terça-feira, 22 de junho de 2010

O amiguismo alargado

Há indícios que chegam quase por acaso, escondidos em textos que parecem inocentes. Na notícia Fundação Alter Real está a ser investigada por denúncia de uma directora que merece ser lida com atenção, além das dificuldades que o título sugere, encontramos elementos dos «currículos de três pessoas «chave» da fundação, que nada representam para o desempenho das responsabilidades que era suposto terem assumido.

Porquê chamarem fundação a esta instituição? Faz lembrar uma fundação para a segurança rodoviária que foi extinta pouco tempo depois de ter sido criada tal o escândalo que representava e que se traduzia em arranjar tachos para boys sem capacidade para enriquecer sem ser à custa do orçamento .

Vejamos o que se extrai agora desta notícia, acerca dos «gestores» desta instituição agro-pecuária e de arte equestre:

Vitor Barros, presidente da Fundação, exerceu as funções de secretário de Estado do Desenvolvimento Rural nos Governos de António Guterres e foi o candidato derrotado do PS às eleições de 2005 para a Câmara de São Pedro do Sul.

Rui Simplício era assessor parlamentar do Partido Socialista, líder distrital do PS em Portalegre e antigo presidente da Câmara local, foi nomeado em Março deste ano, por proposta de Vítor Barros administrador-delegado da fundação.

Maria Leal Monteiro, directora da coudelaria dirigiu até há poucos meses a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e foi, no ano passado, a candidata derrotada do PS à Câmara de Alter do Chão. É também um alto quadro do PS mas isso não a impede de manter graves divergências com Vítor Barros e é apontada como uma das autoras das denúncias.

Não é preciso dizer mais nada sobre as intenções das nomeações destas figuras, para os respectivos cargos.

E o resultado é: a situação financeira da FAR, que deveria sustentar-se a si própria com os lucros da produção agro-pecuária, nomeadamente com a venda de cavalos de alta qualidade, vive quase exclusivamente das contribuições do Ministério da Agricultura (700.000 euros em 2010), e tem-se deteriorado significativamente, acumulando-se as dívidas a fornecedores.

2 comentários:

Luis disse...

Caro Amigo João,
Parece que estamos a acordar desta letargia em que temos vivido. Deve ser a crise... e ainda bem que assim é ! Era tempo de acabar com este estado de coisas!
Um abraço amigo.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Uma crise, um acidente, um terramoto, são normalmente aproveitados por pessoas inteligentes para reestruturar e eliminar vícios e erros. O Marquês de Pombal construiu a baixa de Lisboa em moldes revolucionários para a época e que ainda são eficazes.
Será bom que agora apareça alguém com alguma inteligência e capacidade de agir com boa intenção para reestruturar Portugal e colocá-lo no caminho dos melhores exemplos ocidentais. É certo que isso causará desgosto nos boys, mas é para enfrentar as suas resistências que é preciso sentido de Estado, inteligência e capacidade de decisão.

Um abraço
João Soares