Há a tendência de atribuir ao Governo, aos políticos, as culpas de todo e qualquer mal, como se estivéssemos num regime paternalista, ditatorial em que fôssemos apenas ovelhas sem precisar de pensar e apenas bastando seguir o pastor.
O pequeno texto, extracto do artigo de hoje de Manuel António Pina coloca em evidência essa mentalidade, que orienta muitas manifestações da parte de empresários que, sem correr riscos, querem obter os maiores lucros, usando o mesmo critério dos políticos que querem manter as regalias e mordomias, colocando os contribuintes a pagar a crise, resultante das más governações sucessivas
À boleia da crise
Jornal de Notícias. 18-06-2010. Manuel António Pina
Os empresários estão preocupados com a situação do país (os empresários nunca estão preocupados consigo, mas com o país) e querem "rever as bases da competitividade, nomeadamente os custos da mão-de-obra" e correr menos riscos para "contratar e despedir pessoas".
Que empresários são estes que querem ter lucro sem correr riscos? E ser "competitivos" pagando menos e exigindo mais aos seus trabalhadores?
É sabido que Portugal é um dos países da Europa onde se trabalha mais e onde os custos laborais são mais baixos. E sucessivos estudos internacionais demonstram que a baixa produtividade das empresas portuguesas resulta sobretudo da má qualidade da gestão e do deficiente planeamento e organização do trabalho. Aqui, porém, os nossos empresários assobiam patrioticamente para o lado.
Rapidinhas de História - Livros
Há 36 minutos
2 comentários:
Os empresários choram-se e o governo acode-lhes, sendo que o bombo é sempre o mais indefeso - o pequenino. Um governo que não sabe, ou não quer, ser imparcial em questões laborais, não pode merecer confiança por parte de quem sai sempre perdedor nesta contenda.
Abraço do Zé
Caro Zé Povinho,
Para esclarecer as suas dúvidas (ou certezas?), verifico que O Google, de forma automática conseguiu colocar no friso inferior do post uma série de posts antigos todos relacionados com o tema. Ainda não tinha tido prova igual do mérito do critério que a informática usa para este sistema de alerta.
Há uma «lógica» diabólica, desumana e anti-valores éticos que conduz a economia moderna para a desgraça da humanidade. O que lhe interessa é o lucro, por qualquer preço e ao mexilhão do ditado, ou a relva do estádio de futebol, ou o bombo da festa ou o pião das nicas é sempre o trabalhador mais desprotegido, aquele que, numa óptica de caridade cristã, devia ser o mais amparado, para ser evitada a injustiça social, a exploração do homem pelo homem.
Enquanto forem desprezados os valores morais e o respeito pela pessoa, como ser humano, e se faça sobrepor o lucro a todos os factores da empresa, o mundo será arrastado para o abismo.
Perante esta perspectiva, se nada for feito de forma determinada e consistente, cumprir-se-á a Profecia do alemão Carl Friedrich von Weizsäcker
Abraço
João
Do Mirante
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