Texto de Sérgio Barros, que não precisa de introdução:
Faltavam apenas cinco dias para o Natal. O espírito da ocasião ainda não tinha me atingido, mesmo que os carros lotassem o estacionamento do shopping. Dentro da loja, era pior. Os últimos compradores lotavam os corredores.
-Por que vim hoje? Perguntei a mim mesmo. Meus pés estavam tão inchados quanto minha cabeça. Minha lista continha nomes de diversas pessoas que diziam não querer nada mas eu sabia que ficariam magoados se eu não os comprasse qualquer coisa. Comprar para alguém que tem tudo e com os preços das coisas como estão, fica muito difícil.
Apressadamente, eu enchi meu carrinho de compras com os últimos artigos e fui para a longa fila do caixa. Na minha frente, duas pequenas crianças um menino de aproximadamente 10 anos e uma menina mais nova, provavelmente de 5 anos. O menino vestia roupas muito desgastadas. Os ténis me pareceram grandes demais e as calças de brim muito curtas. A roupa da menina assemelhava-se a de seu irmão. Carregava um bonito e brilhante par de chinelos com fivelas douradas.
Enquanto a música de Natal soava pela loja, a menina sussurrava desligada mas feliz. Quando nos aproximamos finalmente do caixa, a menina colocou, com cuidado, os chinelos na esteira. Tratava-os como se fossem um tesouro. O caixa anunciou a conta.
-São $6,09. -Disse.
O menino colocou suas moedas enquanto procurava mais em seus bolsos. Veio finalmente com $3,12.
-Acho que vamos ter que devolver. Nós voltaremos outra hora, talvez amanhã. –disse.
Com esse aviso, um suave choro brotou da pequena menina.
-Mas Jesus teria amado esses chinelos. -Ela resmungou.
-Bem, nós vamos para casa e trabalharemos um pouco mais. Não chore. Nós voltaremos. -Disse o menino.
Rapidamente, eu entreguei $3,00 ao caixa. Estas crianças tinham esperado na fila por muito tempo. E, além de tudo, era Natal.
De repente um par de braços veio em torno de mim e uma pequena voz disse:
-Agradeço, senhor.
-O que você quis dizer quando falou que Jesus teria gostado dos chinelos? -Eu perguntei.
O pequeno menino me respondeu,
-Nossa mãe está muito doente e vai pro céu. Papai disse que ela pode ir
antes mesmo do Natal, estar com Jesus.
E a menina completou:
-Meu professor disse que as ruas no céu são de ouro, brilhantes como estes chinelos. Mamãe não ficará bonita andando naquelas ruas com esses chinelos?
Meus olhos inundaram-se de lágrimas e eu respondi,
-Sim, tenho certeza que ficará.
Silenciosamente agradeci a Deus por usar estas crianças para lembrar-me do verdadeiro espírito de Natal. O importante no Natal não é a quantidade de dinheiro que se gasta, nem a quantidade de presentes que se compra, nem a tentativa de impressionar amigos e parentes. O Natal é o amor em seu coração, é compartilhar com os outros como Jesus compartilhou com cada um de nós. O Natal é o nascimento de Jesus que Deus nos enviou para mostrar o quanto nos ama realmente.
"Cancelamentos culturais" na América (4)
Há 5 horas
6 comentários:
Caro João Soares,
Que história comovente.
Estejamos neste Natal juntos a Maria e José que esperam Jesus no Presépio em Belém. E o acolhamos sempre com muito amor, até ao dia em que será ele a nos acolher em Sua Casa.
Santo e Feliz Natal.
Caro Zorro,
É realmente uma história encantadora. É própria para esta quadra do ano mas deve ser recordada sempre. Não é vulgar nesta época de materialismo interesseiro e egoísta.
Um abraço
João
Desejo um maravilhoso Natal a você!
E que o novo ano que inicia seja mãgico e abençoado!
Bj
Beta
Amiga Beta,
Agradeço e retribuo os seus votos. Estou convicto de que 2010 será melhor do que 2009, pois pela minha parte, vou fazer tudo para isso, assim cada ser humano pretenda fazer. A humanidade é o somatório de todos e por isso cada um deve agir correctamente em benefício do conjunto.
Beijos
João
Amigo João Soares,
Eu já ando para aqui a lutar contra um infame nó na garganta que parece não querer deixar-me e, quando leio coisas como esta, fico ainda mais triste.
Lindíssimo texto. BOM NATAL!!!
Maria Letra
Querida Amiga Mizita,
A humanidade seria muito melhor se olhássemos atentamente para os pensamentos e os sentimentos das pessoas simples, das crianças e até para o comportamento de muitos animais que apelidamos de selvagens.
O mal surge com a sofisticação das pessoas que deixam de ser humanas de ter civismo e passam a alimentar sentimentos negativos como inveja, ódio, ambição, desejo de posse, de ostentação, etc.
As crianças são detentoras do Espírito de Natal, até que os pais as contaminem com os brinquedos menos adequados.
Beijos
João
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