terça-feira, 11 de maio de 2010

Esclarecer os portugueses é indispensável

Há textos nos jornais de hoje que despertam a nossa atenção para um ponto importante. Começo por transcrever um e depois farei referência a outros.

Eles estão de volta
Jornal de Notícias. Manuel António Pina

Ficou famosa há uns anos uma notícia publicada na rubrica "Notícias militares" do extinto "Comércio do Porto" em que se informava que a esposa do comandante de um regimento da cidade dera à luz uma "robusta menina" concluindo: "Está de parabéns toda a oficialidade".

Ocorreu-me este episódio ao saber do conciliábulo sobre a "situação do país" que Cavaco Silva ontem manteve com uma "brigada do reumático" de 10 ex-ministros das Finanças. Porque, se é Cavaco o "pai do monstro" do défice, como Cadilhe diz, toda aquela "oficialidade" está igualmente de parabéns pelo inestimável contributo que deu à gestação do "robusto menino" que o Orçamento há décadas embala.

A julgar pelas posições públicas presentes e pelas políticas passadas de alguns deles, não é difícil adivinhar que soluções têm para a "situação do país":
- cortes nas despesas sociais,
- cortes em salários e pensões,
- aumento de impostos.

E que soluções não têm:
- cortes nos escandalosos salários e prémios de gestores públicos e "boys",
- moralização do IRC da Banca,
- tributação das grandes fortunas.

Era pedir de mais a tão luzida e ex-ministerial gente.



NOTA: Não se pode deixar de concordar com a previsão do autor quanto às soluções previstas e aquelas que sendo aconselháveis não terão concretização. É que as acções dos políticos obedecem a uma lógica diabólica de submissão a fortes pressões de compromissos, cumplicidades, conivências do grande capital, dos «boys» já instalados e em princípio de carreira, mas já conhecedores de segredos que não convém serem revelados. E para que não se conheçam certas verdades, é imperioso evitar que se zanguem as comadres.

Da reunião da «brigada do reumático» sai a notícia «Ex-ministros avisam portugueses para sacrifícios» de que havia «garantias» de Governo que não aconteceriam. Mas, como diz Paulo Ferreira, «o Executivo português tem usado a perigosa estratégia do ziguezague». E diz de forma clara que «a cabeça dos portugueses anda à roda com tanto ziguezague, quando o que faria todo o sentido seria que a cabeça dos portugueses estivesse firme e consciente de que será necessário um gigante esforço de todos para sair do sítio em que estamos.

Como se faria uma coisa dessas? Talvez usando o horário nobre das televisões e, de uma só vez, dizer aos portugueses qualquer coisa deste género: o Governo tem um plano A, que é este; se não chegar, avançamos com as medidas B; e, no caso de extrema necessidade, somaremos as medidas C. Esta clareza teria a vantagem, a enorme vantagem de colocar o problema nas suas reais dimensões.»

Também Sérgio Andrade, em «De como me tiraram mais 200 euros» foca a conveniência do esclarecimento dos portugueses por alguém com capacidade de se expressar para o povo compreender e com credibilidade para inspirar confiança. «Acho que falta aos governos um assessor especializado em falar a linguagem do povo, alguém que desse explicações de um modo que, não direi todos, mas uma maioria percebesse as razões de atitudes que tomam. Só com explicações ministeriais não vamos lá! E as pessoas, quando não percebem, fazem como os gregos estão a fazer: vão para a rua e dão cabo de tudo

Enfim, não faltam conselhos e algumas lições com bom nível didáctico para sermos bem governados, mas provavelmente os políticos, no seu alto saber e competência, têm razões que a nossa razão desconhece!!!

2 comentários:

Luis disse...

Caro João,
Soluções que deveriam ter:
- cortes nos escandalosos salários e prémios de gestores públicos e "boys",criando-se um salário máximo,
- moralização do IRC da Banca,
- tributação das grandes fortunas,
- redução das reformas "pornográficas",
- só poderem ter reformas a partir dos 65 anos de idade e tendo 36 anos de tempo minimo de serviço,
- redução dos deputados na AR para, no máximo, de 90,
- redução dos secretários e acessores (boys)na Função Pública e Autarquias,
- redução de mordomias e automóveis actualmente distribuidos por todo o "bicho careta",
- colocações do pessoal na Função Pública por concursos públicos.
- acabar-se com as nomeações políticas,
- redução das Juntas de Freguesia,
tendo em conta o número de habitantes.
Considerando todas estas reduções talvez não fosse necessário:
- cortes nas despesas sociais,
- cortes em salários e pensões,
- aumento de impostos.
Mas isso iria mexer nos bolsos dos detentores do poder e seus amigalhaços coisa que "eles" não querem fazer! Dizem que tais medidas seria perder regalias esquecendo-se que as obtiveram por meios eu diria "ilicitos" e oportunistas!!!
É mais fácil "depenar" quem já não tem forças para reagir...
Um forte abraço.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Assim é que se faz um comentário a aprofundar a análise do tema! Senti a tentação de fazer um post com ele, mas isso não seria a atitude mais bonita. Por isso sugiro que pegues nele e que o adaptes como entenderes para fazeres um post na TULHA. Só depois o transcreverei para aqui com o link para a Tulha, em respeito pelos direitos de autor!!!

Muito obrigado

Um abraço
João
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