Transcrição do blog Devaneios a Oriente
Quem se mete com o PS leva versão Francisco Assis?
Recebi esta maravilha por mail e tinha que a publicar e comentar.
Em defesa de Inês de Medeiros
A fronteira entre a prudência e o calculismo é, por vezes, tão ténue que permite a algumas boas consciências uma tranquila convivência com a desonra.
De todas as formas de cobardia, repugnam-me especialmente aquelas que se pretendem justificar pela invocação de grandes virtudes. Nenhum silêncio se justifica quando só a indignação é justa.
Por isso mesmo, aqui estou a manifestar a minha profunda solidariedade à deputada Inês de Medeiros, que tem sido alvo de uma insidiosa campanha difamatória que visa pôr em causa a sua imagem de integridade e seriedade.
Inês de Medeiros não cometeu qualquer crime, não praticou qualquer indignidade.
Limitou-se a aceitar um convite formulado pela direcção do PS para integrar as listas de candidatos a deputados nas últimas eleições legislativas.
Acedeu a participar activamente na vida política portuguesa.
Fê-lo em nome de causas, de um projecto e de uma esperança.
Trouxe consigo o seu percurso, as suas propostas e a sua vontade.
Revelou coragem e sentido do compromisso cívico.
Antes de ser deputada, Inês de Medeiros tinha uma história, quer no plano profissional, quer no âmbito da intervenção pública.
Foi essa história que a conduziu à Assembleia da República.
A sua biografia tem densidade e significado.
No cinema e no mundo da cultura em geral, Inês de Medeiros percorreu um caminho, construiu o seu próprio percurso. Que é, aliás, conhecido e respeitado.
Como deputada ela é herdeira da sua própria vida.
Acresce a isto que nunca se furtou a ter uma intervenção clara na esfera pública portuguesa.
Num país em que tanta gente se refugia no limbo das grandes proclamações convenientes, ela tomou posições, fez opções, disse de que lado estava.
Em momentos decisivos esteve presente.
Não desertou, nem se escondeu.
Não é virtude menor, num país de tanta gente pequena julgando-se grande à custa da gestão da ambiguidade.
Conheci a Inês de Medeiros quando ela chegou ao Parlamento.
Convidei-a para a direcção do grupo parlamentar a que presido.
Tornámo-nos próximos e isso permitiu-me acompanhar todo este processo.
Tenho por isso plena consciência da dor que a infâmia produz numa pessoa honesta.
E isso impele-me a aparecer em público a tomar posição.
Inês de Medeiros nada pediu ao Parlamento.
Não veio para aqui para obter qualquer vantagem, simbólica ou material.
Ela já existia antes de ser deputada.
Não solicitou qualquer tratamento especial.
Não procurou qualquer benefício indevido.
E agora, que finalmente o assunto está fechado, impõe-se dizer o seguinte: o Parlamento não lhe concedeu qualquer tratamento excepcional.
Ela não aufere nem mais um cêntimo que os restantes deputados.
O regime a que fica sujeita em matéria de ajudas para deslocações é, até mesmo, o mais exigente que se pratica na AR.
São, por isso, vis as acusações e insinuações que pretendem atingi-la.
Na vida política confrontamo-nos diariamente com a grandeza e a pequenez dos homens.
Mas não podemos ficar anestesiados ao ponto de convivermos pacificamente com a sordidez.
Nesse dia estaremos mortos.
Por cansaço, por resignação, por cobardia.
Teremos desistido de tudo o que é essencial.
Não é isso que se espera dos políticos e dos parlamentares.
Foi por isso que escrevi este pequeno texto.
Porque me recuso a render-me à ditadura das boas consciências medíocres e cínicas.
Desses seres pequenos e vis sempre tão cheios de estafadas proclamações.
Escrevi este texto por solidariedade com a Inês, que respeito e admiro.
Mas sobretudo para permanecer fiel à minha maior preocupação cívica – a de ser um cidadão decente.
É essa a minha ambição de todos os dias – permanecer do lado da decência.
O que neste caso me leva a estar, sem qualquer dúvida, do lado da Inês de Medeiros.
Francisco Assis - Líder parlamentar do PS
Vamos lá então analisar a mensagem do líder parlamentar do PS.
O Dr. Francisco Assis refere, logo de entrada, que a deputada Inês de Medeiros tem sido alvo de uma campanha difamatória.
De tudo o que li, na imprensa e na blogosfera, o que era relatado era um facto, que o próprio líder parlamentar do PS, como é óbvio, não desmente. Antes confirma.
Foi atribuído à deputada Inês de Medeiros um subsídio que lhe permite deslocar-se uma vez por semana ao seu local de residência, Paris, em classe executiva. É uma realidade, não é?
Quando se pedem sacrifícios aos portugueses porque o País se encontra numa situação financeira particularmente grave, quando há muitas pessoas a viverem com enormes dificuldades em Portugal, é normal que haja quem se indigne perante esta atribuição.
E é normal que essa indignação seja verbalizada, seja livremente transmitida.
O Dr. Francisco Assis não quer impedir os cidadãos portugueses que se sentem indignados com estas prebendas, estes privilégios, de manifestarem a sua indignação, pois não?
A "lei da rolha" não é aconselhável a quem se proclama um democrata e um defensor dos direitos individuais.
Uma vez que estamos a mover-nos no domínio do factual, perdoe-me a minha estreiteza de ideias, mas não consigo perceber onde é que vislumbrou a difamação que refere.
Se ler este post, agradeço que me elucide.
Que a deputada Inês de Medeiros não praticou qualquer crime todos sabemos.
Já no que se refere a indignidade, mais uma vez, se não se importa, deixe cada um pensar pela sua cabeça e expressar livremente a sua opinião, Dr. Francisco Assis.
Acredite-me, fica-lhe bem.
Sublinha o Dr. Francisco Assis que a deputada Inês de Medeiros se limitou a aceitar um convite do PS e que trouxe consigo "o seu percurso, as suas propostas e a sua vontade".
Não trouxe foi os votos do Bloco de Esquerda que era suposto trazer, não foi Dr. Francisco Assis?
Como dizia um anterior líder do seu partido, "é a vida!"
Acho estranho que o Dr. Francisco Assis faça a exaltação das virtudes da deputada Inês de Medeiros, para depois confessar que a conheceu quando ela chegou ao parlamento.
Invejo-lhe essa capacidade invulgar de prescrutar as profundezas do carácter de uma pessoa com um conhecimento tão superficial.
Eu, por outro lado, tenho que confessar que há pessoas com as quais convivo há muitos anos e que ainda não consegui analisar assim tão minuciosamente. Defeito meu, por certo.
A deputada Inês de Medeiros nada pediu ao Parlamento?
Mas aceitou uma vantagem que, aos olhos de muito boa gente, era ofensiva.
Foi sempre esse facto que esteve em causa em todo este processo, mas que o Dr. Francisco Assis teima em deixar na penumbra. De onde partiu o pedido é pouco importante.
Lendo o que escreve o deputado, e líder parlamentar, Francisco Assis, percebe-se (está afirmado, não vá o deputado Francisco Assis acusar-me de difamação) que esta prática de pagar ajudas de custo aos deputados é uma prática regular.
Mais, o regime a que ficou sujeito a Inês de Medeiros até era mais severo que o habitual.
E isso legitima o quê?
Mais uma vez, por favor explique-me porque eu não consigo entender.
Se são muitas pessoas a seguirem uma prática indigna e ofensiva (sim, é essa a minha opinião, Dr. Francisco Assis), esta prática passa a ser socialmente aceitável? É esse o argumento?
A parte final do seu texto, em que se arvora dono da boa consciência, e em que critica e ofende quem tem opinião contrária, diz tudo acerca da sua pessoa, Dr. Francisco Assis.
Mas concordo consigo num ponto - devemos ter a preocupação de viver a nossa vida com decência. Tenho essa preocupação todos os dias.
Mas não lhe reconheço valor, moral, ou capacidade, para me dizer como devo viver a minha vida e que valores devo adoptar. E acredite que não é por diabolizar a classe política.
Passe bem Dr. Francisco Assis.
Publicada por Pedro Coimbra em 04-052010 em Devaneios a Oriente
NOTA: Inês de Medeiros acabou por ter uma atiude mais digna, mais sensata,do que Francisco Assis, líder da bancada do PS. Assim vão os representantes «democráticos» do povo português!!!
A Decisão do TEDH (396)
Há 56 minutos
4 comentários:
A moca de Rio Maior, revista e actualizada.
Ficou bem à deputada em causa recuar e dispensar as ajudas de custo das viagens de e para Paris, embora tenha sido uma atitude tardia.
Cumps
Caro João,
O Sr Francisco Assis que tanto se preocupou na defesa da sua correligionária esqueceu-se de uma coisa primária que é, como deputado, defender o povo que o elegeu. Está a esquecer-se que cada deputado, entre vencimentos e encargos directos e indirectos, nos custa cerca de 60.000,00€/mês!
Não será isto uma enormidade no momento que vivemos?
Se reduzíssemos o número de deputados, que são demasiados para um território e população tão diminutos, e se o fizessemos igualmente em relação aos seus gastos, isto sim é que seria DECÊNCIA! Mas não, o que ele defende com este texto de aparente defesa da Inês de Medeiros, é o "tacho" ou "gamela" onde está a comer...
Inês de Medeiros, ainda que tardiamente tomou uma decisão mais consentanea e mais sábia no meio de tudo isto.
Acresce dizer que apreciei os diversos comentários, aqui colocados, que me pareceram muito correctos.
Um abraço muito amigo e solidário.
Caro Guardião,
A moca de Rio Maior para estes tipos é uma infantilidae. Eles precisam de outros procesos mais rápidos e decisivos.
Um abraço
João
Só imagens
Caro Luís,
O rapaz é «tranaparente», nas suas palavras. Apesar de se dizer democrata e estar num cargo em que devia pensar nos interesses de todos os portugueses, ignora a democracia e defende apenas os intereses próprios e os dos seus coniventes e cúmplices. Usa a linguagem dos advogados mais habilidosos, mas como não conseguiria viver como advogado, meteu-se na política, onde se vai safando, porque é um refúgio para muitos como ele. Nas suas palavras mostra o que vale, é transparente, só engana quem não vê!!!
E, com tal gente e quem neles vota, Portugal vai seguindo, obediente às leis da Física, pela rampa para o fundo do buraco.
Um abraço
João
Sempre Jovens
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