domingo, 20 de dezembro de 2009

Natal e um auto-exame

Com base na oração de abertura do Senado estatal do Kansas, pelo reverendo Joe Wright, foi elaborado este texto:

Nesta quadra de Natal analisamos os nossos actos mais recentes, arrependemo-nos dos erros cometidos e esperamos melhor inspiração e orientação para agirmos melhor no futuro.

Segundo os valores éticos tradicionais seria amaldiçoado aquele que chama "bem" ao que está "mal“, mas é exactamente o que temos feito.

Temos perdido o equilíbrio espiritual e temos mudado os nossos valores.

Temos explorado o pobre e temos chamado a isso "sorte".

Temos recompensado a preguiça e chamámos-lhe "Ajuda Social".

Temos matado os nossos filhos que ainda não nasceram e temos-lhe chamado “interrupção voluntária da gravidez".

Temos sido negligentes ao disciplinar os nossos filhos e chamámos-lhe “desenvolver a sua auto-estima”.

Temos abusado do poder e temos chamado a isso: "política".

Temos cobiçado os bens do nosso vizinho e a isso temos chamado "ter ambição".

Temos contaminado as ondas de rádio e televisão com muita grosseria e pornografia e temos-lhe chamado "liberdade de expressão".

Temos ridicularizado os valores estabelecidos desde há muito tempo pelos nossos ancestrais e a isto temos chamado "obsoleto e passado".

Esperamos que o Espírito de Natal nos leve a olhar para o fundo dos nossos corações, a fim de nos purificarmos e evitarmos voltar a errar.

2 comentários:

Maria Letr@ disse...

Boa e sábia interpretação das nossas atitudes, que convidam a uma reflexão profunda sobre todos os nossos actos, assumidos em cada instante e os quais apelidamos de termos que 'assentam' muito bem mas que, muitas vezes, não correspondem à sua verdadeira identificação.
Gostei da "liberdade de expressão", muito apregoada quando aconteceu o "socialismo em liberdade", o qual gostaria de ter visto tomar rumos bem diferentes.
Um abraço.
Maria Letra

A. João Soares disse...

Querida Amiga Mizita,

Como este se refere a um facto ocorrida na América, vou transcrever-lhe uma opinião acerca do livro «SISTER REVOLUTIONS French Lightning, American Light» de Susan Dunn, editora Faber and Faber, Inc.
O mundo está a precisar de decisões de repercussões muito significativas, havendo que definir bem o problema, as suas condicionantes e o objectivo pretendido, bem como a linha estratégica que conduz á concretização desse objectivo. Depois, deve haver um controlo cuidadoso por forma a garantir a convergência dos esforços, para não haver desperdício de energias e se atingir o melhor resultado.
Isto já foi escrito no post Pensar antes de decidir e de que agora me recordei quando recebo pela segunda vez este livro.

As grandes diferenças nos resultados das revoluções Francesa e Americana devem-se, segundo uma opinião que recebi, às origens e bases doutrinárias usadas por uma e por outa.

Uma das coisas foi a ideia de que o falhanço da revolução francesa (que levou ao terror jacobino e finalmente à tirania e à guerra do Napoleão) se deveu ao postulado inicial da "liberté, egalité, fraternité". Os conceitos de liberdade e igualdade são incompatíveis! Tal como veio a ser demonstrado muito mais tarde pela experiência soviética.
Pelo contrário, o ideal da revolução americana "We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness" (conceito que vem do filósofo escocês Hume) põe a liberdade em destaque mas não impõe qualquer ideia de igualdade como objectivo final da sociedade.
Cabe a cada indivíduo fazer o que muito bem entender com a sua vida, o seu livre-arbítrio, e não cabe ao estado constrangi-lo ou impor-lhe a sua ideia de felicidade.

Em Portugal, após o 25 de Abril, a liberdade foi entendida como libertinagem e logo aí em vez da apregoada igualdade surgiram exclusões e discriminações que restringiram a liberdade de cada um ser ele próprio. À semelhança do fracasso da revolução francesa, e da URSS, também por cá houve fracasso de que ainda hoje nos lastimamos e não se vê a porta de saída deste labirinto em que se procura conciliar o inconciliável.

Querida Mizita, não faltam tópicos para a nossa reflexão, mas a vida é curta para entrarmos a fundo nestes temas.

Beijos
João