segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Oportunidade para purificar o regime

É saudável alimentar um pouco de optimismo mesmo que seja preocupado ou comedido, porque um pouco de esperança em melhorias ajuda a suportar as vicissitudes da vida.

Actualmente, a vida pública tem uma oportunidade que deve ser aproveitada para as convenientes reformas. Há sinais de que os partidos da oposição deixaram de se preocupar com apenas dificultar a vida do Governo, e passaram a assumir um compromisso para com o País, contribuindo para resolver os mais graves problemas que nos vêem dificultando a existência.

Sendo o ensino um sector a merecer o máximo cuidado, por ser o alicerce de qualquer evolução e tendo os professores sido tratados com tanta hostilidade e beligerância, é agradável encontrar nos jornais este título «Bloco Central pode resolver avaliação dos professores». Certamente que os outros partidos ajudarão a limar algumas arestas por forma a serem conseguidos os melhores resultados, para bem de Portugal.

Sendo o sector agrícola de grande importância, quer por tradição, quer por ser factor de emprego, quer pela necessidade de substituir importações, quer pela contribuição para as exportações, é positivo ver a notícia
«Paulo Portas apresenta “plano de defesa do sector agrícola”» sugerindo medidas para obter bons resultados numa actividade que tem sido tão desprezada. Oxalá haja um entendimento geral neste campo.

No momento actual é chocante ver que a corrupção e o enriquecimento ilícito atingiram uma escala escandalosa, por pessoas de baixa formação moral terem abusado da imunidade e impunidade que tem sido cobertura para estes crimes, com a conivência do PS que se recusou a aproveitar as iniciativas de João Cravinho para encarar o combate a esta praga. Para encarar este problema de forma eficaz e decisiva, também devemos considerar muito positiva a convergência de vontades já manifestada pelos partidos mais pequenos, como se conclui das notícias «BE vai propor quatro projectos de lei contra a corrupção», «BE propõe à AR figura do "crime de enriquecimento ilícito"» e «Jerónimo: MP precisa de investigar "sem ingerências"».

Estes são sinais de que os partidos parecem dispostos a colocar os interesses nacionais numa prioridade mais alta do que vinha acontecendo. Têm sido acusados de usarem de egoísmo e de ambições pessoais, desprezando o País, mas agora dão mostras de que estão a querer alterar comportamentos. Oxalá que sim que tenham resultados e não desistam.

Os portugueses precisam que os eleitos encarem com dedicação os seus problemas de saúde, segurança, justiça, emprego, redução das despesas públicas (reduzindo o pessoal para o mínimo indispensável), eliminando a burocracia abusiva e bloqueadora que acaba por ocasionar a corrupção e outras formas de defraudar o Estado, etc.

8 comentários:

Roberta de Souza disse...

Nossa que notícias boas né?
Pena que aqui no Brasil seja tão diferente!

Bj
beta

Maria Letr@ disse...

Caro amigo João Soares,
Sendo eu uma pessoa que tem, na base das suas 'lutas' (a expressão não será a mais correcta), uma boa dose de esperança, só posso ter ficado satisfeita com esta notícia.
O cego dizia: "A ver vamos". Eu direi: "Tenhamos esperança", mesmo sendo a minha (e provavelmente a de muitas outras pessoas) uma esperança muito castigada pelo engano.
Um abraço,
Maria Letra

A. João Soares disse...

Cara Beta,

Este texto é obra de um optimista inveterado, mas preocupado e moderado quanto ao grau de esperança. Pode não surgir nada de muito válido, mas não haja dúvidas que estes sinais são uma novidade, pois não tem sido costume os partidos da oposição se prestarem a ajudar a resolver os problemas que competem ao Governo.
A situação crítica do País justifica estas atitudes. Oxalá não se cansem antes de obter resultados!

Beijo
João

A. João Soares disse...

Querida Amiga Mizita,

Parece que estamos em posição semelhante quanto a esta situação. No comentário anterior exprimi a minha esperança muito condicionada, mas admiro os sinais que estão a aparecer. E, racionalmente, deduzo que tem mesmo que haver grandes mudanças, antes que o povo as imponha pela força e à custa de algumas imolações. Ora como essas violências não interessam aos actuais usufrutuários da corrupção, será de esperar que actuem com inteligência.

Estou moderadamente optimista.

Beijos
João

FRezende disse...

A minha posição não é tão optimista quanto à que é expressa no texto, assim como nos comentários:
Em análise ontem conhecida e divulgada pela Transparency International (TI), pode ler-se:

"Portugal voltou a cair no ranking da corrupção percepcionada na Administração Pública. Do 32º lugar registado em 2008, o País passou este ano para a 35ª posição, num universo de 180 países, segundo o relatório da organização não-governamental Transparency International (TI).
Numa escala de zero (altamente corrupto) a dez (altamente limpo), Portugal obteve 5,8 pontos, contra aos 6,1 registados no ano passado. A polémica em torno de casos de corrupção como os processos ‘Face Oculta’ e ‘Freeport’ é apontada como causa provável para a queda de três posições no índice.

“A sequência de escândalos de alto perfil, envolvendo políticos, e a má resposta da Justiça a esses escândalos, acaba por dar uma má imagem lá fora”, afirmou ao CM Luís Sousa, investigador do Instituto de Ciências Sociais, que alertou para a necessidade de o “legislador definir uma estratégia de combate à corrupção”. E sublinhou: “Com reformas à porta fechada sem ouvir especialistas ficará tudo na mesma.”
Para o líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza, também não há dúvidas: “A acumulação de casos de corrupção e o sentimento de impunidade têm como consequência a corrosão da credibilidade das instituições.” A mesma situação é admitida pelo CDS, que vê com “preocupação” o relatório.
Nova Zelândia e Dinamarca são os países mais bem posicionados, já no fim da tabela, segundo o relatório, estão países como o Afeganistão e a Somália.

O barómetro global da corrupção, também elaborado pela TI, aponta ainda que em Portugal os partidos políticos são vistos como as instituições mais corruptas.
Numa escala de 1 a 5, os inquiridos consideraram que os partidos se situam no ponto 4, seguido do sector privado, que obteve 3,7.
(transcrição do Diário da Manhã)""
CONSIDERANDO O QUE VEM SUCEDENDO COM OS PARTIDOS POLÍTICOS E COM A FORMA DE ACTUAR DA JUSTIÇA, como posso ser optimista e alimentar ESPERANÇA?
A revolução teria de ser muito grande, começando pela consciencialização de um povo que está apático e incapaz de vir para a rua.
Oxalá que seja eu a não ter razão.
FRezende

A. João Soares disse...

Caro FRezende,

Um pouco de optimismo, mesmo que preocupado, tem vantagem, porque pode ser contagioso e constituir o início da viragem.
É sempre oportuno dar a volta, mas neste momento há sinais positivos de que poderá ser esta a oportunidade aproveitar.
Oxalá que não nos falte a esperança e que não sejamos mais uma vez desiludidos!

Um abraço
João

José Lopes disse...

Não sei se sou tão optimista, mas já é altura de se exigir aos políticos que trataem de se bater pela causa pública.
Cumps

A. João Soares disse...

Caro Guardião,

O meu optimismo é muito preocupado, a esperança não é grande, mas gostaria, com as palavras que procuro empregar, influenciar as pessoas para que fossem o germe de melhores tempos. Seria bom que os políticos, como bem diz, passassem a bater-se mais pela causa pública e menos pala taça do campeonato que disputam entre si com sacrifício do País.

Um abraço
João