Duas transcrições seguidas de NOTA:
Quem vier atrás feche a porta
Jornal de Notícias 07-06-2010. Por Manuel António Pina
Não se entende o alarme suscitado pela proposta do ministro Luís Amado de estabelecer na Constituição um limite à dívida pública.
Contra a ideia insurgiu-se toda a gente, do PSD (pela voz do seu secretário-geral, aflito por a proposta ser "muito socialista"; Angela Merkel, que a impôs na Alemanha, há-de ter ficado com as orelhas a arder...) ao PCP, ao BE e ao próprio PS. Toda a gente?
Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor, o CDS/PP. A má sorte de soluções que, em Portugal, metam travão a fundo à dívida pública (que, em finais do ano passado já ia - incluindo os encargos das famosas "parcerias público-privadas" e a dívida das EP - em 120% do PIB) é que as gerações futuras, que terão de a pagar, ainda andam de cueiros e não votam.
De qualquer modo só haveria vantagens se a Constituição determinasse até onde podem os governos endividar-nos. De facto, a vingar a teoria do ministro Teixeira dos Santos de que os princípios constitucionais "não são absolutos" e podem mandar-se às urtigas, deixar-se-iam os "mercados" contentes e a coisa não teria efeito nenhum.
A suspensão da Democracia!
Jornal de Notícias 07-06-2010. Por Honório Novo
Há um ano, o país indignou-se quando a dra. Ferreira Leite disse que era preciso suspender a Democracia durante seis meses!
Ficou célebre esta afirmação da então líder do PSD, que se predispunha a sacrificar um bem político essencial ao que julgava serem os problemas do país. Foram coisas parecidas que Sidónio Pais e Gomes da Costa disseram quando encabeçaram golpes contra a 1.ª República, o último dos quais "suspendeu a democracia" durante os quarenta e oito anos do fascismo salarazista…
Ainda esta afirmação não caíra no esquecimento quando Teixeira dos Santos veio dizer a mesma coisa, a propósito da retroactividade do IRS. Para o ministro, também vale tudo, tudo se justifica. Para o ministro, a Constituição - que impede a retroactividade de impostos - também pode ser suspensa se o " Governo considerar que o interesse nacional é mais importante"! Ou seja: Teixeira dos Santos não só defende como vai mesmo suspender a Constituição (e a Democracia) em Portugal!
A suspensão da democracia é ideia que une as hostes do PS e do PSD. É o que pode também suceder com o pacote do aumento dos impostos.
Para o Governo, esta proposta não é uma revisão orçamental pois só diminui despesas e só aumenta receitas já previstas no Orçamento. Se assim é - e nada se objecta a esta leitura -, então essa proposta não pode ser transformada em revisão orçamental por intervenção de qualquer grupo parlamentar. O que pode vir a suceder, como o Governo pretende e o PSD silencia, com alterações que aumentem os limites das garantias (despesas) do Estado…
A Constituição e a Lei estipulam que as propostas de Estado e suas revisões cabem exclusivamente ao Governo. Mas isso é letra morta para PS e PSD que vão fechar os olhos a mais este atropelo. Em nome… do "interesse nacional"! À boa moda do sidonismo!
NOTA: Parece que estarmos numa ditadura de loucos inimputáveis, irresponsáveis. Se a Constituição é para ignorar e «pode mandar-se às urtigas», porque existe? Porque não fazem outra, como tantas vozes advogam? Que exemplo de obediência à lei dá o senhor TS ? Porque são mantidos no governo tais tipos insubordinados, indisciplinados, que abusam da coisa pública a seu capricho? Para onde está a ser levado o País? Que herança querem deixar aos vindouros?
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Ditadura de loucos inimputáveis???
Publicada por A. João Soares à(s) 10:38
Etiquetas: ética, governar, interesse nacional
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4 comentários:
A Constituição é atacada por uns e driblada por outros, e Teixeira dos Santos está a tentar driblar a Lei Fundamental. Quanto à responsabilidade desta classe política que temos, é o que se vê: não há um único que tenha sido chamado pela Justiça a prestar contas pela má governação.
Cumps
Caro Guardião,
Realmente, é uma realidade a inexistência da Justiça para os políticos. Desde a Coreia do Sul já aqui referida, ao Japão, ao Peru; aos países nórdicos, à Grã-Bretanha, aos EUA, etc., a leio é abstracta e aplica-se a todos os cidadãos. Entre nós, destroem-se DVDs e escutas comprometedoras, arquivam-se processos, e como resultado, não há memória de um político ter sido julgado e condenado, mesmo que roube gravadores de jornalistas.
Ao receberem os votos transformam-se em santos sem mácula de pecado!!!
O exemplo que dão de infracção das leis e mesmo da Constituição é um vírus que corrói toda a sociedade. Não há moralidade para condenar seja quem for, porque os maiores criminosos de lesa-pátria são impunes.
Um abraço
João
Só imagens
Caro João,
A tua nota final aos dois artigos aqui postados dizem tudo. Estamos a entrar numa ditadura camuflada para beneficiar uns quantos com o prejuízo da maioria! Isto por um lado, por outro querem arranjar dinheiro por qualquer forma que não prejudique os detentores do poder! Nunca vi maior pouca vergonha!!!
Um abraço amigo.
Caro Luís,
O verdadeiro poder reside nos donos do grande capital e os governantes são os seus lacaios. Mas isso é agravado por os políticos estarem associados em bando conivente, em que a cumplicidade funciona como algemas que obriga a evitar descontentamentos no grupo, porque eles sabem que, «quando se zangam as comadres sabem-se as verdades» e isso seria muito trágico para os interesses de todos eles. E assim vão satisfazendo as suas ambições pessoais as sua vaidades até que o povo deixe de pagar impostos (o que não é previsível porque quem tem... tem medo). O Bilderberg, o FMI e outras instituições visíveis ou invisíveis vão puxando os cordelinhos para os fantoches agirem em conformidade.
Um abraço
João
Só imagens
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