Em descida para o abismo
Os países podem sofrer, ocasionalmente, grandes catástrofes que lhes arrasam monumentos, recursos económicos e humanos, etc. Mas os que estão bem estruturados e com uma população evoluída, organizada, trabalhadora, com iniciativa, altruísmo e civismo, tiram partido dessas tragédias como estímulo para a rápida reestruturação e recuperação de todos os danos e modernizar tudo o que é possível. Em muitos casos, o mal parece ter vindo por bem como no caso da reconstrução da Baixa de Lisboa, na sequência do terramoto de 1755. Sem ele, a baixa seria hoje um pântano ladeado por ruelas como as que se encontram na Mouraria e em Alfama.
O nosso País, feliz ou infelizmente, não tem sofrido os efeitos destruidores de tsunamis, sismos ou grandes tempestades, mas sofre de um mal muito mais grave, uma maleita demolidora da sociedade, que com persistência corrosiva, que parece irrecuperável, e que se exterioriza por desorganização caótica, desleixo, desinteresse, apatia, acomodação na mediocridade. Gostava que estas palavras fossem exageradas e injustas, porém os sintomas são demasiado evidentes para poderem ser ignorados.
Em poucos dias, três notícias vieram mostrar claramente a degradação das estruturas sociais e da qualidade cívica da população: O atraso no socorro aos sete náufragos da Nazaré, em que o helicóptero já só pôde salvar um tripulante da embarcação e que relatou a forma trágica e desesperada como faleceram os seus seis companheiros a quem faltou o socorro oportuno e as forças para resistirem ao mar bravo durante mais tempo. Outro caso foi a demora inconcebível de seis horas num País de pequenas dimensões, para um acidentado poli-traumatizado, ser transportado da região de Odemira até a um Hospital de Lisboa, onde já não houve possibilidade de evitar o óbito. A terceira notícia refere a morte nas estradas de 16 pessoas numa semana sem trânsito invulgarmente intenso, por já não ter sido período festivo. E além de 16 mortos, houve sem dúvida muitos feridos graves que ficarão deficientes para o resto da vida que será mais curta, dolorosa e dependente de familiares.
Estes são sintomas a juntar a outros de nos encontramos a rolar num plano inclinado a caminho do precipício e, como diz a Física, esta descida, devido ao efeito natural da gravidade, faz-se em movimento uniformemente acelerado, exigindo para parar e recuperar da queda, tempo e uma força enorme que um País, neste estado degradado, não consegue pôr em acção. Seria bom que algum assessor mais sabedor da Física e da Matemática explicasse aos seus patrões o que é um plano inclinado e um movimento uniformemente acelerado, pois eles, sendo da área das letras, certamente não conhecem.
Os países podem sofrer, ocasionalmente, grandes catástrofes que lhes arrasam monumentos, recursos económicos e humanos, etc. Mas os que estão bem estruturados e com uma população evoluída, organizada, trabalhadora, com iniciativa, altruísmo e civismo, tiram partido dessas tragédias como estímulo para a rápida reestruturação e recuperação de todos os danos e modernizar tudo o que é possível. Em muitos casos, o mal parece ter vindo por bem como no caso da reconstrução da Baixa de Lisboa, na sequência do terramoto de 1755. Sem ele, a baixa seria hoje um pântano ladeado por ruelas como as que se encontram na Mouraria e em Alfama.
O nosso País, feliz ou infelizmente, não tem sofrido os efeitos destruidores de tsunamis, sismos ou grandes tempestades, mas sofre de um mal muito mais grave, uma maleita demolidora da sociedade, que com persistência corrosiva, que parece irrecuperável, e que se exterioriza por desorganização caótica, desleixo, desinteresse, apatia, acomodação na mediocridade. Gostava que estas palavras fossem exageradas e injustas, porém os sintomas são demasiado evidentes para poderem ser ignorados.
Em poucos dias, três notícias vieram mostrar claramente a degradação das estruturas sociais e da qualidade cívica da população: O atraso no socorro aos sete náufragos da Nazaré, em que o helicóptero já só pôde salvar um tripulante da embarcação e que relatou a forma trágica e desesperada como faleceram os seus seis companheiros a quem faltou o socorro oportuno e as forças para resistirem ao mar bravo durante mais tempo. Outro caso foi a demora inconcebível de seis horas num País de pequenas dimensões, para um acidentado poli-traumatizado, ser transportado da região de Odemira até a um Hospital de Lisboa, onde já não houve possibilidade de evitar o óbito. A terceira notícia refere a morte nas estradas de 16 pessoas numa semana sem trânsito invulgarmente intenso, por já não ter sido período festivo. E além de 16 mortos, houve sem dúvida muitos feridos graves que ficarão deficientes para o resto da vida que será mais curta, dolorosa e dependente de familiares.
Estes são sintomas a juntar a outros de nos encontramos a rolar num plano inclinado a caminho do precipício e, como diz a Física, esta descida, devido ao efeito natural da gravidade, faz-se em movimento uniformemente acelerado, exigindo para parar e recuperar da queda, tempo e uma força enorme que um País, neste estado degradado, não consegue pôr em acção. Seria bom que algum assessor mais sabedor da Física e da Matemática explicasse aos seus patrões o que é um plano inclinado e um movimento uniformemente acelerado, pois eles, sendo da área das letras, certamente não conhecem.
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