segunda-feira, 7 de junho de 2010

A fome mata ao lado das grandes riquezas

Depois de ter publicado o post «RTP. Salários Escandalosos» e de ter lido um comentário no post «Encerramento de Escolas» com uma lista de salário dourados, surgem hoje duas notícias que, mesmo que se leia apenas o título, são chocantes. Mas, recomendo a sua leitura completa abrindo o link (clicando no respectivo título).

Falta de comida já afecta 95 mil crianças por dia
Jornal de Notícias. 07-06-2010. Carla Soares

São 285 mil as pessoas que recebem ajuda do Banco Alimentar contra a Fome, em Portugal. Destas, 33% são crianças. Com o aumento do desemprego e do número de famílias desestruturadas, há mais filhos a depender deste apoio para se alimentarem.

Este ano, cerca de 94 mil crianças são, em média, assistidas por dia pelos bancos alimentares, número que seria ainda maior se incluísse a Madeira, que não é abrangida pela rede. Porém, não há, em Portugal, dados concretos sobre a população infantil afectada pela fome. Nem a Direcção-Geral da Saúde, nem a Comissão de Acompanhamento da Acção para Crianças e Jovens em Risco, cujos responsáveis foram contactados pelo JN, avançam qualquer diagnóstico.

A verdade é que o total de pessoas que recebe este tipo de ajuda das cerca de 1700 instituições apoiadas pelo Banco Alimentar tem crescido de ano para ano. O apoio é dado por cabaz ou alimentação confeccionada, seja ao domicílio, em cantinas ou creches. (…)

Mas acontece em mais partes do mundo:

Fome é causa de morte no Mundo a cada seis segundos
Jornal de Notícias. 07-06-2010. C. S.

Existem, actualmente, 1,02 mil milhões de pessoas subnutridas no Mundo, o que significa que uma por cada seis não tem alimentação suficiente para ser saudável e manter uma vida activa. E, em cada seis segundos, uma criança morre por causa da fome ou de doenças relacionadas.

Os números são do Programa Alimentar Mundial, que alerta para o facto de a fome e a subnutrição serem o factor "número um" de risco para a saúde. Aliás, a fome "mata, em cada ano, mais pessoas do que a sida, a malária e a tuberculose juntas". E, dos cerca de mil milhões de pessoas que passam fome todos os dias, a maioria são mulheres e crianças.

Os números mais recentes mostram que 65% da fome mundial está localizada em sete países: Índia, China, República Democrática do Congo, Bangladesh, Indonésia, Paquistão e Etiópia. (…)

O que se passa nalguns pontos do mundo não deve constituir desculpa para o nosso péssimo sistema de «justiça social». Porém, o mundo é constituído por todos nós e cada um deve olhar para o que esteja dentro do seu raio de acção e fazer tudo quanto puder para o tornar eticamente melhor. É chocante a diferença crescente entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres da nossa sociedade. Trata-se de um fosso que nos envergonha, como se depreende do post «Austeridade nas reformas»

2 comentários:

Luis disse...

Caro João,
Este texto vem ao encontro do que se tem tratado nos nossos blogues e noutros em que se tem mostrado que as decisões que têm sido tomadas são à revelia do BOM-SENSO e revelam pouca BOA VONTADE em ver resolvida a "Injustiça Social" em que vivemos. No entanto poder-se-ia minimizar o grande esforço que se pede a quem tem pouco, se é que ainda tem algum, para dar não sacrificando mais este sector social que está exausto de tanto sofrer. Para isso bastaria reduzir os gastos faraónicos com obras desnecessãrias, reduzir os quadros de pessoal com vencimentos "ditos pornográficos", que só têm servido para pagar favores a amigos, boys e quejandos, com redução de deputados e autarcas e empresas ligadas às autarquias que de nada servem senão de cabides a amigos,
redução dos vencimentos dos gestores das empresas públicas, o permitir-se ter reformas antes do prazo dos 65 anos( há quem as obtenha aos 35 anos, por inteiro), acabar-se com indemnizações chorudas por tudo e por nada aos amigos, e reduzir as mordomias que se têm dado sem se saber ao certo porquê.
Tem-se vivido à "tripa forra" sem meios para o fazer e isso só tem agravado a crise que estava bem anunciada mas em que ninguém queria acreditar!
Um abraço amigo.

A. João Soares disse...

Caro Luís ,

Quem escreve estas palavras que aqui deixas é muito sábio.
Quando era ainda pequenino, já lá vão umas décadas, foi-me ensinado que nunca se deve gastar mais do que aquilo que se tem e devemos procurar nunca gastar tudo.
Infelizmente, os políticos não sabem essa regra e como se trata de dinheiro público, como não há justiça que os controle e os condene, como o povo anestesiado continua a deixar-se levar pelo canto da sereia, pelos vendedores da banha de cobra, pelos propagandistas de belas promessas, isto tem descaído cada vez mais.

Um dia o povo acordará, mas estremunhado, não aponta a raiva aos verdadeiros culpados e sofre o inocente em vez do causador da situação de miséria em que se caiu.

Os algozes, os compadres dos senhores do capital, os pitbull dos poderosos ficarão sempre a coberto da muralha com que se protegem. O mundo não é perfeito e a Justiça social não virá por milagre. É preciso lutar com força e boa táctica por ela, para se atingir o objectivo desejado.

Um abraço
João
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