quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sistema que você aceitou por contrato

É absurdo que todos pensemos que não se pode mudar este sistema. Na história da humanidade todos os sistemas deram lugar a outros.
Somos nós que mantemos este sistema cumprindo um contrato sem nunca termos parado para pensar.
Em grandes linhas, este é o seu conteúdo:

CLÁUSULA 1ª:
Eu aceito a busca do conforto como o fim supremo da humanidade, e a acumulação de riquezas como o maior objectivo na nossa vida.
Quanto mais infeliz for, mais consumirei, e assim contribuirei para o bom funcionamento do sistema.

CLÁUSULA 2ª:
Eu aceito que a investigação relacionada com a minha saúde esteja nas mãos de empresas cuja única motivação é gerar lucros.
Não me preocupa que as farmaceuticas financiem os congressos de medicina e que controlem assim a informação que chega aos meus médicos.
Confio na indústria farmaceutica, e na gente como Donald Rumsfeld, accionista e ex-presidente da farmaceutica que desenvolveu o Tamiflú. Não creio que sejam capazes de criar vírus como o da gripe A para enriquecer.

CLÁUSULA 3ª:
Eu aceito deixar o meu salário nos bancos para que eles o invistam naquelas actividades que mais dinheiro geram, independentemente da sua moralidade ou do seu impacto ambiental.
Assumo que os investimentos mais lucrativos são os que exploram os cidadãos dos países em desenvolvimento e apoio por completo estas actuações.

CLÁUSULA 4ª:
Eu aceito que as autoridades guardem todos os dados que possuam sobre mim. Confio neles e não me importa levar DNI com microchip, nem dar a minha identificação ocular ao entrar noutro país, nem ter que mostrar o conteúdo do meu computador nos aeroportos.

CLAÚSULA 5ª:
Eu aceito os paraíses fiscais para que ricos e delinquentes não paguem os impostos que eu pago.

CLÁUSULA 6ª:
Eu aceito que os bancos internacionais emprestem o meu dinheiro a países que querem armar-se para a guerra, e que possam escolher onde irão ter lugar as guerras.
Estou consciente de que o melhor é financiar ambos os lados para que o conflito dure o maior tempo possível, não só para ganhar mais dinheiro mas para que eles depois paguem com os seus recursos quando não puderem devolver os empréstimos.

CLÁUSULA 7ª:
Eu aceito que a publicidade me conte mentiras e que me faça desejar coisas, que quando consigo, me beneficiam pouco.

CLÁUSULA 8ª:
Eu aceito que se guardem todos os meus e-mails durante 5 anos ainda que eu os apague. E que empresas como Yahoo dêem acesso às contas às autoridades chinesas, permitindo assim deter dissidentes.
Eu aceito a última tecnologia descoberta que permite que os telemóveis possam retransmitir o que ouvem mesmo quando o seu proprietário o tenha desligado. (para evitá-lo, retire a bateria)

CLAÚSULA 9ª:
Eu aceito que o poder esteja nas mãos das pessoas mais ambiciosas e com menos escrúpulos.

CLÁUSULA 10ª:
Eu aceito que os partidos políticos aglutinem o pior do país e que a cada 4 anos me contem o que sabem que quero ouvir para chegar ao poder.

CLÁUSULA 11ª:
Eu aceito que os meios de comunicação estejam concentrados nas mãos de grandes poderes económicos, porque sei que farão um bom uso deles. Aceito acreditar só no que os meios de comunicação dizem e pensar que o que se diz fora deles são boatos para gente inculta e crédula. Eu aceito esta matriz na qual me colocaram para que não possa ver a realidade das coisas. Sei que o fazem para o meu bem.

CLÁUSULA 12ª:
Eu aceito que as notícias compilem o que de pior se passou no planeta nesse dia, para que me sinta impotente e pense que não há nada que se possa fazer.
Sei que alimentar o medo, a raiva e o desespero é o melhor que podem fazer por nós porque crer que se pode mudar algo é perigoso.

CLÁUSULA 13ª:
Eu aceito as versões dos acontecimentos que me dão os meios de comunicação e apoio todas as divisões entre seres humanos que os governos me queiram contar.
Desta forma poderei focalizar a minha cólera para os inimigos desenhados por eles, e não me oporei a acções bélicas que respondam a interesses político-económicos.

CLÁUSULA 14ª:
Eu aceito que se condene à morte o próximo, e nos convençam a acabar com ele, sempre que o seu governo tenha sido declarado, pelo nosso, como seu inimigo.

CLÁUSULA 15ª:
Eu aceito que se destruam toneladas de comida para que não baixem os preços internacionais. Parece-me melhor do que oferecê-las às centenas de milhares de pessoas que morrem de fome todos os anos.

CLÁUSULA 16ª:
Parece-me bem que haja países como Haiti, onde à falta de outra coisa, comem bolos feitos com terra. Como todos somos egoistas, estou convencido de que, no fundo, todos estamos de acordo com esta situação.

CLÁUSULA 17ª:
Eu aceito que…
- a felicidade é conforto
- o amor é sexo
- e a liberdade é ter dinheiro para poder satisfazer todos os meus desejos.

CLÁUSULA 18ª:
Eu aceito que se façam guerras por motivações económicas como o petróleo, reactivar a economia ou dar saída aos stocks de armas obsoletas.
Há que fazer seja o que for para manter o sistema em marcha, porque é sem dúvida o melhor possível.

CLÁUSULA 19ª:
Eu aceito comer carne bovina tratada com hormonas sem que exista obrigação legal de indicá-lo em nenhuma etiqueta.
Eu aceito servir de cobaia e comer carne de animais criados com alimentos transgénicos, para comprovar se aparece alguma anomalia na nossa espécie a longo prazo.

CLÁUSULA 20ª:
Eu aceito que os vegetais que ingiro tenham recebido pesticidas e herbicidas tóxicos para a minha saúde, sempre que não usem demasiado.
Eu aceito que se utilizem todo tipo de aditivos químicos na minha alimentação, porque estou convencido de que se os utilizam, é porque sabem que não há nenhuma consequência a longo prazo.

CLÁUSULA 21ª:
Eu aceito que os transgénicos se expandam por todo o planeta, e que as multinacionais agroalimentares que alimentam seres vivos, acumulem enormes dividendos por eles e controlem a agricultura mundial.
Estou convencido de que é moral especular com o preço dos alimentos, para que o sistema de mercado garanta que os recursos sejam distribuídos de forma eficiente.

CLÁUSULA 22ª:
Eu aceito pagar o preço mais baixo possível pela carne dos animais que compro, pelo que me parece bem que os tratem mal, para baixar o preço da sua carne.
Ao fim e ao cabo somos una espécie superior.
Em consequência, se viesse outra espécie superior de outro planeta, parecia-me lógico que fizessem o mesmo connosco.

CLÁUSULA 23ª:
Eu aceito a política de «revolting doors» (portas giratórias). Sei que os directores de organismos internacionais como a OMS, a OIT, o FMI e o Banco Mundial são ex-empregados de grandes corporações, que sabem que «portando-se bem» voltarão a essas corporações no ano seguinte ganhando quantidades astronómicas.

CLÁUSULA 24ª:
Eu aceito a hegemonia do petróleo na economia, apesar de ser uma energia cara e poluente, e estou de acordo em impedir qualquer tentativa de substituição, porque a implantação dos métodos de energia livre já descobertos e silenciados seriam uma catástrofe para o sistema

CLÁUSULA 25ª:
Eu aceito que o valor de uma pessoa dependa da sua capacidade para gerar dinheiro e de aparecer ou não na televisão.
Tomarei como minhas referências pessoais as pessoas que aparecem na televisão, e procurarei ser como eles.

CLÁUSULA 26ª:
Eu aceito que se paguem fortunas a jogadores de futebol e a actores, para convertê-los nos nossos modelos a imitar.
Parece-me totalmente lógico que se pague muito pouco aos professores que se encarregam de formar as gerações futuras.

CLÁUSULA 27ª:
Eu aceito que as multinacionais não apliquem as conquistas sociais do ocidente nos países desfavorecidos. Apoio que haja crianças trabalhando, para que os produtos que compro tenham o preço mais baixo possível.

CLÁUSULA 28ª:
Eu aceito que os mais velhos sejam considerados um estorvo e não sejam nunca o nosso modelo, porque como civilização mais avançada do planeta (e do universo, já que é impossível que existam mais), sabemos que a experiência não tem nenhum valor.

CLÁUSULA 29ª:
Eu aceito a concorrência como base do nosso sistema, mesmo quando estou ciente de que este funcionamento engendra frustração e cólera para a maioria.
Substituir a concorrência pela colaboração seria um erro.

CLÁUSULA 30ª:
Eu aceito usar o que tenho de mais valioso, o meu tempo, para fazer um trabalho que não gosto, para poder comprar muitas coisas para evadir-me desta vida tão vazia que levo.

CLÁUSULA 31ª:
Eu aceito a destruição dos bosques e o desaparecimento de espécies naturais. Parece-me lógico contaminar e dispersar pelo ar venenos químicos, assim como enterrar resíduos radioactivos que não estariam a salvo de um grande terremoto.

CLÁUSULA 32ª:
Embora a nossa história esteja cheia de conspirações políticas e políticos ambiciosos, eu aceito que agora tudo mudou e que os nossos dirigentes só buscam o nosso bem. As organizações secretas de políticos e grandes magnates como o club Bilderberg, a Trilateral ou o Comité dos 300 não existem e ninguém está tentando estabelecer um governo mundial através dos organismos internacionais.

CLÁUSULA 33ª:
Eu aceito que o sistema actual é o melhor possível. Já passou a época dos grandes ideais.
No mundo devem mandar as pessoas sensatas e realistas que procuram manter o sistema.
Tenho medo de que as coisas mudem porque os sonhadores só trazem problemas e instabilidade.

CLÁUSULA 34ª:
Eu aceito esta situação e admito que nem eu nem ninguém pode fazer nada para mudá-la.

CLÁUSULA 35ª:
Eu aceito não fazer perguntas, fechar os olhos a isto e não opor-me a nada, porque estou suficientemente ocupado com os meus próprios problemas.
Eu aceito também defender este contrato com a minha vida, porque tenho medo da mudança.

CLÁUSULA 36ª:
Eu aceito ser uma peça de um sistema, adaptar-me a ele e ensinar os meus filhos a adaptarem-se a ele.
A minha prioridade é manter-me no sistema e nunca me questionarei se me permite ou não ser feliz.

CARO LEITOR:
Estarás a pensar que são temas demasiado pesados e que não podes fazer nada…
Porém, realmente, temos todo o poder porque somos nós que estamos mantendo este sistema.
Neste mundo movido pelo dinheiro, cada gasto que fazes é um voto para manter o sistema ou mudá-lo.
Para cada um dos problemas expostos há iniciativas em curso.
Sem ter que mudar de vida, podemos reorientar os nossos gastos para as iniciativas que corrigem estes problemas.

Mais tarde ou mais cedo, a mudança é inevitável. Só podemos escolher entre fazê-lo já e não sofrer ou fazê-lo mais tarde sofrendo.
Obrigado por leres e por ires difundir este documento.

Texto de autor não identificado recebido por e-mail em formato.pps

4 comentários:

Luis disse...

Caro João,
Ao ter conhecimento deste e-mail repassei-o de imediato pois considero muito importante le-lo e interiorizá-lo!
Todos contratos podem ser reformulados e este é importante e urgente que o façamos!
Um abraço amigo e solidário.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Dar publicidade a textos como este e como outros que aqui tenho publicado e comentários que tenho escrito é um dever, é um serviço público. Mas os efeitos são diminutos porque as pessoas estão a cumprir o contrato como ovelhas mansas, tal como os deputados ao votarem na AR, no caso da lei de financiamento dos partidos e quando há disciplina de voto em temas sem relevância nacional.

Mas, não devemos desistir, porque «água mole em pedra dura tanto bate até que fura». Agora até o Manuel Maria Carrilho já avança em consonância com aquilo que aqui tenho dito repetidamente.

Um abraço
João

Fê blue bird disse...

Caro amigo:

Este texto dá que pensar e muito, é um alerta e é nossa obrigação cívica e moral divulgá-los.
Diz bem " devagar...devagarinho..."
havemos de conseguir levar a água ao moinho!
Um abraço

A. João Soares disse...

Querida Fê,

Mas olhe que a água para furar a pedra não pode desistir de bater. Devagarinho, mas sempre a andar. Há muitos obstáculos que estão nas mãos do Poder, do dinheiro, da capacidade de exploração.

Permita que lhe deixe aqui um comentário que me saiu ao correr do teclado, há pouco no Sempre Jovens, acerca do sismo no Haiti.
A situação mundial é grave:

Se o Marquês de Pombal disse que era preciso enterrar os mortos e cuidar dos vivos e, depois iniciou a reconstrução de uma nova cidade de Lisboa - abaixa pombalina - agora eu acrescentaria que deve ser pensada a relação dos homens com o Planeta..

É criminoso que os lacaios políticos que estiveram em Copenhaga a soldo de poderes económicos sem escrúpulos, ávidos de lucros, não tivessem a coragem de enfrentar honestamente o problema do ambiente, da conservação da Natureza, do clima.

Nessa altura, a comunicação social devia dar voz a geógrafos, cientistas, geólogos, meteorologistas, etc, para consciencializar as pessoas sobre as fragilidades do planeta, que não suporta tantos desgastes, desde as grandes urbanizações concentradas, as grandes e pesadas massas de água das barragens a aumentar o peso nas placas, na frágil crosta da Terra que é uma bola de líquido envolvida em fina camada mais dura, como a nata que cobre o leite.

A estupidez dos políticos governamentais e das autarquias que são ignorantes e sem boas intenções leva-os a decidir e autorizar imensos desmandos que, depois de acumulados, ocasionam rupturas que vão prejudicar quem se encontra nas linhas mais vulneráveis da crosta, como aconteceu agora no Haiti, como já aconteceu nas proximidades do Mediterrâneo, no Sul da Ásia e Oceania, ao longo do «cordão de fogo que envolve a Terra.

Culpar os Deuses é ocultar a verdade, isto é a inconsciência do Homem, daqueles que têm poder de regular as actividades das populações e que não têm competência nem vontade de decidir bem.


Beijos
João