quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ironias da sociedade moderna


Pela GNR de Alfena (Valongo) foi detido após 41 anos a guiar sem carta, um homem, residente em Santo Tirso que, desde os 18 anos, guiava sem estar legalmente habilitado, sem nunca ter sido fiscalizado e sem ter tido acidentes.

Sem dúvida a detenção justifica-se por se tratar de uma infracção grave.

Mas, olhando o caso por outra óptica, ele merecia que lhe fosse dada já a carta e um prémio, por nunca ter tido acidentes, coisa de que muitos encartados não podem gabar-se. Afinal a carta nunca lhe fez falta, a não ser agora para mostrar à autoridade a fim de não ser detido!!!

3 comentários:

Pata Negra disse...

Somos um país de credenciados, diplomados e encartados. Se existem "novas oportunidades" para outras competências - que à partida deveriam ser mais exigentes - porque não para a condução?! Na mesma linha, se um tipo comprovasse que conduzia há alguns anos sem carta e sem acidentes dever-lhe-ia ser passada a carta de condução! A carta de condução só se justifica para analfabetos!
Um abraço em papa-reformas

Táxi Pluvioso disse...

Trata-se de uma infracção grave porque ele não pagou às escolas de condução nem os impostos ao Estado.

A. João Soares disse...

Caros Pata Negra e Táxi Pluvioso,

Ambos os comentários merecem meditação. Não estamos num mundo perfeito.
Não podemos deixar de concordar que a lei deve ser cumprida. Realmente, em teoria, devia ser cumprida, por todos. Porém, a realidade mostra que há uns indivíduos ocultos sob a capa da política ou do poder financeiro que escapam a qualquer lei. Não há notícia de político julgado e condenado, e não parece que seja por terem dons de santidade com comportamentos impecáveis.

O «fabrico de leis» torna-as uma artificialidade humana e, portanto, sujeitas a erros. Errar é humano, erro do real poder legislativo, que não sei bem se pertence ao Parlamento, ao Governo ou aos dois. E isso foi recentemente reconhecido segundo notícia dos jornais que informava que muitas centenas de leis irão em breve para o caixote do lixo, sendo substituídas por novas leis que já foram encomendadas a gabinetes de advogados por alguns milhões de euros!!!

Trata-se de negócios com advogados amigos que entregam as tarefas a estagiários que não têm noção real da vida dos portugueses e que, por gratidão, não deixarão de inserir uns pormenores suficientes para protecção dos reais detentores do poder no País. Será de esperar que continue a haver erros, mas serão certamente outros erros!!!

A propósito das cartas de condução, soube há pouco tempo que em França a carta é vitalícia, sem serem precisos exames para renovação. Será que entre nós se justifica o custo da burocracia e dos incómodos para renovar tal papel? Se o condutor idoso estiver interessado em deixar de ter carta, por já não se sentir inteiramente capaz, tem de possuir grande poder de persuasão para convencer o médico a chumbá-lo!

Mas que o indivíduo da notícia sabe conduzir não merece a mínima dúvida e cumpre a lei no estacionamento, no respeito ao risco, no limite de velocidade, etc, ao ponto de nunca ter tido qualquer contacto com a polícia.

Mas concordo com a Sãozita, na ausência de «ética e de civismo, a lei é um pilar fundamental, desde que a conheçamos(são muitas e mal feitas!) e as saibamos interpretar.

Abraços
João
Saúde e Alimentação