O povo português, por tradição, embora não tenha vocação associativa, ao ponto de as cooperativas agrícolas de há algumas dezenas de anos terem falhado, quando adere a um clube de futebol assume isso como um compromisso vitalício. E, embora a política não possa comparar-se à clubite desportiva, porque ao contrário dos clubes, os partidos políticos não devem usar como objectivo principal o campeonato para ganhar o poder, mas sim a procura das soluções mais adequadas à gestão dos interesses nacionais, em benefício dos portugueses nomeadamente dos mais desprotegidos, os eleitores olham o seu partido como olham o seu clube. Haja o que houver, votam no clube daquele político de quem gostaram há 30 anos.
É certo que ao eleitor são apresentadas listas de que ele não conhece os elementos constitutivos, e muitos deles ou são incapazes ou são capazes de tudo. Mas mudar de partido não entra no pensamento de muitos eleitores, preferindo abster-se (cerca de 60%) ou votar em branco por não de se reverem em nenhum candidato, ou votar nulo, muitas vezes para manifestar o seu vivo desacordo com o regime que os vem explorando.
No meio de tudo isso há políticos que estão na mira das raivas do povo, o qual se serve dos adjectivos usados pelos políticos na assembleia quando, à falta de argumentos patrióticos, se realizam chamando aos rivais os mais torpes adjectivos.
Esse povo, apesar da baixa escolaridade e fraca literacia, não é estúpido e pensa, em termos simples, formando opinião sobre coisas profundas que se lhe cravam na carne e mantêm o seu estômago atrofiado. Há por aí muitos Antónios Aleixos, com ideias, embora sem poesia. E por vezes são injustos em relação ao Primeiro-ministro. Mas temos que reconhecer que este não é tão mau como muitos dizem. Mostrou ,agora, um momento de grande clarividência, perspicácia e frontalidade, embora atenuada por não ser totalmente franco.
Nesse momento de pensamento iluminado, Sócrates acusa oposição de "irresponsabilidade" e "exibicionismo político", o que está em sintonia com o que costuma dizer na AR nas quintas-feiras em que lá vai zurzir a oposição. Só que esses epítetos não se aplicam apenas à oposição, mas a todos os políticos e principalmente aos do PS, que pelas responsabilidades de serem os mais votados e serem Governo deviam esforçar-se por parecerem menos irresponsáveis e exibicionistas. Eles são os mais votados e os mais tudo, principalmente nos atributos ligados à vaidade, à ambição e ao abuso dos cargos que ocupam. Isto aplica-se ao malhador do último governo a um que disse que «quem se mete com o PS, leva», aos actuais deputados esgrimistas com sotaque quer insular quer do Vale do Tâmega. As palavras e atitudes do próprio secretário-geral do partido colocam-no sob o manto desses adjectivos.
Por tudo isso, a partir de agora, pode dizer-se sem receio que os políticos são irresponsáveis e exibicionistas, mas será justo, ao contrário dos termos do primeiro-ministro, acrescentar, salvo eventuais excepções, embora isto seja um preciosismo de exagerado rigor porque «não há regra sem excepção».
A Decisão do TEDH (394)
Há 2 horas
8 comentários:
Caro João,
Realmente a IRRESPONSABILIDADE e o EXIBISIONISMO campeiam em Portugal, em todos os campos! E infelizmente as poucas excepções confirmam a regra! Nada a acrescentar ao teu post!
Um abraço amigo.
Caro Luís,
É de lamentar que os governantes não pensem antes de falar. A melhor prenda que o Pai Natal lhes deveria oferecer seria um espelho para olharem para sua imagem antes de chamarem nomes aos outros.
Deves estar recordado de quando, numa das sessões de EXIBICIONISMO no Parlamento ele disse ao Louçã «você é muito jovem sem currículo». Logo depois circulou um e-mail com o abundante currículo do Loução, mas do Sócrates nada podia ter sido dito a não ser o projecto de umas casotas na Guarda e as diversas aldrabices que o bloguista António Caldeira trouxe a público.
Recentemente foi o seu ar paternal e de professor primário ao dizer ao Portas «o sr deputado deve ter juizinho». Falta de senso porque a AR é um órgão de soberania de escalão superior ao do Governo, o qual é inspeccionado pelo Parlamento e vai ali apresentar contas responder a perguntas, sem autoridade para se exibir e chamar nomes aos deputados da Nação.
Realmente precisa de um espelho.
Abraço
João
Meu caro amigo A João Soares, corroboro na íntegra o seu post, e se por um lado o PM chamou exibicionista à oposição, um exemplo desse exibicionismo do próprio é evidente num post que pode ver aqui:
http://beezzblogger.wordpress.com/2009/12/05/10-truques/
@Beezz
Carlos Rocha
Caro Carlos Rocha,
É um «irresponsável e exibicionista, além de outras «qualidades» que atribui à oposição. Faz-lhe falta um espelho para se observar antes de acusar os outros. Abunda a arrogância onde falta capacidade de realização.
Quando fala vem dar razão à anedota que há dias circulou. Nos políticos do PS há duas categorias: os incapazes de todo e os capazes de tudo. Não sei em qual delas classificaria o PM.
Um abraço
João
Caro amigo João Soares,
O que vou dizer não é à guisa de intróito: Gosto muito da sua foto! Olhar de pessoa muito inteligente e perspicaz.
Comentar este texto, não valerá a pena. Como diriam os italianos: "Ormai lo conosciamo troppo bene!" (Sabemos já, demasiado bem, quem ele é).
Um grande abraço
Maria Letra
Querida Mizita,
Realmente já toda a gente sabe quem ele é. Mas, infelizmente, há pessoas que tentam iludir-se. E outros olham para o partido de que um dia gostaram, com um fatalismo como se se tratasse de um clube de futebol, com mais afecto do que têm ao pai e à mão, que muitas vezes matam.
Beijos
João
Caro João,
Como dizia um familiar meu - "Sou comunista, tal como sou do Benfica.
Sempre fui, e serei até à morte."
Se calhar, até é bom viver toda a vida assim, sem questionar nada.
Mete-me um bocado de impressão, mas quem sou eu para questionar esta filosofia de vida?
Um abraço
Caro Pedro,
Questionar essa filosofia de vida e tudo o mais é um sinal de curiosidade da qual nasce o conhecimento. Em criança fomos aprendendo à custa de perguntas e das respostas consequentes, também elas questionáveis.
Isso não implica que tenhamos autoridade para obrigar as pessoas a ter outras convicções. É preciso compreender os comportamentos e, se não nos parecerem coerentes e sensatos, procurar convencer as pessoas a raciocinarem livremente para verem de a sua solução é a melhor ou se haverá outras mais adequadas. É bom que cada um aja com consciência total do resultado que deseja e daquele que irá obter se continuar a proceder insensatamente. A racionalidade, coerência e consistência no rumo certo não faz mal a ninguém. O problema é escolher esse rumo e definir os objectivos pretendidos.
Ontem na AR dois deputados mostraram estar mais interessados em se denegrirem mutuamente do que em resolver da melhor forma os problemas dos portugueses. E nem se importarem com a imagem ridícula e muito negativa que deram de si próprios.
Um abraço
João
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