Gosto dos artigos que o jornalista Manuel António Pina publica regularmente no Jornal de Notícias. Pouco extensos sem floreados, mas com o essencial sintético, denso transmitindo conceitos muito válidos que merecem reflexão. O de hoje refere-se ao Movimento Limpar Portugal, que aqui tem sido abordado desde os primeiros passos do movimento. Não se trata de um peditório, de um congresso, de um seminário, de um ciclo de conferências, de uma universidade de verão, mas de um trabalho voluntário, prático, no terreno, de mangas arregaçadas fazendo obra visível. Oxalá em 20 de Março Governo e Autarquias saibam colaborar com esta iniciativa e mostrar a sua consciência cívica!
Eis o artigo:
"Limpar Portugal"
JN. 091102. 00h30m. Por Manuel António Pina
Talvez afinal não sejamos inteiramente miseráveis. Às vezes surgem, com efeito, iniciativas capazes de reconciliar um cínico com a espécie humana, na perplexa versão da espécie humana que habita hoje estes 92 389 km2 à beira-mar plantados.
Inspirada em iniciativa semelhante realizada na Estónia em 2008, ocorreu a "um grupo de amigos" a ideia de "Limpar Portugal".
A novidade da iniciativa é que, em vez de organizarem mais um congresso sobre ambiente, essas pessoas se propõem limpar elas próprias as lixeiras existentes nas florestas portuguesas.
O dia já está aprazado, será 20 de Março de 2010, véspera do Dia da Árvore (e da Poesia), talvez de modo a oferecer finalmente um dia "inicial inteiro e limpo" à Primavera.
Certo é que o grupo se transformou num movimento cívico (www.limparportugal.org) já com 6 000 voluntários, gente, tendo em conta os tempos que correm, também singularmente limpa, pois "não aceita doações em dinheiro".
Nesta altura, porém, o cínico acorda: não será possível uma iniciativa do género para limpar o país do lixo dos negócios sujos envolvendo empresas de tratamento do lixo?
DELITO há dez anos
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