem em atenção a viabilidade do cumprimento das leis que dão à luz. Esse vício insensato cria a descredibilização da política. As leis devem ser cumpríveis.

Não faltam diagnósticos de que existe doença e é preciso aplicar a devida terapia. Vejamos alguns sinais de que ela poderá estar a caminho.

Começo pela notícia de que « MP arquivou queixa de José Sócrates contra o autor do blogue Do Portugal Profundo», por as procuradoras considerarem «que escritos de António Balbino "se inscrevem no exercício do direito de crítica" e Sócrates queixara-se de ofensa pessoal e política. Isto demonstra que a Justiça está independente de eventuais pressões ocultas da parte do Poder, o que é um bom sintoma.

Segundo o artigo «O negócio das ideias», Rui Rio não faz ideia do que há-de fazer com o património municipal, e decide abrir um concurso de ideias (para o Bolhão, para o Ferreira Borges, para isto e aquilo). Há que reconhecer a sua lucidez, sabendo de quem está rodeado, arranjou uma solução engenhosa. Sairia muito mais caro à cidade se a vereação desatasse a pensar pela sua cabeça e a ter ideias de que resultassem mamarrachos disformes para cedo terem de ser demolidos, do que Rui Rio mandar comprá-las fora.

Um outro sintoma de mudança aparece na bancada parlamentar do PSD que recorre à assessoria que a agência de comunicação Cunha Vaz e Associados (CV&A) vai passar a dar ao grupo parlamentar do partido. Realmente, com o recurso a consultores da «classe civil» para suprir a incapacidade dos responsáveis políticos, apesar de profusamente assessorados, começa a sentir-se a aproximação do momento em que se fará a redução dos órgãos do Estado e das Autarquias à expressão mais simples e contratar um mínimo de consultores devidamente seleccionados em concursos, em função da sua competência já comprovada, da sua isenção imparcialidade, honestidade e rigor. Certamente, com um contrato por tarefas bem especificadas em que o objectivo seja servir Portugal e os portugueses, ficaremos melhor servidos e não teremos as leis «mal pensadas e pior redigidas» nem as Autarquias terão pessoal inútil que tenha de ser suprido por «concursos de ideias» ou por contratos de assessoria.

Além desta réstia de esperança num futuro melhor, há uma outra que muito me agradou. Alimentava uma ligeira fé que na geração das actuais crianças de 10 anos apareça meia dúzia de superdotados que se insurjam contra a herança podre que recebem dos pais e avós, dêem um ponta-pé no sistema e avancem segundo um rumo que conduza a objectivos mais consentâneos com o desenvolvimento do bem-estar e do poder de compra da população.

Essa fé parece ter sido ultrapassada e parece não ser preciso esperar tanto tempo para que se levante de novo o esplendor de Portugal. Segundo a notícia «100 jovens querem desenvolver o país», uma centena de empreendedores de várias áreas, com menos de 45 anos, e que não pretende ser mera "espectadora de Portugal", vai apresentar um documento com as "opções de uma geração" para o futuro do país. "Não se trata de um movimento contra nenhum Governo, mas de uma geração que se recusa a aceitar tranquilamente as escolhas de outros». «É uma geração que herdou da geração anterior a democracia e a integração no espaço europeu, mas entende que isso hoje não basta e é preciso outro tipo de exigência." "Não é um ponto de chegada, mas de partida", será uma tomada de posição de uma geração "que não se revê num Portugal sentado de mão estendida para Bruxelas, à espera de um cheque para resolver os problemas". "Devemos ser actores, não espectadores".

O País precisa de inteligências, com boa vontade e honestidade que definam objectivos e programem a acções que a eles conduzam, com metas bem fixadas e resultados quantificados sem fantasias e combatam as iniquidades, corrupções e desperdícios de recursos. Só uma organização eficiente servida por pessoas motivadas para a criatividade, a produtividade e o rigor, se consegue a competitividade que traz o prestígio de que necessitamos. Esse prestígio que desejamos e não temos não se consegue com corridinhas na Praça Tianmen ou nos jardins da Casa Branca. Essas manifestações não passam de vaidade infantil com ambição de visibilidade. O verdadeiro valor dum País e a sua melhor imagem assentam em valores muito mais elevados.

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Presidente do LNEC desmente Sócrates e Lino

Governo conhece conclusão desde Dezembro

O primeiro-ministro conhece as conclusões do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) sobre o novo aeroporto de Lisboa desde 19 de Dezembro, garantiu, ontem, o presidente do organismo. Segundo Carlos Matias Ramos, o ministro Mário Lino, por seu turno, estava ao corrente da preferência por Alcochete desde o início de Dezembro.

De acordo com Matias Ramos, que falava numa audição na Comissão parlamentar de Obras Públicas, o primeiro-ministro chamou-o à residência oficial no dia 19 de Dezembro onde, numa reunião em que também estavam os ministros Mário Lino e Silva Pereira, apresentou as conclusões do estudo que foi revelado publicamente a 10 de Janeiro passado. Na altura, explicou, ficou decidido que se manteria silêncio sobre o documento, para que a decisão pudesse depois ser tomada "sem fugas de informação".

Já Mário Lino, adiantou, estava ao corrente da "inclinação" por Alcochete "muito antes", pois o estudo ficou concluído, "em termos de aglutinação de equipas", a 30 de Novembro. "No início de Dezembro fui apresentá-las (as conclusões) ao ministro", que, desde aí as "conhecia perfeitamente".

No dia 10 de Dezembro, após o Conselho de Ministros onde o Executivo decidiu lançar a avaliação ambiental estratégia para a confirmação de Alcochete, o primeiro-ministro disse ter recebido o estudo apenas na véspera. Um dia antes, Mário Lino afirmara, ter recebido o documento "de manhã", garantindo que estava já "a trabalhar nele".

Matias Ramos confirmou, contudo, que o relatório completo só foi, de facto, entregue a 9 de Janeiro, após o LNEC ter "cerzido", ou unificado num só documento, os relatórios parciais, o que justificou o adiamento do prazo previsto para a entrega do documento (12 de Dezembro].

As declarações de Matias Ramos desmentem, na prática, quer o primeiro-ministro, quer o ministro das Obras Públicas, que antes de dia 10 de Janeiro garantiram sempre desconhecer as conclusões do LNEC. No entanto, o dirigente do organismo público acabou, também, por se contradizer a si mesmo dia 9 de Dezembro, depois de o semanário "Sol" ter avançado com a indicação de que o documento do LNEC dava "preferência" por Alcochete, o LNEC emitiu um comunicado a desmentir "categoricamente" o jornal.
RDL, Jornal de Notícias

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Arquivado processo contra «blogger» Caldeira

Arquivada queixa-crime de Sócrates

O Ministério Público mandou arquivar a queixa-crime por difamação apresentada, em Junho do ano passado, por José Sócrates contra o "blogger" António Balbino Caldeira, devido a um conjunto de textos que escreveu sobre a licenciatura do primeiro-ministro em Engenharia Civil na Universidade Independente (UNI).

Recorde-se que o professor do Instituto Politécnico de Santarém, autor do blogue "Do Portugal Profundo", foi o primeiro a levantar o véu sobre o caso do diploma do primeiro-ministro, que encheu de polémica a Primavera do ano passado. Segundo o próprio escreve no seu blogue, o despacho de arquivamento, que recebeu ontem e com data de sexta-feira passada, terá sido assinado pelas procuradoras-gerais adjuntas Maria Cândida Almeida (directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal) e Carla Dias.

"O Ministério Público arquivou e mandou notificar o cidadão José Sócrates e primeiro-ministro para deduzir, se o entendesse, no prazo indicado, acusação particular. José Sócrates não deduziu acusação particular contra mim e o Ministério Público determinou o arquivamento dos autos", revela António Balbino Caldeira.

O processo contra o professor tem, assim, o mesmo desfecho do que o inquérito levantado pela Procuradoria-Geral da República ao caso da licenciatura de Sócrates, arquivado em Agosto passado, por não se ter verificado a prática de crime de falsificação de documento.

Caldeira, que chegou a acusar o primeiro-ministro de "falta de coragem", devido ao processo-crime", dedica o "veredicto" de sexta-feira especialmente àqueles "que sofreram acusações e perseguições pelo que escrevem".
(Do Jornal de Notícias)

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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

2,5 milhões de declarações de IRS no lixo

Os formulários das próximas declarações de IRS foram mandados imprimir duas vezes. Ao todo, foram desperdiçados 2,5 milhões de cópias porque a primeira versão enviada pelas Finanças à Imprensa Nacional Casa da Moeda não tinha um campo para o NIB do contribuinte.

As Finanças não avançam com o custo deste desperdício, remetendo para uma negociação posterior com a Casa da Moeda.

(in "Jornal de Negócios")

NOTA: Você sabe quem vai pagar esta «distracção»? Você pensava que nas Finanças só havia pessoal competente e metódico? Será que têm por lá falta de assessores?

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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Serviço secreto eficiente

George Bush vai a um colégio de ensino primário para falar sobre a guerra. Após o discurso, diz às crianças que lhe podem perguntar qualquer coisa.

Um menino levanta a mão.
Bush pergunta-lhe o nome: - O meu nome é Bob.
- E qual é a sua pergunta, Bob?
- Tenho 3 perguntas.

Primeira: Por que é que os EUA invadiram o Iraque sem o apoio da ONU?
Segunda: Por que é que o senhor é presidente se Al Gore teve mais votos?
Terceira: O que aconteceu a Bin Laden?

Quando Bush se preparava para responder às perguntas, o sinal de recreio tocou.
Bush disse às crianças que continuariam depois do recreio.

Quando acabou o recreio, Bush perguntou:
- Onde estávamos? Ah, sim! Estávamos nas perguntas. Alguém quer
perguntar-me alguma coisa?
Outro menino levanta a mão. George pergunta-lhe como se chama.
- Steve
- E qual é a tua pergunta, Steve?
- Tenho 5 perguntas:

Primeira: Por que é que os EUA invadiram o Iraque sem o apoio da ONU?
Segunda: Por que é que o senhor é presidente se Al Gore teve mais votos?
Terceira: O que aconteceu a Bin Laden?
Quarta: Porque é que o sinal de recreio tocou 20 minutos mais cedo?
E quinta: Onde está o Bob?
Recebido por e-mail do amigo VC

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Que futuro para Portugal?

Um amigo disse-me ter visto num jornal recente que Portugal poderá ser, dentro de uma dúzia de anos, o País mais pobre da UE, já contando com os recentemente admitidos. Estava espantado por os nossos governantes não se mostrarem preocupados e a estudar as causas do atraso, com o fim de procurar soluções para atacar o problema pela raiz com vista a evitar essa desagradável situação.

O seu espanto é justificado. No entanto, continua tudo em banho-maria à espera de um milagre, ou de que tudo se resolva por «geração espontânea». Mas esta não é solução para problema tão grave. Há na Europa exemplos a seguir. E há o raciocínio que os poderia conduzir a medidas sensatas e eficazes. Tem-se falado em reduzir as despesas e em aplicar melhor os dinheiros públicos, no entanto, vemos uma máquina do Estado cada vez mais obesa, pesada e gastadora, sem daí resultarem progressos para a população pagadora de impostos. Tem-se visto muitas obras de fachada de ostentação mas de que nada resulta para o desenvolvimento e melhoria das condições de vida das populações. Seria bom, por exemplo, comparar os quilómetros de auto-estradas em relação ao número de habitantes e á superfície do País, com o que se passa na Irlanda, na Noruega, na Finlândia, na Eslovénia.

No entanto, tem sido repetidamente afirmado que a principal fonte do desenvolvimento é o investimento no capital humano, não em quantidade de diplomas, mas na qualidade e quantidade do saber, isto é, na eficiência do ensino. Sem isso, não se consegue aumentar o civismo nem a capacidade técnica nas empresas e em qualquer função. As novas oportunidades não podem ser uma forma de obter sem esforço diplomas superiores ao nível da preparação possuída, mas sim uma forma de obter saber, experiência e maior capacidade, para a vida prática. A escola deve ser atraente, estimulante, aliciante, mas não pode deixar de ser exigente, rigorosa, difícil, responsabilizante, criando qualidades de trabalho sério na formação dos futuros cidadãos.

Mas a escola, pelas notícias que chegam ao público, não é assim. Perde-se tempo com a TLEBS, responsáveis prendem-se com o caso do professor Charrua que embora tivesse sido arquivado, mantém em funções quem esteve na origem da perseguição, não houve decisões claras nos casos de erros dos pontos de exame, nem do contrato com o advogado que não cumpriu o seu papel, mas o viu renovado com o triplo da remuneração, etc.

Mas, propriamente no referente ao ensino, recordo que li há pouco tempo que, numa sociedade normal, um aluno começa o ano escolar chumbado e, para passar, tem de trabalhar muito, com sentido das responsabilidades e desejo forte de aprender; pelo contrário, no caso português actual, o aluno começa o ano lectivo passado e o professor para o chumbar tem que trabalhar muito para conseguir provar que ele não merece passar!!! Não é de bom tom dar trabalhos para os alunos fazerem em casa, porque isso os traumatizaria, os que sabem a resposta a uma pergunta do professor não devem levantar o braço para evitar que os que não sabem se sintam diminuídos, as faltas em excesso não são motivo para chumbo, o ritmo das turmas deve ser o mais adequado aos menos aptos, etc. etc.

Sem a boa preparação, o sentido das responsabilidades e o culto do mérito não se consegue criar empreendedorismo e, sem este, o país não cria riqueza para distribuir pela sua população, para a tornar mais auto-suficiente e feliz. Entretanto, assistimos a famílias endividadas por pedirem aos bancos empréstimos para a compra de bens perecíveis , dispensáveis e apenas utilizados para ostentar uma riqueza que não existe. É o «faz-de-conta», a ficção, que acarreta problemas graves e impede a evolução no sentido positivo. A ausência do mínimo conhecimento da aritmética impede que as pessoas consigam gerir bem a sua vida.

E, sem oportunidades para os mais válidos conseguirem realizar-se, eles vão à procura de condições para aplicar devidamente as suas capacidades e acabam por emigrar para os EUA, Canadá, Grã-Bretanha e outros países desenvolvidos. E Portugal fica com o refugo da sociedade, já de si tão pouco valorizada, o que torna realista a previsão de que, daqui a uma dúzia de anos, seremos a escória da Europa.

Oxalá que sejam desde já tomadas medidas para inverter o rumo da nossa degradação.

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domingo, 20 de janeiro de 2008

«escandalosa» pensão e indemnização deTeixeira Pinto

A indemnização e a pensão vitalícia atribuídas pelo BCP a Paulo Teixeira Pinto é considerada «um escândalo», classificando-se como «um dos muitos casos em que os que estão no poder se apropriam de tudo».

Na edição de hoje, o Público noticia que «Teixeira Pinto (ex-presidente da comissão executiva do BCP) recebe do banco uma reforma vitalícia de 35 mil euros por mês», o que em termos de salários mínimos nacionais é chocante. Representa muitos anos de salário de enorme número de portugueses.

O agravamento do custo de vida para as famílias leva a afirmar ser «tempo para os portugueses se indignarem», pois os «condicionalismos económicos» que os trabalhadores enfrentam actualmente «pesam muito na disponibilidade para a luta».

Texto baseado em Diário Digital / Lusa

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A hipótese de guerra nuclear não desapareceu

O general Iúri Baluevski, chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Rússia, declarou ontem que Moscovo poderá recorrer a armas nucleares em caso de necessidade, nomeadamente como estratégia preventiva. Disse que "não tencionamos atacar ninguém, mas consideramos necessário que todos os nossos parceiros compreendam claramente e ninguém tenha alguma dúvida de que, para defender a soberania e a integridade territorial da Federação da Rússia e dos seus aliados, serão empregues as Forças Armadas, nomeadamente de forma preventiva e com o uso de armas nucleares", declarou o general numa conferência científica realizada em Moscovo.

"A força militar pode e deve ser empregue como demonstração da decisão da mais alta direcção do país de defender os seus interesses, bem como medida extrema, mesmo em massa, quando mostrarem ser ineficazes todos os restantes meios", frisou.

Esta linguagem leva-nos aos esconsos da memória, recordar os tempos da guerra fria. Que não deve ser posta de lado a eventual utilização de tais armas de destruição maciça, é lógico. Se assim não fosse, deixariam de ter sentido os elevados custos da sua criação e manutenção em conveniente grau de operacionalidade.

Curiosamente, no tempo da guerra fria, havia uma significativa diferença de estratégia entre as duas potências rivais: enquanto a URSS sempre declarou, como agora, estar disposta a ser a primeira a disparar, os EUA reafirmaram a cada passo que nunca seriam os primeiros e apenas atacariam em resposta, em retaliação gradual que, só em último grau, poderia chegar aos ataques contra cidades. Agora vemos, pela boca do mais alto responsável das forças armadas, que a Federação Russa, não receia tomar a iniciativa de atacar «preventivamente», iniciando uma guerra nuclear que, como é do conhecimento geral, pode destruir toda a humanidade.

O general Iúri Baluevski, evidencia que o perigo de uma guerra nuclear não terminou com o fim da guerra fria, no início da década de 90, mantendo-se bem aceso com esta disposição russa de ser a primeira a apertar o gatilho, perante uma ameaça que considere forte, mesmo sem armas de destruição maciça.

O general russo lembrou que "hoje, a transição da Rússia para novas relações económicas colocou perante as Forças Armadas, outras tropas e forças que fazem parte da organização militar do Estado, as mais complexas tarefas, não só de carácter militar, mas também económico", o que leva a pensar que as tais ameaças que podem levar a uma acção de força desmedida, podem até nem ser de carácter militar mas apenas de aspecto económico. Será que se pretende voltar ao «terror de Estado» dos tempos da guerra fria?

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Aos Amigos

Você conhece o relacionamento entre seus dois olhos? Eles piscam juntos, eles movem-se juntos, eles choram juntos, eles vêem coisas juntos e eles dormem juntos. Embora eles nunca se vejam um ao outro...
A amizade deveria ser exactamente assim!
A vida é horrível, sem amigos.
Estamos na SEMANA MUNDIAL DO MELHOR AMIGO.
Quem é seu melhor amigo? Envie isto para todos os seus bons amigos.

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Ary dos Santos faleceu há 24 anos

Poeta castrado não!
Ary dos Santos (07Dez1936 - 18Jan1984)

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Transcrito do blog Ad Litteram.

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Leis ou meras intenções?

Hoje as notícias trazem, como já era de esperar, a informação de que a lei que proíbe fumar em recintos fechados não se aplica tal como era esperado, mas com excepções. Já não é só nos casinos, mas também nas discotecas, para começar…

Será que nesses locais não há perigo para a saúde de fumadores e não fumadores? E cria-se a dúvida no meu espírito sobre a data em que será anunciado deixar de se aplicar esta lei a restaurantes e… Como não sou fumador, embora uma radiografia dissesse que tenho brônquios e pulmões de grande fumador por ter trabalhado quatro anos em salas pequenas com grande número de pessoas fumadoras e pouca (no Inverno era nula) ventilação, a proibição de fumar nos restaurantes libertava-me de ser fumador passivo e de me intoxicar com os vícios dos vizinhos. Agora perdi essa esperança.

Este abrandamento de uma lei que, por mal feita, não passa de uma intenção, e «de boas intenções está o inferno cheio», como diz o ditado, faz lembrar a postura que decretava a tolerância zero para carros estacionados nos passeios e em segunda fila em Lisboa. Nos primeiros dias, eram tantas as autuações que se tornou impossível accioná-las e tudo regressou à estaca zero. Parece que está a suceder o mesmo com os radares, pelo menos já houve vários ajustamentos da velocidade máxima permitida.

Mas a prática primitiva dos avanços e recuos, determinada por decisões tomadas sobre os joelhos, sem uma adequada e honesta preparação, é visível em muitos outros casos: uma notícia de hoje diz que o ministro da Justiça recua nas reformas já decididas na estrutura judicial; na saúde são já incontáveis os recuos em fechos de maternidades, centros de saúde, urgências, etc; na educação, foi suspensa a famigerada TLEBS, as avaliações de professores, as colocações de professores, etc; o prometido referendo (no qual só haveria inconvenientes) acabou por não ser feito, tendo sido apresentada uma justificação que «é pior a emenda do que o soneto»; e o caso mais publicitado foi o caso da Ota que foi ultrapassada por Alcochete, apesar do jámé no deserto.

Se tivesse o privilégio de a minha voz ser ouvida, ousaria sugerir aos senhores governantes que, antes de lançarem na Comunicação Social promessas ou mesmo disposições legais, as analisem muito bem com ajuda dos principais intervenientes, a fim de sair uma coisa tão perfeita quanto possível e com a credibilidade necessária para serem cumpridas sem polémicas ou manifestações generalizadas. Com este sistema de avanços e recuos ninguém tem confiança nas leis ou em palavras de políticos. Como dizia há tempos um cidadãos: «eles não são pessoas a quem se possa comprar um carro usado.»

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Fidel não teme ser sincero

Na arena onde se luta pelo Poder, não há golpes proibidos, tudo sendo permitido, segundo critério de muitos lutadores. O mais frequente é o das afirmações falsas, das promessas enganosas, das provocações do tipo «balão de ensaio» à espera da reacção da opinião dos cidadãos para saber se pode avançar-se ou se há que recuar. Tais afirmações e promessas por vezes são de tal ousadia que não lembram a ninguém decente, e nelas são incluídas, por exemplo as despudoradas promessas eleitorais. Perante isso, o povo mais esclarecido perde confiança nos políticos

Isto não é característica de um ou outro político, pois está generalizado, não só por cá como pelo mundo, com graus de intensidade mais acentuado em regimes menos maduros. Ainda recentemente o presidente brasileiro Lula da Silva, quando visitou Cuba, talvez com a intenção de ser agradável a Fidel Castro, com 81 anos e afastado das funções há 17 meses por motivos de doença, relançou a especulação sobre o eventual regresso deste a um papel mais activo no regime cubano, declarando que a saúde deste estadista estava «impecável» e que estava «pronto a assumir um papel político».

Entretanto Fidel, que não esconde a sua candidatura ao parlamento cubano, disse num artigo publicado pela imprensa local que a sua saúde lhe permite escrever, mas não exprimir-se em público. «Não disponho de uma capacidade física suficiente para falar directamente aos habitantes da localidade onde fui inscrito como candidato às eleições do próximo domingo. Faço o que posso: escrevo» «Agora que disponho de mais tempo para me informar e meditar sobre o que vejo, apenas posso escrever».

Um homem cujo valor lhe permitiu sobreviver no centro do furacão gerado pela guerra fria entre os EUA e a URSS, com a agravante de estar geograficamente situado na vizinhança da potência oposta à sua preferida, mostra que o Poder e o carisma não são incompatíveis com a franqueza de confessar publicamente as suas debilidades. Com a minha conhecida imparcialidade de análise, nada me impede de ver em cada pessoa os seus defeitos e virtudes e Fidel evidenciou, agora, esta virtude que deve servir de exemplo a políticos com mentalidades atrasadas que vivem de virtualidades.

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Olhar sobre a privacidade

A vida urbana está repleta de armadilhas que cerceiam a liberdade e o direito de ter privacidade. Há Câmaras fotográficas despercebidas em telemóveis e outros equipamentos tecnologicamente avançados, de pequeno volume, os radares em estradas e ruas, os vídeos nas ruas e em muitos locais públicos e semi-públicos, tudo isso nos faz lembrar o livro «1984» de George Orwell com o Big Brother sempre atento a qualquer gesto de cada um.

Há tempos, li algures que num banco, em Paris, o director da agência começou a ficar intrigado por vários empregados chegarem muito tempo antes de as portas abrirem ao público. Timidamente tentou observar qual seria o motivo de tal antecipação e deparou com eles a verem atentamente as gravações da câmara de vídeo instalada na cabine onde funcionava uma caixa Multibanco, a qual, durante a noite, era utilizada por pares para se entregarem a variados actos sexuais.

Contra a privacidade e para controlo de toda a humanidade, está em curso um movimento para ser implantado um chip em cada pessoa, tem sido tentada a implantação em crianças e idosos, para facilitar a sua recuperação em caso de rapto, desorientação ou desaparecimento. Como da parte de muitos pais houve resistência, consta que muitos raptos recentemente ocorridos, têm a finalidade de criar situação de ansiedade e insegurança para que sejam os pais a tomarem a iniciativa do implante.

Também as escutas telefónicas da parte de polícias, detectives e outros, bem como o controlo de blogues e de e-mails conduzem à perda de liberdade de expressão e de privacidade, muitas vezes com o pretexto do terrorismo. Mas, curiosamente, essas «precauções» criam terrorismo, medo permanente de viver com naturalidade em democracia.

Agora, recebi por e-mail o seguinte texto:

As vidas privadas passaram a ser públicas à medida que cada vez mais espaços possuem câmaras de vigilância. O filme Look, que hoje estreia nos Estados Unidos, revela essa realidade que muitos ignoram.

Totalmente filmado a partir de câmaras de vigilância, de ATMs, lojas e até casas de banho. O filme de Adam Rifkin tira partido de imagens captadas pelas mais de 30 milhões de câmaras de vigilância instaladas nos Estados Unidos, onde a legislação permite que sejam vigiados os gabinetes de provas nas lojas e as casas de banho.

A tendência de vigilância está a estender-se à Europa e o pretexto da segurança poderá levar rapidamente a uma escalada do número de câmaras e da sua presença na nossa vida por isso vale a pena olhar com atenção para esta questão…

E o que mais virá a acontecer?

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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Arrogância atrevida

Um calouro muito arrogante, que estava assistindo a um jogo de futebol, de repente, tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor já maduro, próximo dele, por que era impossível a alguém da velha geração entender a geração actual. Então, o estudante disse alto e claro, de modo que todos em volta pudessem ouvi-lo:

- Vocês cresceram em um mundo diferente, um mundo quase primitivo. Nós, os jovens de hoje, crescemos com televisão, aviões a jacto, viagens espaciais, homens caminhando na lua, nossas espaçonaves visitando Marte... Nós temos energia nuclear, carros eléctricos e a hidrogénio, computadores com grande capacidade de processamento.

Quando, numa pausa para tomar outro gole de cerveja, o senhor se aproveitou do intervalo do gole para interromper a liturgia do estudante em sua ladainha e disse:

- Você está certo, filho. Nós não tivemos essas coisas quando nós éramos jovens... por isso nós as inventamos. E você, um bostinha arrogante dos dias de hoje, o que está fazendo para a próxima geração?

Foi aplaudido calorosamente!

De autor desconhecido, recebido por e-mail de remetente identificado.

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Erros sistemáticos nas previsões da inflação

Quando, há cerca de um mês, aqui deixei a interrogação «Como se calcula a inflação?» não estava a fazer insinuações, mas tão somente a expressar uma dúvida muito pertinente, como confirmam os jornais de hoje. Não me chegou qualquer resposta a essa questão, mas as notícias hoje espalhadas por vários jornais tornam bem claro que os governantes , intencionalmente atiram-nos como quem usa uma arma de arremesso letal, números muito inferiores à realidade.

O facto de a inflação «prevista» ser sempre inferior à que vem a ser realidade, não pode permitir que se justifique com as incertezas próprias de uma previsão, pois se assim fosse, o erro poderia ser umas vezes num sentido, outras vezes no sentido oposto, o que não tem sido o caso, pois a diferença joga sempre contra os funcionários públicos e quem vê os seus proventos depender de tal número fictício.

Andamos a ser enganados. Intencionalmente. Como diz o Correio da Manhã de hoje «o engano na previsão da taxa de inflação para o ano passado permitiu ao Estado poupar cerca de 50 milhões de euros em remunerações certas e permanentes dos funcionários públicos.»
Segundo o Correio da Manhã, a inflação teve os seguintes números:
Em 1998, 2,0% (Prevista) / 2,8% (Verificada) + 0,8%
Em 1999, 2,0% (Prevista) / 2,3% (Verificada) + 0,3%
Em 2000, 2,0% (Prevista) /2,9% (Verificada) + 0,9%
Em 2001, 2,9% (Prevista) / 4,4% (Verificada) + 1,5%
Em 2002, 2,8% (Prevista) / 3,6% (Verificada) + 0,8%
Em 2003, 2,5% (Prevista) / 3,3% (Verificada) + 0,8%
Em 2004, 2,0% (Prevista) / 2,4% (Verificada) + 0,4%
Em 2005, 2,0% (Prevista) / 2,3% (Verificada) + 0,3%
Em 2006, 2,3% (Prevista) / 3,1% (Verificada) + 0,8%
Em 2007, 2,1% (Prevista) / 2,5% (Verificada) + 0,4%

Em 2008, fica-se na dúvida se a diferença ficará por mais 0,3% de 199 ou se irá aos mais 1,5% de 2001. Quem nos garante a diferença que saberemos daqui por um ano? O INE já se inclina para 2,5% em lugar dos 2,1% inicialmente previstos pelos governantes.

E os preços continuam a subir, muito acima dos números que nos são arremessados, o que nos leva a manter a pergunta «como se calcula a inflação?»

Bibliografia:
Como se calcula a inflação?
Engano na inflação rende 50 milhões
Engano útil do Governo
Função pública deve perder poder de compra pelo nono ano, jornal Público 16.01.2008

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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A prisão da Língua

Transcrição de texto recebido por e-mail, publicado na Revista Veja. Mantém-se a ortografia brasileira, por fidelidade à origem.

Se uma lei que proibisse estrangeirismos tivesse sido adotada quando o Brasil se tornou independente, em 1822, não teríamos palavras como futebol e sanduíche, ambas do inglês, sutiã e envelope, vindas do francês.

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados deu um passo atrás há uma semana. O grupo aprovou por unanimidade o projeto do deputado federal Aldo Rebelo, do Partido Comunista do Brasil, que pretende banir o uso de palavras estrangeiras em anúncios publicitários, meios de comunicação, documentos oficiais, letreiros de lojas e restaurantes. Caso o projeto se torne lei, quem for comprar um mouse para o computador terá de procurar na prateleira por um "rato". Aliás, ao comprar o próprio computador, terá de pedir ao lojista por um "ordenador". Não se poderá mais promover shows, e sim apresentações musicais... e por aí afora. O projeto de Rebelo, que já passou pelo Senado, será agora encaminhado à votação no plenário da Câmara. Caso ele seja aprovado, o Congresso terá deflagrado um retrocesso sem precedentes na história da língua portuguesa. O projeto se baseia na premissa desmiolada de que o português estaria ameaçado pela invasão de termos em inglês usados pela população, principalmente aqueles trazidos pelas novidades tecnológicas.

A percepção de que a língua de Camões estaria perdendo a guerra contra um ataque incessante de estrangeirismos é equivocada e despreza a natureza dos idiomas. A história mostra que todos eles absorvem palavras de outros idiomas para ampliar seu vocabulário. Nesse processo, as línguas evoluem, tornam-se mais ricas, e não o contrário. Além do mais, segundo os especialistas, o projeto de Rebelo é inviável. "O projeto do deputado Rebelo está fadado ao fracasso porque quem manda nos rumos do idioma é a língua falada", diz o filólogo Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras. "Já passou a época em que o estrangeirismo era considerado um invasor. Hoje, sabe-se que ele enriquece o léxico", ele completa. O nacionalismo lingüístico é uma parvoíce, mas volta e meia surge quem o defenda no Brasil. No século XIX, foi a vez de Rui Barbosa. O jurista criticou duramente o escritor português Eça de Queiroz por usar galicismos em seus romances. As palavras que escandalizavam Rui na prosa de Eça eram massacre, detalhe e envelope, as três de origem francesa. "Nessas degradações da palavra, continuará ele a exercer seu ofício de atuar criadoramente sobre o idioma? Não pode ser", escreveu o Águia de Haia. Hoje, as palavras que lhe causavam repulsa estão perfeitamente incorporadas ao português. Como se vê, Aldo Rebelo desconhece a forma como as línguas funcionam.

Historicamente, a multiplicação dos vocábulos nos idiomas se dá nas conquistas de territórios, nas migrações de populações e na exportação de componentes culturais dos países. Na Idade Média, a língua portuguesa contabilizava apenas 15.000 palavras. No século XVI, período marcado pelas grandes navegações, esse número dobrou. No fim do século XIX, os dicionários já registravam 90.000 vocábulos. Hoje, a Academia Brasileira de Letras calcula em 400.000 o total de palavras da língua portuguesa. A origem dos vocábulos incorporados ao português ao longo dos séculos variou conforme o tipo de contato mantido com outros povos. Entre os séculos VIII e XV, o idioma absorveu muitos termos de origem árabe por causa da ocupação moura na Península Ibérica. Durante o Renascimento, a arte e a arquitetura italianas universalizaram várias palavras relacionadas a elas. No século XIX e nas primeiras décadas do século XX, a França ditava a moda no Ocidente, e várias palavras de origem francesa foram incorporadas ao português.

A tentativa de proteger idiomas das influências estrangeiras é característica de governos autoritários (veja o quadro). "Na Alemanha nazista, o projeto de arianização da cultura alemã teve sua imagem simbólica na queima pública dos livros não alemães", lembra o historiador Wagner Pinheiro Pereira, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo. De autoritarismo, Aldo Rebelo entende. Durante muito tempo ele e o PCdoB teceram loas ao comunismo ao estilo albanês, que produziu um dos países mais atrasados da Europa. Nas democracias modernas, a principal tentativa de promover um nacionalismo lingüístico ocorreu na França. Em 1994, o presidente François Mitterrand sancionou a Lei Toubon, que determinava a substituição geral de termos estrangeiros por seus equivalentes em francês. Primeiro, a lei foi ridicularizada pelo povo, que a apelidou de Lei All Good – tradução para o inglês da sonoridade do nome do ministro Toubon, que a propôs. A seguir, vários de seus artigos foram considerados inconstitucionais e hoje vigora apenas uma versão mais branda da lei. E em que Aldo Rebelo se inspirou para criar seu projeto esdrúxulo de cercear o avanço do português? Na Lei Toubon, é claro. O deputado poderia começar sua sanha nacionalista mudando o nome da agremiação em que milita. Afinal, a palavra "comunista" é um imperdoável galicismo.

Fonte: http://veja.abril.com.br/261207/p_088.shtml

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Uma história «de encantar»

Recebida por e-mail do amigo LSC e transcrita sem comentários.
Era uma vez um senhor chamado Vasconcelos... A história podia começar assim, como qualquer história de encantar crianças, se é que às crianças de hoje ainda se contam histórias de encantamento e final feliz.

Mas era uma vez um senhor chamado Jorge Vasconcelos, que era presidente de uma coisa chamada ERSE, ou seja, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, organismo que praticamente ninguém conhece e, dos que conhecem, poucos devem saber para o que serve. Mas o que sabemos é que o senhor Vasconcelos pediu a demissão do seu cargo porque, segundo consta, queria que os aumentos da electricidade ainda fossem maiores.

Ora, quando alguém se demite do seu emprego, fá-lo por sua conta e risco, não lhe sendo devidos, pela entidade empregadora, quaisquer reparos, subsídios ou outros quaisquer benefícios. Porém, com o senhor Vasconcelos não foi assim. Na verdade, ele vai para casa com 12 mil euros por mês – ou seja, 2.400 contos - durante o máximo de dois anos, até encontrar um novo emprego.

Aqui, quem me ouve ou lê pergunta, ligeiramente confuso ou perplexo: «Mas você não disse que o senhor Vasconcelos se despediu ?». E eu respondo: «Pois disse. Ele demitiu-se, isto é, despediu-se por vontade própria!». E você volta a questionar-me: «Então, porque fica o homem a receber os tais 2.400 contos por mês, durante dois anos? Qual é, neste país, o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for?». Se fizermos esta pergunta ao ministério da Economia, ele responderá, como já respondeu, que «o regime aplicado aos membros do conselho de administração da ERSE foi aprovado pela própria ERSE». E que, «de acordo com artigo 28 dos Estatutos da ERSE, os membros do conselho de administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o que não resultar desses estatutos». Ou seja: sempre que os estatutos da ERSE foram mais vantajosos para os seus gestores, o estatuto de gestor público não se aplica.

Dizendo ainda melhor: o senhor Vasconcelos (que era presidente da ERSE desde a sua fundação) e os seus amigos do conselho de administração, apesar de terem o estatuto de gestores públicos, criaram um esquema ainda mais vantajoso para si próprios, como seja, por exemplo, ficarem com um ordenado milionário quando resolverem demitir-se dos seus cargos. Com a bênção avalizadora, é claro, dos nossos excelsos governantes. Trata-se, obviamente, de um escândalo, de uma imoralidade sem limites, de uma afronta a milhões de portugueses que sobrevivem com ordenados baixíssimos e subsídios de desemprego miseráveis. Trata-se,em suma, de um desenfreado, abusivo e desavergonhado abocanhar do erário público .

Mas voltemos à nossa história. O senhor Vasconcelos recebia 18 mil euros mensais, mais subsídio de férias, subsídio de Natal e ajudas de custo. 18 mil euros seriam mais de 3.600 contos, ou seja, mais de 120 contos por dia, sem incluir os subsídios de férias e Natal e ajudas de custo. Aqui, uma pergunta se impõe: Afinal, o que é e para que serve a ERSE? A missão da consiste em fazer cumprir as disposições legislativas para o sector energético. E pergunta você, que não é trouxa: «Mas para fazer cumprir a lei não bastam os governos, os tribunais, a polícia, etc.?». Parece que não. A coisa funciona assim: após receber uma reclamação, a
ERSE intervém através da mediação e da tentativa de conciliação das partes envolvidas. Antes, o consumidor tem de reclamar junto do prestador de serviço. Ou seja, a ERSE não serve para nada. Ou serve apenas para gastar somas astronómicas com os seus administradores. Aliás, antes da questão dos aumentos da electricidade, quem é que sabia que existia uma coisa chamada ERSE?

Até quando o povo português, cumprindo o seu papel de pachorrento bovino, aguentará tão pesada canga? E tão descarado gozo? Politicas à parte estou em crer que perante esta e outras, só falta mesmo um Carrasco capaz de os enforcar. Já agora façam lá o favorzinho de reenviar para a V/ lista de amigos, pelo menos sempre se fica a saber de coisas importantes que retiram toda a credibilidade a esta cambada de MALANDROS deste País que de País só começa a figurar o nome.

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segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Luther King sempre vivo

Transcrição seguida de NOTA:

Martin Luther King faria amanhã 79 anos
Isabel Stilwell, Destak 080114

Não somos todos iguais. Há quem se conforme ao mundo tal e qual o herdou, e há quem o transforme num sítio melhor, normalmente pagando a ousadia com a morte.

Morte que só reforça a sua força, sendo então capazes de mover mesmo aqueles que se mantinham de braços cruzados, porque sabemos bem que, quem consegue dar a vida por uma causa, já passou para um patamar bem mais alto do que o nosso.

Martin Luther King Jr. foi um desses heróis, e amanhã faria 79 anos, se não tivesse sido assassinado a 4 de Abril de 1968, há precisamente 40 anos. Pastor baptista, Luther King defendia a "não-violência" como forma de lutar contra as injustiças, e através dela conseguiu acabar com muitas das desigualdades de direitos que atingiam, de forma gritante, os negros e as mulheres. A sua primeira intervenção pública aconteceu em 1955, quando organizou o boicote ao sistema de transportes públicos que obrigavam os negros a viajar apenas nos lugares de trás dos autocarros. O boicote durou 382 dias, e a empresa acabou por mudar a sua política, até porque o Supremo Tribunal declarou esta segregação racial anticonstitucional.

Seguiram-se-lhe centenas de outras, sem que os manifestantes levantassem um dedo contra ninguém, apesar da violência com que a polícia os tratava, e King ter sido preso por várias vezes. Os media noticiaram sem tréguas esta luta e, em 1964, Luther King é galardoado com o Nobel da Paz, o mais novo até hoje a receber a distinção. O seu "poder" estava afirmado, e um ano depois boicotavam as eleições, levando o Congresso a conceder o voto à população negra.

Com a popularidade, cresceu o ódio. O FBI procurou associá-lo ao comunismo, que nunca conseguiu, suspeitando-se do seu envolvimento no homicídio, que ocorreu, a tiro, em plena rua. Horas antes, ao saber que recebera «mais uma» ameaça, disse: «Gostava de viver muito tempo, mas, se não puder ser, paciência. Agora já sei que vamos chegar à Terra Prometida, e é isso que importa.»

NOTA: Luther King, na sua imortalidade nas memórias das pessoas, é um modelo de Homem que merece muita reflexão. A sua tolerância, defesa da igualdade de direitos, repulsa pela discriminação de qualquer tipo, são uma bandeira que cada pessoa de boa vontade gostaria de desfraldar. Mas muitas pessoas, agarradas a interesses inconfessados, ou compromissos pouco claros e sem terem capacidade de raciocínio e discernimento, não aceitam que haja pessoas independentes de partidos, de clubes, isentas e imparciais que ousem pensar livremente, pela própria cabeça. A intolerância, a tacanhez e a insensatez de pessoas de vista muito curta, leva-as a imitar os agentes do FBI que associaram Luther King à ideologia mais repudiada pela América.
Recorda-se que, quando se fala de Direitos Humanos, o que hoje está na moda, não se devem fazer discriminações baseadas em diferenças de cor, de aspecto físico, de porte mais ou menos atlético, de idade, de religião, de ideias sócio-políticas, origem social, região de nascimento, clube ou partido. O respeito pelos direitos do outro, pelas suas legítimas liberdades, constitui o limite das nossas liberdades.

Porém, infelizmente, há quem faça muito alarido em defesa dos diferentes, o que é muito correcto e louvável, mas que alimente um ódio visceral àqueles que não concordam consigo em pormenores, por vezes insignificantes mas intencionalmente sobrevalorizados, em estilo nazista, pidesco ou coisa parecida.

Seria bom para o Mundo, para toda a humanidade, que o exemplo de Martin Luther King Jr. frutificasse, sendo interiorizado nos corações de todo o ser humano digno de o ser.

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ASAE com entusiasmo e com falhas

Transcrição seguida de NOTA:

Em casa da ASAE há foras de prazo
Ferreira Fernandes

A ASAE fecha uma mercearia em vésperas de ser centenária. Como uma mercearia, centenária ou não, deve cumprir as leis e como não conheço a mercearia de Faro, calo-me. Aliás, porque estamos num país de baldas, a uma ASAE repressora eu dou o benefício da dúvida. Ver quem deve fazer, fazer, dá-me mais ganas de aplauso do que de crítica. O não fazer, ou fazer mal, da ASAE é que encanita: como quando ela tem fora de prazo os extintores da sua sede.
Aí, saco do meu arsenal de provérbios:
"É mais fácil ver o argueiro no olho do vizinho que a trave no próprio olho." E, de dedo em riste, dirijo-me ao patrão da ASAE:
"Não é sisudo o juiz que tem jeito no que diz e não acerta no que faz." Infelizmente, faço-o pouco convicto. Primeiro, porque António Nunes, que desdenha da colher de pau, não deve aceitar saberes populares. Segundo, porque o episódio dos extintores arrumou-me com as ilusões. Sai outro provérbio:
"Quando o mal é da nação, nem a poder de sabão."

NOTA: E podia acrescentar: «Em casa de ferreiro, espeto de pau.» Este está insinuado no título. Mas, como os agentes da ASAE estão a ter preparação paramilitar altamente sofisticada, ser-lhes-á difícil entrar na sede para a fiscalizar, porque os que a guardam, tendo igual preparação, podem oferecer uma resistência até à morte. E nada salva os fiscais, mesmo que vão embuçados, porque consta dos manuais que a defesa tem sempre vantagens, sendo preciso um efectivo triplo para a vencer. Será por isso um espectáculo digno de boa cobertura televisiva, mais completa do que a da fiscalização do mercado do «relógio». A ASAE foi uma boa solução para a bagunça que caracterizava a economia nacional no tocante a bens de consumo, mas parece ter tomado o freio nos dentes e já entupiu os tribunais com quantidade indigesta de processos. Irá acabar por ficar tudo arquivado! Outro adágio: «É pior a emenda do que o soneto»

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domingo, 13 de janeiro de 2008

Portugal País de turismo?

As palavras são empregues muitas vezes sem ser tomado em devida conta o seu significado. Dizer que Portugal, pelo simples facto de ter sol e praias, é um País de turismo, não parece uma afirmação correcta. Que espécies de turismo: científico, religioso, desportivo, cultural? Que pólos de atracção existem por todo o rectângulo para cativar quantidades de visitantes com poder de compra?

No Público de hoje, vem o artigo de Maria Antónia Zacarias, com o título «Património rural e arquitectónico do Alentejo está esquecido». Mas, infelizmente, pelo interior do Portugal Profundo, encontramos muito outro património arqueológico, arquitectónico, cultural, em que é de salientar a quantidade de antigas fortificações ao longo da fronteira das Beiras, Trás-os- Montes e Minho, bem como de património arquitectónico propriamente rural de que fazem parte pontes, fornos, adegas, chaminés, estábulos, moinhos, fontes e celeiros, entre outros tipos de construções rurais, como as pequenas oficinas de alfaias agrícolas.

Como a autora do artigo diz, «há imensos recursos que podem ser aproveitados para desenvolver as condições sócio-económicas das populações transfronteiriças». Mas as ruínas são a imagem mais visível, evidenciando um desprezo que nada nos valoriza aos olhos de qualquer turista com apreço pelos aspectos culturais.

É urgente elaborar um guia que seja ser um verdadeiro e rigoroso inventário do património,de todos os recursos arqueológicos, arquitectónicos e rurais e com identificação precisa dos que necessitam de intervenções urgentes e, depois, proceder a contactos com as agências turísticas para a sua integração em rotas que os valorizem aos olhos dos interessados.

Há actividades regionais, artesanais, culturais que seriam valorizadas e contribuiriam para o desenvolvimento sócio-económico-cultural das populações locais. O investimento que se faça neste sentido, valorizando, recuperando e conservando tal património, pode não ter efeitos imediatamente visíveis, mas, a médio e longo prazo, traz dividendos ao conjunto do País. E, então, poderá dizer-se que somos um País de Turismo.

Mas é preciso que as autoridades locais e centrais se consciencializem de que se deve começar por chamar a atenção para o mau estado de conservação em que se encontra grande parte do património.

É de esperar que se inicie uma linha de investigação e valorização do património arquitectónico regional, como contributo para o desenvolvimento social, económico e turístico das zonas rurais e para reforçar os elementos de identidade da população. Não posso deixar de referir uma campanha de divulgação das antas, dólmans ou orcas da Beira Alta, levada a cabo pelo blogue AquidAlgodres a que outros da região se associaram. Iniciativas deste género são um contributo interessante para dar a conhecer as riquezas de uma região e atrair turistas culturais.

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sábado, 12 de janeiro de 2008

Três casos de Justiça

Hoje, três notícias referentes a pessoas próximas do Poder, merecem ser analisadas e os casos nelas contidos devem ser acompanhados até ao encerramento final. Em democracia o cidadão é chamado a dar o seu voto a programas que lhe são apresentados por grupos de candidatos que mal conhece, pelo que tem o dever de, no dia-a-dia, acompanhar os acontecimentos a fim de, no momento próprio, tomar uma decisão consciente e bem fundamentada. É para isso que a democracia dá grande importância à liberdade de expressão e de opinião.
As referidas notícias são as seguintes (apenas transcreve peuqena parte dos textos, deixando aos interessados os elementos que permitam consultar os originais.

1. Tribunal anula pronúncia do deputado António Preto
Público. 12.01.2008,
António Arnaldo Mesquita

O processo em que o deputado social-democrata António Preto é suspeito de falsificação e fraude fiscal sofreu um volte-face. Depois de o julgamento, com início marcado para o dia 8 de Maio de 2007 nas Varas Criminais de Lisboa, ter sido adiado, os autos foram devolvidos ao Tribunal Central de Instrução Criminal esta semana. O Tribunal da Relação de Lisboa anulou o despacho de pronúncia e determinou que o juiz Carlos Alexandre aprecie as escutas telefónicas. (…) A defesa sustentava que a destruição de conversas gravadas em algumas sessões a impediria de verificar se nas intercepções feitas "havia elementos de provas essenciais para o esclarecimento dos factos". Lembrando que a destruição era um fenómeno irreversível, o que impedia a reconstituição total das conversas interceptadas, a defesa dos empresários preconizava a não utilização como meio de prova das escutas anexas aos autos (…).

2. Libertados dois antigos dirigentes da Independente
Público. 12.01.2008,
António Arnaldo Mesquita

Rui Verde e Amadeu Lima de Carvalho, os dois únicos arguidos do inquérito da Universidade Independente (UnI) privados de liberdade, foram soltos esta semana, apurou o PÚBLICO.
O ex-vice-reitor viu extinta a prisão preventiva a que estava sujeito desde 22 de Março de 2007, por decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, ao passo que Lima de Carvalho saiu em liberdade por iniciativa do Ministério Público. (…)O acórdão foi proferido esta semana e traduziu-se na libertação de Rui Verde, apesar de os desembargadores considerarem que subsistem os fortes indícios da prática de vários crimes (burla agravada, abuso de confiança e falsificação de documento) que estiveram na origem da prisão preventiva do referido arguido. (…)

3. Paulo Pedroso obrigado a indemnizar autor de blogue
Público. 12.01.2008
Margarida Gomes

O ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade, Paulo Pedroso, e o seu irmão, João Pedroso, foram condenados pelo tribunal a pagar uma indemnização cível no valor de 2500 euros ao professor universitário e autor do blogue doportugalprofundo, António Balbino Caldeira, por danos não patrimoniais. (…)

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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Comunicar é transmitir ideias

Recebi agora por e-mail da amiga Quitéria Oliveira o seguinte texto que é bem demonstrativo de que a comunicação engloba a recepção e a descodificação pelo destinatário. É por isso que muitos políticos falam para o boneco, e ninguém os compreende e, com o hábito, deixam de ser ouvidos, porque são «palavras de políticos»!!!

Conta-se que Bocage, ao chegar a casa um certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do quintal.
Chegando lá, constatou que um ladrão tentava levar os seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os seus amados patos, disse-lhe:

-Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, confuso, diz:
-Doutor, afinal levo ou deixo os patos?

NOTA: E nós por cá perguntaríamos: A Ota é assim tão indiscutível? O jámé quer mesmo dizer jamais? O referendo prometido era mesmo indispensável? O emprego prometido era mesmo para cumprir? A TLEBS era tão imprescindível como parecia? Os apoios de saúde que viram recuado o seu encerramento estavam mesmo a mais? Os 30 Km/h são mesmo para estabelecer? E vai com isso deixar de haver acidentes? A antecipação da renovação das cartas de condução vai evitar que haja mortes nas estradas provocadas pela má condução de jovens e pela falta de critério da sinalização?

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Novo Aeroporto de Lisboa, para meditar

Tinha acabado de colocar o post anterior, quando, por acaso soube que já tinha sido decidida a localização do NAL (Novo Aeroporto de Lisboa).

É um tema que foi aqui abordado em vários posts desde 20 de Dezembro de 2006, sempre com a isenção com que pretendo abordar todos os temas e sempre apontando para os cuidados a ter antes de ser tomada uma decisão (análise completa e cuidada dos dados actuais e de todos os factores incidentes no problema tendo em vista a finalidade do estudo e da acção, elaboração das várias modalidades de solução, seu estudo pormenorizado, sua comparação, a fim de ser feita a escolha da melhor quanto a vantagens e inconvenientes).

Sempre me pareceu, atendendo a múltiplas opiniões fundamentadas, nomeadamente de pilotos que utilizaram a pista da Ota, que esta não seria a melhor solução. Agora a localização do NAL já está decidida em Alcochete e esta decisão, além dos factores técnicos e financeiros, merece ser aplaudida e ser objecto de reflexão, por vários motivos.

1. O primeiro ministro, que gosta de se considerar teimoso, ousou enfrentar os estudos anteriores e as pressões que o arrastavam para a Ota e decidir pela orientação deduzida dos estudos mais recentes e completos, no espírito das teorias de preparação da decisão acima referidos. Com efeito, manter teimosamente uma posição tão criticada por pessoas entendidas e pela opinião pública, poderia eventualmente vir a ser considerado heroicidade, mas o mais provável era tornar-se réu da opinião dos vindouros por crime contra os interesses do Estado. Portanto, o primeitro-ministro reconheceu que estava a laborar em erro, o que é humano, e rumou para aquilo que se apresenta como melhor solução. É uma prova de bom senso a ter em consideração, embora lhe traga dificuldades nas lutas da baixa política partidária.

2. Também o ministro Mário Lino, depois das posições ridículas em defender o indefensável e em condenar uma solução que apenas pecava por não ter sido devidamente apreciada, veio agora fazer «mea culpa». Foi pena que, logo de início, não tivesse tomado a iniciativa de mandar estudar todas as hipóteses de solução possíveis, para poder escolher a melhor. Agiu de ânimo leve como «papagaio» do Governo a dar tudo por uma posição insustentável.

3. Ambos os aspectos anteriores, mostram-nos que não devemos venerar religiosamente, de olhos fechados, qualquer político, porque o que ele diz, pode não estar correcto e ele próprio poderá sensatamente inverter a sua posição. Errar é humano e não há político que o não seja, sendo alguns humanos em demasia.

4. Como todo este processo se desenrolou por pressão das opiniões de cidadãos devotados ao bem de Portugal e foi essa pressão que levou os políticos a reverem o problema, conclui-se que o povo deve estar consciente do seu poder e manifestar sempre a sua opinião acerca daquilo que se passa. É uma característica da democracia e tal já ficou bem visível quanto a decisões do ministro da Saúde o que o levou a «recuar» em medidas erradamente tomadas. Será bom que a comunicação escrita, falada ou na Internet, saiba utilizar o poder de que dispõe para bem de Portugal e não perca oportunidades de alertar os governantes para melhores soluções.

5. Não há homens infalíveis e é bom que os poderosos se convençam de que não são donos da verdade total.

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Tratado de Lisboa ratificado na AR

Ao saber da decisão do Governo de não adoptar a ratificação por referendo popular e de a fazer pelo Parlamento, sinto que os meus argumentos ao referir-me ao tema em nota no post de 14 de Dezembro não eram descabidos nem desprovidos de lógica pragmática.

Porém, fiquei a lamentar a posição desagradável em que o primeiro-ministro ficou ao proceder de forma oposta ao que tinha prometido em campanha eleitoral. Tinha que apresentar justificação, mas esta não passou de uma obrigação protocolar, política, que poucos aceitaram intimamente. Também não lhe era oportuno confessar que recebeu muitas pressões dos seus pares europeus.

É mais uma lição de que mais vale a humildade de guardar a publicidade para depois da obra concluída do que prometer e criar expectativas que não serão esquecidas e criam situação indesejável quando goradas. De promessas está o inferno cheio e é grande o monte de cacos e ruínas de políticos que mentiram!

Além das promessas de criar emprego e de não aumentar impostos, veio agora esta aumentar o rol das falsas ilusões criadas aos eleitores que, levados por ideias fantasiosas, foram atrás de uma solução que criou uma maioria absoluta que, como tudo o que é absoluto, não é salutar.

E devido a esta desilusão em relação ao que tinha sido prometido, é que, muita gente critica a decisão sobre a ratificação do tratado, sem sequer pensar qual seria o valor acrescentado por um referendo em relação aos custos, de vária ordem, que ele acarretaria.

Por isso, se acho que a decisão foi a mais sensata, lamento que o primeiro-ministro tivesse feito uma promessa que acabou por não cumprir.

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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Vulnerabilidades da ONU

Em 12 de Dezembro p.p., no post ONU desrespeitada referia alguns aspectos da inoperacionalidade da ONU, como os prometidos referendos na Caxemira e no Saraui a incapacidade de acalmar exaltações em vários pontos do globo.

Hoje chegou a notícia de que em Darfur, no Sudão, o Estado Africano com maior superfície, uma coluna das forças de manutenção de paz das Nações Unidas que se encontra ali em missão, há apenas uma semana, foi emboscada por homens armados.

Neste primeiro ataque sofrido desde o início da missão, ficou gravemente ferido um dos condutores, um sudanês ao serviço da ONU, atingido com vários tiros, que está em estado crítico. O ataque provocou ainda a destruição de um veículo cisterna e danos num veículo blindado de transporte de tropas, mas não houve outros feridos.

Em Darfur, onde mais de 200 mil pessoas morreram e 2,5 milhões fugiram, em quase cinco anos de conflito entre as forças sudanesas e a guerrilha, a missão da ONU é a mais recente medida da comunidade internacional para pôr fim à violência. Pelos vistos, não se trata de uma missão fácil e pode acontecer que seja mais uma que se prolonga por muito tempo sem ser obtida uma solução que restabeleça a Paz e a boa convivência interétnica num Estado de tão vastas dimensões.

Vê-se que as dificuldades referidas naquele post não eram fantasia, mas sim uma análise com realismo, embora não seja politicamente correcta.

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E você? Importa-se?

Bertold Brecht escreveu. Serve para pensarmos. E você acha que não deve importar-se?

Nesta hora de País sem Norte, de gente sem Valores, de porto sem abrigo, deixem-me compartilhar convosco a memória que tive, agora mesmo, ao sentir o nevoeiro do rio e a cedência do mar, a entrar pela varanda escancarada, perguntando-me se ainda cá estava.


Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso.
Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso.
Eu, também, não era operário.

Depois prenderam os miseráveis,
Mas não me importei com isso,
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram os desempregados,
Mas, como tenho o meu emprego,
Também não me importei.

Agora estão me levando.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém,
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht

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Serei eu o louco?

Pareceu-me ouvir que os carros vão deixar de poder circular nas localidades a mais de 30 quilómetros por hora. E digo «pareceu-me» porque me custa a acreditar que seja verdade e talvez não passe de mais uma «promessa», embora não estejamos em campanha eleitoral. Será possível que pessoas inteligentes como é suposto serem os nossos governantes, caiam numa dessas? Mas se se trata de uma decisão, então fico com a certeza de que o louco não sou eu!

Mas, para iniciar a explicação da minha estupefacção, esboço a definição de dois conceitos que poderão aparecer nas frases seguintes. Excesso de velocidade existe quando se circula a uma velocidade superior à fixada por diploma legal e traduzida pelos sinais colocados na via. Velocidade excessiva é a que não permite ao automobilista controlar eficientemente a viatura de forma a evitar insegurança para esta, para ele próprio, os seus passageiros ou terceiros utentes da estrada.

A velocidade máxima imposta pela autoridade é sempre exageradamente inferior ao limiar mínimo da velocidade excessiva, até porque esta varia com as condições da estrada, com as condições de segurança da viatura e com a capacidade de condução do automobilista, a qual, por sua vez, depende da sua competência, experiência, do seu estado de saúde, de medicamentos que tenha tomado e de alimentos ou bebidas que tenha ingerido, assim como do seu estado psíquico (preocupações, tristeza, alegria, etc.).

Mas a observação da sinalização rodoviária ao, longo de ruas e estradas, evidencia que as restrições da velocidade raramente são efeito de vontade esclarecida de criar segurança, antes são a tradução de abusos repressivos, autoritários e de sadismo (doença do foro psicológico). Parece que o pensamento que precede a implantação de sinais não anda longe do seguinte. Se numa via em que era permitido circular a 90, houve acidentes provocados por carros a circular a mais de 100, os «inteligentes» colocam ali um sinal de 60, como se houvesse perigo em circular entre 60 e 90.

Em Lisboa, junto ao Terreiro do Paço, uma jovem senhora, no início da manhã, atropelou mortalmente peões numa zebra que na altura tinha o sinal verde para os peões. Ia a mais de 100, talvez perturbada pela noite mal dormida, ou distraída e com os reflexos adormecidos. Esse acidente, racionalmente, não seria motivo para que ali se reduzisse a velocidade máxima permitida. O que deveria ser tentado era evitar a repetição de outros abusos homicidas semelhantes aquele.

Com base neste acidente e outros parecidos, os «inteligentes» concluíram que para obter mais segurança a solução é obrigar a circulação a não passar dos 30! Ora, seria interessante saber quantos acidentes graves e com que frequência houve a menos de 40 ou a menos de 50. Não parece lógico que, se a limitação a 40 não impede acidentes a 100, se espere que esse resultado se obtenha com a limitação a 30 ou a 20 ou a menos!!!

Mas há outro aspecto que coloca em dúvida a tal «inteligência» e a atenção às preocupações actuais com a poluição. Circulando a 30, para percorrer uma dada distância, um carro demora um pouco mais do dobro do tempo do que se fosse a 60. E, como a transmissão tem de utilizar uma relação de caixa mais baixa, o motor nesse percurso terá de dar cerca de quatro vezes mais rotações, consumindo uma quantidade de combustível proporcional, do que se conclui que a cidade passa a ter o ar mais poluído, com mais do quádruplo de CO2. Isto é grave numa data em que tanto se fala em defesa do ambiente, da qualidade do ar, e que até se proíbe fumar para proteger a nossa saúde.

Por outro lado, se as ruas já estão tão congestionadas com tanto carro, agora que cada percurso demorará o dobro do tempo, será muito maior a quantidade de carros em movimento, cerca do dobro, passando as ruas a ficar intransitáveis com filas em pára-arranca, situação em que a criação de poluição é mais potenciada. E depois? O que acontece quando não se puder circular? Para onde vão as actividades económicas?

Então as pessoas acabarão por concluir que a solução é irem para o «deserto» da margem Sul do Tejo ou para o interior que alguns ministros têm vindo sistematicamente a procurar despovoar, onde por enquanto o ar é mais puro. Então, lá terá o ministro da saúde de reabrir maternidades, SAPs, urgências, centros de saúde, e outros apoios, para apoiar a multidão fugida das grandes metrópoles!

Onde está o discernimento destes «altos» funcionários? O que pensam realmente do ambiente e da qualidade do ar? O que pensam seja do que for?… Nem as pensam!!!

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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Crescimento, escolas, PIB

O bastonário da Ordem dos Economistas, Murteira Nabo, defende que, após controlado o défice, é preciso dar prioridade ao crescimento da economia.

Eu diria que, em permanência, independente do défice, não deve ser perdido de vista o objectivo do crescimento e tão acentuado quanto for possível, para não aumentarmos a distância que já nos separa da média europeia. E para haver crescimento sustentado, tem de haver saúde, segurança pública e social e trabalho e, principalmente, um ensino eficaz adequado às necessidades do País.

Quanto a esta necessidade do ensino, em que devem ser dadas prioridades aos bons resultados da formação de pessoas produtivas, eficientes para a sobrevivência do Estado Português, é chocante a forma como hoje é noticiada uma medida humanitária muito louvável, mas que não deve ser encarada desta forma. Diz a notícia que «as escolas que não dêem PRIORIDADE na matrícula às crianças com necessidades educativas especiais de carácter permanente serão alvo de um processo…».

Esta forma de expressão distorce a realidade e os objectivos. Uma escola deve ter por PRIORIDADE a formação de pessoas com que Portugal poderá contar para a sua sustentação como Estado independente e com crescimento do PIB (Prazer Interno Bruto), isto é, para o aumento do bem-estar e da felicidade das populações. Esta prioridade reconhecendo e premiando o mérito dos melhores estudantes, dos que evidenciam maiores capacidades, deve ser inconfundível. Não deve ser colocada ao mesmo nível nem em paralelo com as acções humanitárias em relação às crianças diferentes carecendo de educação especial. Este é outro assunto, merecedor da melhor atenção e do apoio mais eficiente que for possível, por forma a assegurar-lhes a melhor qualidade de vida. Mas não pode ser PRIORITÁRIA em relação à formação dos mais aptos. Usando esta prioridade nas actividades da escola, seria como colocar no pódio de uma maratona os três últimos a chegar à meta, ou mesmo os três que desistiram a maior distância da meta.

E a propósito do PIB, Helena Sacadura Cabral, num jornal gratuito, diz que aprendeu de um professor que «a economia é a arte de adequar o sonho à realidade», mas, posteriormente, descobriu que há uma outra incógnita: a política. A economia deve funcionar para as pessoas, para o PIB, prazer interno bruto. Deve haver a preocupação de analisar o nível de felicidade dos cidadãos, como um dos aspectos cruciais sobre o qual os governantes deveriam passar a debruçar-se. Não com a finalidade de obter mais votos, mas para terem a consciência de que a economia e a política só têm importância real se as decisões contribuírem para a felicidade e a melhor qualidade de vida daqueles a quem se destinam. E as pessoas do povo consideram necessário para a sua felicidade, ter saúde, segurança e trabalho, temas que esperam a boa actuação, dos ministérios da Saúde, da Justiça, da Administração Interna, da Educação e do Trabalho e Segurança Social.

Estes três temas, surgidos em separado, estão muito relacionados e merecem profunda meditação, por parte dos governantes para aumentarem este PIB e, por parte dos cidadãos, para avaliarem em permanência o desempenho dos seus eleitos e olharem-nos com espírito crítico muito realista.

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Rigor do Banco de Portugal

Oposição quer ouvir o Presidente do Banco de Portugal acerca da crise do BCP, mas para quê? Não lhe faltarão argumentos para apresentar num raciocínio cheio de rigores matemáticos de forma a obnubilar os espíritos dos dialogantes.
Não devemos esquecer a convicção com que há quase três anos previu o défice com um rigor de 6,83%. Não era uma aproximação às unidades ou às décimas, foi mesmo até às centésimas. Achei tão ridículo que escrevi aos jornais a carta a seguir transcrita. E tive razão, porque passadas algumas semanas, apesar daquele rigor veio rever o número, mas com a mesma presunção de repetir a aproximação às centésimas.
Eis a carta publicada em A Capital de 4 de Julho de 2005, página 11

Neurónios a arder

Ao descer a Calçada da Estrela senti um cheiro a queimado intenso, aquele cheiro que provém de neurónios atravessados por corrente muito forte, incompatível com os aconselhados vátios de segurança. Mas o Regimento de Sapadores Bombeiros não aparentava qualquer agitação e, por isso, fiquei intrigado com a origem do cheiro. Vim a saber que os deputados, quase todos avessos à ciência dos números, estavam a consumir os seus débeis cérebros com um número com duas casas decimais que lhes puseram na frente. Era preocupante para os seus fracos conhecimentos da matemática. Não repararam, porém, que se tratava apenas de um número fantasmagarórico, baseado em hipóteses não consolidadas e que apenas servia para alimentar por alguns dias as suas brincadeiras de elevado teor intelectual.

Era, imagine-se, uma previsão ousada, a mais de seis meses, daquele que poderá ser o défice orçamental e atingir 6,83 por cento do PIB. Ora este número resulta de se obter a diferença entre despesa e receita, dividir pelo PIB e multiplicar por cem. Há, portanto, aqui três números a prever: o PIB, as despesas e as receitas referentes ao final do ano. Como não há nenhum sábio que consiga prever com rigor tais números, é estultícia e demagogia apresentar um número com duas casas decimais. Como aqueles três números não podem ser adivinhados, os autores da previsão tiveram de se apoiar em meras hipóteses, o que não suporta o falso rigor da aproximação às centésimas. Outros «adivinhos» poderiam, sem dúvida, apoiar-se em outras hipóteses, mais ou menos diferentes e o resultado, em vez daquele, poderia ser da ordem dos 5, 4 ou até 2. Ou até poderia ser de 7 ou 8, porque não? Só que nenhum desses cálculos confere o rigor das centésimas.

Tal número tão pretensamente rigoroso só serve para os políticos brincarem. Experimente o leitor prever o seu activo daqui a um mês, escreva num papel, meta num envelope para abrir passados trinta dias. Nessa data conte as suas moedas e notas e os depósitos bancários, abra o envelope e compare os dois números. Provavelmente não acertou até aos cêntimos! E repare que foi uma previsão apenas a 30 dias, de valores muito inferiores e mais simples do que os das contas do Estado!

Que os políticos se entretenham a brincar uns com os outros com base nesta ficção centesimal é problema deles, mas não esperem que as pessoas sérias e atentas alinhem com eles.

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Baixa de Cascais ao abandono!

Numa carta ao director do Público escrita por Ana Cornélio e publicada hoje, com o título «A desertificação de Cascais» consta que a baixa já tem os seus dias contados.
Segundo a autora estão a fechar lojas atrás de lojas e só abrem lojas chinesas, a partir das 16h00 Cascais não tem ninguém e começa a haver graffiti nas montras e paredes mesmo no centro.

Em tempos, junto à Baía, em frente à câmara municipal via-se gente aos montes e hoje não há ninguém, e mesmo no Verão são poucos os que ali circulam. Alguns moradores do centro têm medo de sair à noite pois não há ninguém nas ruas. A associação empresarial tem tido muito boa vontade em ajudar, mas nem sabe o que fazer.

O presidente da câmara é elogiado por estar a fazer a recuperação de edifícios antigos, mas, independentemente das pressões que a isso o empurram, o efeito dessas medidas não virá a tempo de salvar o comércio que está a morrer.

A autora da carta considera que o trânsito é a principal causa da desertificação, principalmente depois da via de escoamento da Marginal que permite a passagem de muito carro, mas não entram nem param em Cascais.

A autora evidencia uma boa perspicácia ao atribuir ao trânsito a principal causa. Se não for a principal é uma das primeiras causas. Há poucos anos, quem viesse pela marginal e quisesse ir para a saída oposta (ocidental), era encaminhado pela Alameda dos Combatentes da Grande Guerra, Baía, Cidadela e aí podia escolher ou a Avenida Rei Humberto II de Itália, ou a Avenida da República. Hoje, devido aos condicionamentos impostos, entre a Alameda e a Cidadela, essa hipótese está interdita e a única maneira de circular entre os extremos Leste e Oeste é a Avenida 25 de Abril que contorna a vila antiga, sem sequer permitir virar à esquerda, ao ponto de um visitante vindo pela marginal que queira dirigir-se à zona da Cidadela (muito perto da rotunda Sá Carneiro), tem que percorrer a periferia da vila quase em 360 graus, pois tem de seguir toda a Av 25 de Abril (quase dois quilómetros e ao encontrar a Av da República virar à esquerda e percorrer mais um quilómetro).

Os autarcas esquecem que as vias de comunicação são os vasos sanguíneos da economia e esta serve os cidadãos, consumidores e trabalhadores. E com as veias, artérias e vasos capilares não se deve brincar! Não se pode estrangular a corrente sanguínea de uma localidade de ânimo leve, por capricho ou porque se acordou com uma ideia que depois não foi analisada por todos os lados, tendo em conta todos os factores condicionantes e implicações nos vários sectores da vida das populações.

Como disse num post recente, não existe mentalidade de planeamento nos serviços públicos, o que é muito grave porque, sem planeamento e estudo cuidado das decisões, seguido de uma organização adequada à acção e uma programação tendente à eficiência e economia da concretização, não haverá uma gestão correcta dos recursos e não se defendem os interesses das populações, que devem ser o objectivo iniludível das instituições e dos serviços públicos.

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domingo, 6 de janeiro de 2008

O motociclista e o passarinho caridosos

Um motociclista ia a 130 km/h por uma estrada e, de repente, deu de encontro com um passarinho e não conseguiu esquivar-se: PANG!!

Pelo retrovisor, o tipo ainda viu o bicho dando várias piruetas no asfalto até ficar estendido. Não podendo conter o remorso ecológico, parou a motorizada e voltou para socorrer o bichinho. O passarinho estava lá, inconsciente, quase morto. Era tal a angustia do motociclista que ele recolheu a pequena ave, comprou uma gaiolinha e levou-o para casa, tendo o cuidado de deixar um pedaço de pão e água para o acidentado.

No dia seguinte, o passarinho recupera a consciência. Ao despertar, vendo-se preso, cercado por grades, com o pedacinho de pão e a vasilha de água no cantinho, o bicho põe a mão, ou melhor, a asa na cabeça e grita:
- Bolas, matei o gajo da mota !

Texto extraído do blog da nossa amiga Adelaide Quintas e publicado em CVS - Sempre Jovens

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Não existe mentalidade de planeamento nos serviços públicos

De Aveiro chega a notícia de que as urgências hospitalares foram reformuladas na sequência da morte de idosa. Esta senhora, que não seria da família de qualquer político, faleceu em 2 de Janeiro, depois de estar quatro horas numa maca sem ser observada por médicos. Só agora, após esta lamentável ocorrência, a direcção clínica do Hospital Distrital de Aveiro (HDA) decidiu fazer alterações no atendimento dos doentes na urgência. Não prestavam atenção ao funcionamento do serviço, deixavam andar, e não se apercebiam de que o serviço necessitava de ser reformulado para dar o apoio que lhe compete, com uma eficiência aceitável.

Parece que no País não existe mentalidade de gestão que privilegie a preparação das decisões com base em estudos cuidadosos que se antecipem aos acontecimentos, uma espécie de previsão, que se traduza em actos de planeamento, programação e organização, com vista à eficácia dos serviços e ao bom emprego dos recursos que lhe são inerentes, tendo sempre em vista os melhores efeitos nos utentes e beneficiários. Falta a consciencialização da necessidade de conhecimentos de gestão. E isso tem sido notório principalmente nos serviços do ministério da Saúde, mas não apenas aí, pois na Educação, na Justiça, na Economia, na Administração Interna, abundam os casos.

No mesmo jornal, a propósito do anunciado fecho de 108 postos da GNR , o secretário de Estado da Administração Interna, Fernando Rocha Andrade garantiu (!) que, a não ser em "casos pontuais", em que haja, nomeadamente, uma mudança de localização, "não vão ser extintos postos", no âmbito do processo de reorganização territorial do dispositivo das forças de segurança da PSP e da GNR.

Também agora se sabe que existem três milhões matrículas virtuais no registo automóvel. Só agora, ao chegar a este lindo número, os serviços acordam e ficam espantados com o panorama que antes ainda não tinham conseguido avistar, tal é a miopia. Parece o resultado da tal formatação dos funcionários públicos no sistema ortorrômbico. Só agora pretendem eliminar esta quantidade de matrículas "fantasma", através de um programa de saneamento do registo automóvel, a lançar em breve, a fim de "abater" os veículos que já não existem ou não circulam de facto.

E temos de viver neste suspense, como em autênticos filmes policiais, por falta de planeamento consciente e cuidadoso, que é substituído por tentativas de avanços e recuos condicionados pelas pressões populares. E o mais incompreensível é que, actualmente, todos os ministérios e serviços públicos contam, na sua folha de pagamentos, com muitos assessores, avençados e contratados, o que faria supor a existência de competências e capacidades superabundantes para enfrentar todas as necessidades de gestão, nas suas diversas faces. Mas parece que os ordenados que lhes são pagos não se destinam a essas colaborações positivas!

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