Deparo muitas vezes com frases começando «os portugueses são… » e segue-se a referência a defeitos mais ou menos generalizados. Quando isso me aparece em e-mails ou em comentários respondo sempre «Não diga os portugueses são, diga nós portugueses somos». Assuma-se nesse momento como português que é e, se acha que há algo que, por não estar bem, necessita ser melhorado, faça o que puder, mesmo que lhe pareça muito pouco ou insignificante, porque é o somatório dos actos de cada um que faz a característica geral. Uma bonita tela é elaborada por milhares de pequenas pinceladas por toda ela sem descurar o mais escondido milímetro quadrado da sua superfície.
Vem isto a propósito da frase de Leon Tolstoi, "Se queres pintar o Universo, começa por pintar a tua Aldeia" que o meu amigo Joaquim Evónio utiliza na entrada da Varanda das Estrelícias, um blog de características invulgares a quem a comunidade lusófona muito deve.
Antes de procurarmos o cisco no olho do vizinho devemos retirar o argueiro do nosso. Devemos dar prioridade á qualidade para podermos conceder suporte de exemplo às nossas palavras e não nos limitarmos, como muitos políticos a falar de «tentativa de decapitação do Governo», «assassinato político». «homicídio de personalidade», etc, etc. apenas para obscurecer a capacidade de raciocínio e de discernimento das claques afectas ao seu partido inserido num campeonato em que nada mais conta do que a taça das próximas eleições.
É preciso, com determinação persistente e amor a Portugal, cada cidadão procure começar por limpar a sua testada, «pintar a sua rua», para em consequência resultar o Mundo todo limpo, todo pintado. Nós portugueses somos descuidados, desleixados, indiferentes, mas temos que individualmente e depois em grupo, ser interessados, esclarecidos, conviventes, participativos, colaborantes em tarefas positivas, construtivas, visando o bem comum, o engrandecimento de Portugal para melhoria da vida de todos nós
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Nós portugueses somos…
Publicada por A. João Soares à(s) 10:17
Etiquetas: cidadania, Democracia, participação
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2 comentários:
Meu caro amigo,
Como já lhe disse, viajei por alguns países e vivi em 3. Quando visitava um país, gostava muito - se não fosse em trabalho pois aqui, seria só nos fins de semana - de visitar monumentos e o que de belo esses países têm. Contudo, o que mais me atraía, era contactar com as pessoas, auscultar o que se passava de bom e de mau, politicamente, nesses países. Porquê? Muitas vezes para poder compreender o fascínio que alguns Portugueses tinham por os 'outros países'. Neste campo, apenas me fascinava o que, no meu País, eu não conseguia atingir e que se relacionava com os estudos.
Constatei, não uma, mas várias vezes, que existe muita coisa em comum com Portugal, sobretudo em Itália. Isto apenas para dar ainda mais peso à frase "Se queres pintar o Universo, começa por pintar a tua Aldeia" e, depois sim, talvez acabes por perceber melhor o que te rodeia onde quer que vivas.
Um abraço.
Maria Letra
Nota: Gostava que, gentilmente, comentasse o mais recente texto que coloquei em http://marialetratome.wordpress.com, cujo tema me interessa muitíssimo.
Querida Amiga Mizita,
Já tive o prazer de visitar mais uma vez o seu post, com atenção e deixar um comentário.
Quanto ao tema deste post, cada pessoa deve procurar superar os seus defeitos e agir da forma mais correcta.
Quanto à imagem limpar a testada, isto é, o passeio em frente da casa, assisti em 1965 na cidade de Fulda na Alemanha, num sábado antes de almoço, a um senhor engravatado a varrer o passeio em frente de uma ourivesaria. Eram horas de fechar e devia ser o ourives a deixar a rua limpa.
Já pessoas amigas que estiveram na Alemanha depois da guerra me tinham dito que todos os dias as pessoas depois do trabalho profissional, iam reconstruir as suas casa, os seus quintais, as suas hortas. Dessa forma, pouco tempo depois estava tudo de pé.
Não podemos nem devemos ficar parados a dizer mal e esperar que haja um milagre ou que os outros encontrem a solução e a venham colocar na nossa bandeja.
Beijos
João
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