Transcrição:
A receita do costume
Jornal de Notícias. 5 de Dezembro de 2009. Por Manuel António Pina
Temos de novo o FMI à perna. O FMI é uma espécie de tutor que, quando não sabemos governar--nos, nos declara incapazes e passa a governar-nos por nós.
A trapalhada financeira de um Orçamento feito "com grande sentido de responsabilidade", mas que, afinal, Teixeira dos Santos dixit, parece que foi elaborado "num quadro financeiro que não incorporava" o impacto real da crise financeira, mais a trapalhada de um Orçamento Rectificativo de que o mesmo Teixeira dos Santos não via, em Maio, "necessidade" e em Novembro já via, com medidas de contenção do défice (que cresceu 284% no 1.º semestre) que ainda em Julho garantia que não adoptaria pois "os números" davam "sinais claros de controlo da despesa", levaram o tutor a achar que era melhor ser ele a decidir o que deve fazer o Governo já que este parece não saber às quantas anda.
E a receita é a santíssima trindade do costume: reduzir salários, reduzir prestações sociais, aumentar impostos, isto é, o que, nos anos 80, impôs a Mário Soares sob a estimulante divisa "apertar o cinto". Resta saber é se os portugueses têm mais buracos no cinto para apertar.
NOTA: Como se pode dizer que o Orçamento foi feito "com grande sentido de responsabilidade» e depois o inistro das Finanças, seu autor ou co-autor, diz que foi elaborado "num quadro financeiro que não incorporava" o impacto real da crise?
Qual o crédito que merece um ministro que em Maio dizia não ver necessidade num Orçamento Rectificativo e em Novembro já via? E as medidas de contenção do défice que em Julho disse que não adoptaria pois "os números" davam "sinais claros de controlo da despesa", e agora são necessárias? No entanto, desde de Maio nos acenam com visível recuperação da crise.
Qual tem sido o papel dos governantes na gestão dos interesses do País?
Afinal quem nos governa? O nosso Governo ou o FMI? Quais os livros por onde estudaram os sábios do FMI? E qual a razão de os inteligentes de Portugal não lerem esses livros? Como compreender que especialistas de gabinete lá longe saibam melhor o que interessa a Portugal do que os portugueses que vêem de perto e cheiram a podridão em que estamos? Interrogo-me se há alguém em quem possamos ter confiança.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Os portugueses entregaram Portugal a quem?
Publicada por A. João Soares à(s) 18:11
Etiquetas: crise, dedicação, orçamento, sentido de responsabilidade
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5 comentários:
Caro João,
Li o post e a tua nota e fico com a ideia que as soluções apontadas pelo FMI deveriam contemplar só a classe dirigente , visto o povo já "andar de tanga".
REDUZAM-SE OS DEPUTADOS PARA 50 E JÁ CHEGAM...REDUZAM-SE OS MINISTRIÁVEIS E SEUS SECRETÁRIOS, SECRETÁRIAS, ETC., ETC... RETIREM-SE OS CARRÕES A ESSA "MALTA" TODA... CARREGUEM-SE OS IMPOSTOS A ESSES "COMILÕES" E DEPOIS NÃO ME CHAMEM COMUNISTA...Isto só tem a ver com uma melhor distribuição da pobreza em que vivemos! Mas vais ver que será mais uma vez o mexilhão que vai "pagar as favas"!!! Triste Vida a do Português!!!
Um abraço amigo
Caro Amigo Luís,
Manuel António Pina, com o seu estilo meio irónico, põe a nua a incoerência dos políticos a sua falta de credibilidade. Falam em cada momento esquecendo o que disseram poucos minutos antes. Foi neles que o povo votou. Mas não é por acaso que só cerca de um quinto dos eleitores inscritos votou no partido vencedor nas legislativas. Isso mostra que o povo não está tão ignorante como dizem, não se deixa «levar» pelas falsas promessas dos políticos.
Um abraço
João
O FMI é que controla o crédito aos Estados e os Estados vivem do crédito. A "crise" poderia mudar isso mas a dupla Bush-Obama entrou em pânico e tudo ficará na mesma.
Caro Táxi Pluvioso,
O amigo tem vistas largas e v^logo o FMI. Mas olhando cá para dentro, além daquilo que vemos diariamente, encontramos a notícia Sócrates acusa oposição de "irresponsabilidade" e "exibicionismo político o que significa que todos os políticos, mesmo os do PS, ou talvez mais esses, são irresponsáveis e exibicionistas. Pensam mais nos interesses próprios e do partido do que nos do País, das pessoas cujos destinos lhes foram entregues.
É a este tipo de gente de cabeça vazia, vaidosos exibicionistas, mentirosos qie Portugal foi entregue pelos eleitores.
Um abraço
João
Caro amigo João Soares, eu ainda não percebi, (porque é que a maioria dos que foram votar, porque os outros são uns irresponsáveis) votou de novo no partido que nos tem levado à penúria!
Isto está a ficar muito parecido com Angola... o seu cão de fila, José Eduardo dos Santos e a sua máfia do MPLA, que compra empresas em Portugal, para lavar dinheiro dos angolanos. Mas com uma grande diferença, o país não tem riqueza e não vejo soluções.
Quanto ao nosso governo, não se coíbe de pagar o que paga ao Constâncio que foi o 1º a vir dizer que é preciso apertar o cinto... por exemplo. Sinceramente, não entendo onde vamos deixar chegar tanta ganância... a desses parasitas!
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