Portugal está muito doente, a ser corroído por males difíceis de curar. Há que combater os vírus que o minam e extirpar os cancros que o devoram. Seria bom que o pudéssemos legar são de corpo e alma aos vindouros, coisa que não parece muito viável se continuarmos apáticos e indiferentes à moléstia de que sofremos colectivamente. Dê-se atenção ao texto que se transcreve:
A exiguidade do Estado em abdicação
Jornal de Notícias. 30 de Novembro de 2009. Por Mário Crespo
O professor Adriano Moreira detectou os riscos civilizacionais da exiguidade dos estados quando deixam de cumprir as funções que são a sua razão de ser. Em Portugal o Estado está a desaparecer. Outros actores estão a substitui-lo. Em todo o lado.
"Deloitte não detecta crimes públicos na REN": título na imprensa diária nacional, há uma semana.
"Como organização de referência em serviços profissionais de auditoria, e consultoria fiscal, a Deloitte consolida a sua liderança em Portugal integrando a sua oferta para melhor servir o cliente e as suas necessidades.". Página promocional em http://www.deloitte.com
"A Deloitte, chamada na sequência da vinda a público do caso "Face Oculta", não detectou crimes públicos na REN.". Notícia de jornal do dia 24 de Novembro de 2009.
"A Deloitte disponibiliza experiência, conhecimento técnico e capacidade de implementação. Pensamos e agimos com rigor e competência: o nosso propósito é o transformar os desafios em soluções". Página promocional da Deloitte Portugal em http://www.deloitte.com
"Aveiro, 25 Nov - José Penedos indiciado pela prática de um crime de corrupção passiva. O juiz de instrução do processo "Face Oculta" determinou hoje a suspensão de funções de José Penedos na presidência da REN - Redes Eléctricas Nacionais e sujeitou-o a uma caução de 40 mil euros.". Despacho da agência noticiosa Lusa.
"Na sequência de notícias hoje divulgadas, o Gabinete do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça considera tornar público o esclarecimento em anexo.". Texto de uma comunicação numa página com o timbre oficial do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal que a empresa privada de assessoria de media Luís Paixão Martins Comunicação (LPM) enviou a todos os órgãos de comunicação nacionais, a 14 de Novembro de 2009.
"Informações adicionais LPM Comunicação www.lpmcom.pt" Indicação final na Comunicação do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal.
"O universo mediático português torna-se mais complexo e confuso. Só os especialistas conseguem descodificar esta proliferação caótica de media através de uma abordagem simples, directa, virada para os resultados.". Página promocional da LPM em http://www.lpmcom.pt.
"(…) A execução do despacho proferido pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça cabe tão-só à autoridade judiciária que dirige o inquérito, ou seja, à Procuradoria-geral da República;"
- Quinto ponto da comunicação de esclarecimento distribuída com o timbre do Supremo Tribunal de Justiça pela Luís Paixão Martins Comunicação com instruções para a Procuradoria--geral da República sobre divulgação de peças processuais do caso "Face Oculta".
"Há 217 títulos publicados, 225 rádios e 91 canais de TV.". Informação no portal promocional da LPM sob o título Estratégia de Assessoria Mediática.
Na semana passada , António Mota, dono da Mota Engil, desdobrou-se numa série de raras entrevistas que o seu grupo organizou em que falou a vários órgãos de Comunicação Social, como se fosse titular das pastas conjuntas da Economia, das Finanças e do Planeamento. Fez bem. Na situação de exiguidade a que o Estado português se remeteu, ele é provavelmente já isso tudo e muito mais.
NOTA: Temos que salvar Portugal. O Presidente da República como entidade mais responsável e representativa do País, tem sobre si o ónus de decisões difíceis que tem que tomar, depois de conferenciar com as pessoas mais válidas do País, não enfeudadas em grupos de duvidosa eficiência.
A Decisão do TEDH (397)
Há 7 minutos
2 comentários:
Caro João,
É como dizes "temos de salvar Portugal!" Neste momento os nossos dirigentes estão nas mãos de ex-ministros ou ex-secretários de estado que pelos seus favores grangearam lugares em empresas privadas ou em públicas. Os gestores dessas empresas hoje em dia têm um poder enorme por via disso. Há que inverter tudo isto se quizermos que Portugal sobreviva.
Um abraço amigo.
Caro Amigo Luís,
Não podemos perder a esperança de que vamos salvar Portugal para o legarmos em boas condições aos vindouros. Temos que extirpar os cancros que o corroem, o mais cedo possível. Mudar de treinador antes que o campeonato esteja irremediavelmente perdido.
Um abraço
João
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