Transcrição
O profeta Guterres
Jornal de Notícias. 06-06-2010. Por António Freitas Cruz
Não sei o que pensava o engenheiro Guterres quando fugiu do Governo aterrado por um fantasma a que chamou "pântano". A verdade é que, daí para cá, tudo se passou como se o antigo primeiro-ministro tivesse proclamado uma profecia.
Não quero especular sobre a natureza do "pântano". Nem preciso: é mais do que certo que se tratava de qualquer coisa ameaçadora.
De facto, quando olhamos hoje para a sociedade que somos sem os óculos cor-de-rosa dos que apenas se interessam pela conservação do Poder, a visão configura um quadro assustador: a corrupção anda à solta a todos os níveis, é visível a promiscuidade obscena entre a política e os negócios, todos os dias se conhecem novos exemplos de favoritismos, amiguismos e compadrios sem quaisquer disfarces.
Enquanto tudo isto atinge as raias da sem-vergonha, acentuam-se desigualdades tremendas entre os que podem e os que não podem, entre os que têm e os que não têm. E a mentira é o manto diáfano que não consegue esconder uma situação desesperada!
Não me digam que desenhei um exagero deprimente e que a realidade não confirma o pesadelo. Acredito que Guterres teve consciência de que jamais lhe seria possível varrer o pântano para debaixo dos tapetes.
Então, preferiu fugir. Tinha gasto sete anos a inventar uma geração de governantes incapazes e estouvados de quem os portugueses nunca sentirão saudades.
Aí, sim, teve um enorme sucesso!
domingo, 6 de junho de 2010
Guterres profeta do sistema
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4 comentários:
Nunca tivemos um PM tão bom como ele. Que classe! Que noção de governo - serviço público. Que inteligência! Só não teve a sorte de ter uma maioria absoluta e os milhões que teve o Cavaco!
Cara Carol,
Foi realmente um homem sensato, apoiado em valores éticos, mas demasiado dedicado ao diálogo, sem capacidade de decisão para o parar e depois tomar decisões. Acabou por retardar as decisões ou, muitas vezes, deixar de as tomar. E por isso foi vítima desses aspectos, deixou o País deslizar para o pântano e teve de abandonar o poder. Nesta decisão deu um bom exemplo aos vindouros que pecam por não o imitar.
Abraço
João
Saúde e Alimentação
Meu Caro João,
Discordo que ele tenha sido um bom PM por várias razões: a primeira foi a escória que fomentou e deixou durante a sua governação, a segunda foi fugir quando presentiu que iamos cair num "buraco" e tal como os ratos são os primeiros a fugir quando há um naufrágio. Era palavroso mas não tomava decisões! Foi responsável pelo aparecimneto de sócrates, varas e quejandos...
Como tal melhor seria, tal como outros, não ter sido PM!
Um abraço amigo.
Tens razão,
O facto de ser católico, boa pessoa e bem intencionado não basta para ser bom PM. Ao contrário do actual, faltou-lhe poder de decisão, hesitante, demorou medidas, ou não as tomou e deixou-se dominar por uma geração de «boys» deslumbrados, ambiciosos, que apenas queriam e continuam a querer aumentar a própria riqueza, através de negociatas, cumplicidades, conluios, corrupção, tráfico de influências e troca de favores entre a camarilha.
O mal que agora sofremos tem as raízes num passado distante e ele não está ileso de culpas.
Um abraço
João
Saúde e Alimentação
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