Depois de em post anterior ter sido referida a antinomia entre transparência e segredo, e na sequência da notícia "Nunca pedi dinheiro a ninguém e nunca recebi dinheiro de ninguém", garante Vara deduz-se logicamente que a pessoa referida tem todo o interesse em que haja transparência na sua situação e, para provar o que aqui diz, que defenda a abolição do sigilo bancário, pois sem ele ficará tudo claro e será confirmada a sua afirmação que dá título à notícia.
No entanto, outra notícia Vara assegura que não cometeu crime já é de mais difícil credibilidade, porque tudo depende do seu interesse em se confessar ou não em público e da sua noção daquilo que deve ser considerado crime. E ao ler-se o artigo Corrupção, habituação recorda-se um ditado com ressonância parecida « a ocasião faz o ladrão» embora o significado não se ajusta muito bem. Mas a habituação embota a perspicácia da avaliação dos sentimentos, e dos comportamentos.
E a propósito de habituação à corrupção, há quem afirme que a Face Oculta se refere a algo comezinho", "banal", "corriqueiro", "trivial", "usual", "vulgar". Parece que andamos todos ludibriados com «bocas foleiras» de nova criminalidade como "homicídio de carácter", "assassinato político", "assassínio de carácter", "homicídio por audiovisual", etc. São «argumentos» demasiado demagógicos e sem a mínima consistência, usados quando um político é apanhado com a boca na botija sem qualquer hipótese de segredo ou transparência que lhe possa valer. E com essas, lá desaparece um resto de possível confiança que ainda pudesse existir..
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Um lógico apoiante da eliminação do sigilo bancário
Publicada por A. João Soares à(s) 06:47
Etiquetas: segredo, transparência
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4 comentários:
Caro João,
Como disse no comentário anterior:
"Mas isso é pedir muito... ou não será???"
Mas que é necessário para se acabar com suspeições e também com as corrupções, lá isso é Verdade!!!!
Um abraço amigo.
Caro Luís,
Se aquilo que a notícia diz foi verdade o Vara tem todo o interesse em deixar de haver sigilo bancário para demonstrar essa verdade e eliminar qualquer suspeita contra ele.
Ou será que isso não é verdade e ele terá conveniência em manter a capa encobridora do sigilo?
Com tais sigilos e impunidades não podemos confiar em nenhum político, apesar de poder com isso atingir haver eventuais homens honestos. Mas estes devem defender-se para não entrarem no rol dos «menos bons», devem lutar por um sistema que elimine e penalize a corrupção, o enriquecimento ilícito e outras malandrices que prejudicam Portugal e os portugueses.
Um abraço
João
Amigo João Soares,
Tudo o que se escreve sobre o peso que Vara carrega às costas, deverá ser esclarecido, contudo, eu sou contra a abolição do sigilo bancário, quando feito de forma a pôr a vida do cliente toda escancarada. Se poderá haver funcionários que, mesmo com o sigilo bancário, 'dão com a língua nos dentes' a um eventual amigo que lhe peça uma informação sobre alguém, se acabarem com ele tudo piorará. O sigilo bancário deveria continuar a existir, exceptuando, apenas, os casos em que haja pessoas suspeitas de crime. O levantamento do sigilo bancário deveria ser efectuado apenas quando solicitado pelos tribunais. Desconheço se isso já acontece.
Um abraço.
Maria Letra
Querida Amiga Mizita,
De acordo consigo. Não pode deixar de haver sigilo bancário, como direito de privacidade, mas que poderá, deverá, cessar em casos de investigação criminal.
Também o próprio deve poder suspender as vantagens desse direito para provar que boatos ou suspeitas públicas sem fundamento sejam desmascaradas e esclarecidas com transparência.
O texto do post é um pouco teórico e levanta as contradições em que caem os políticos quando defendem alternadamente um e outro conceito.
Nada ´+e absoluto e não podemos defender a 100% uma ou outra destas soluções. Mas nunca deve ser desprezada a transparência que deve ter sempre prioridade.
Beijos
João
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