Rupturas
Recorrer ao fundo europeu, como em tempos recorremos ao FMI, só significará que as medidas de austeridade terão de ser mais fortes, muito mais fortes. Refinanciar a nossa dívida não significará nunca deixar de a pagar e, como o dinheiro está a ficar cada vez mais caro, vamos ter de o pagar cada vez mais rápido.
O país precisa de facto de uma ruptura, com o pragmatismo partidário a ceder em favor de uma ideologia que promova a dignidade humana, com os egoísmos a darem lugar à solidariedade e à partilha. Se isto não acontecer, vamos passar mais uns anos a corrigir os erros do passado para os repetir logo que a tempestade tenha passado.
O problema de Portugal e das empresas portuguesas é a falta de uma cultura de exigência e a falta de uma vontade pura de premiar o mérito, acabando com o mundo das cunhas. A ruptura que temos de fazer é cultural. Até lá, estaremos sempre em crise.
NOTA: A ruptura parece ser indispensável e inadiável, mas tem que ser sensata, inteligente e não um acto de loucura, de irresponsabilidade. Na Islândia, os eleitores estão dispostos à rotura votando em partidos e candidatos bizarros para fugirem ao afogamento no pântano criado pela diminuição da credibilidade dos políticos sérios. Elegeram o mais famoso humorista do país nas eleições autárquicas de há uma semana em Reiquejavique.
O autor, Paulo Baldaia, refere de forma muito clara os valores que devem ser respeitados para restaurar Portugal, fugindo ao marasmo, demasiado indiferente e acatador de vícios e manhas, nocivos ao País, que se vêem arrastando por tempo demasiado.
Jornal de Notícias 05-05-2010. Por Paulo Baldaia
No meio da crise, que muitos imaginam estar longe do fim, há muito quem peça rupturas e quem adivinhe a necessidade futura de Portugal recorrer ao fundo de emergência europeu, uma espécie de FMI para os países pobres da Europa, mas ricos à escala global.
Ter amigos endinheirados, como a Alemanha, dá muito jeito quando as coisas correm bem, mas esses amigos têm sempre uma factura para apresentar quando as coisas dão para o torto. A ruptura com o caminho que temos seguido até aqui vai mesmo acontecer, a questão está em saber se a vamos saber impor a nós próprios ou se terão de ser outros a fazê-lo.
No meio da crise, que muitos imaginam estar longe do fim, há muito quem peça rupturas e quem adivinhe a necessidade futura de Portugal recorrer ao fundo de emergência europeu, uma espécie de FMI para os países pobres da Europa, mas ricos à escala global.
Ter amigos endinheirados, como a Alemanha, dá muito jeito quando as coisas correm bem, mas esses amigos têm sempre uma factura para apresentar quando as coisas dão para o torto. A ruptura com o caminho que temos seguido até aqui vai mesmo acontecer, a questão está em saber se a vamos saber impor a nós próprios ou se terão de ser outros a fazê-lo.
Recorrer ao fundo europeu, como em tempos recorremos ao FMI, só significará que as medidas de austeridade terão de ser mais fortes, muito mais fortes. Refinanciar a nossa dívida não significará nunca deixar de a pagar e, como o dinheiro está a ficar cada vez mais caro, vamos ter de o pagar cada vez mais rápido.
O país precisa de facto de uma ruptura, com o pragmatismo partidário a ceder em favor de uma ideologia que promova a dignidade humana, com os egoísmos a darem lugar à solidariedade e à partilha. Se isto não acontecer, vamos passar mais uns anos a corrigir os erros do passado para os repetir logo que a tempestade tenha passado.
O problema de Portugal e das empresas portuguesas é a falta de uma cultura de exigência e a falta de uma vontade pura de premiar o mérito, acabando com o mundo das cunhas. A ruptura que temos de fazer é cultural. Até lá, estaremos sempre em crise.
NOTA: A ruptura parece ser indispensável e inadiável, mas tem que ser sensata, inteligente e não um acto de loucura, de irresponsabilidade. Na Islândia, os eleitores estão dispostos à rotura votando em partidos e candidatos bizarros para fugirem ao afogamento no pântano criado pela diminuição da credibilidade dos políticos sérios. Elegeram o mais famoso humorista do país nas eleições autárquicas de há uma semana em Reiquejavique.
O autor, Paulo Baldaia, refere de forma muito clara os valores que devem ser respeitados para restaurar Portugal, fugindo ao marasmo, demasiado indiferente e acatador de vícios e manhas, nocivos ao País, que se vêem arrastando por tempo demasiado.
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