sábado, 16 de janeiro de 2010

O dito por não dito

Baile de máscaras
Correio da Manhã. 16 Janeiro 2010. Por João Pereira Coutinho, Colunista

O governo vai fazer às claras o que pretendia fazer às escuras.

Onde é que eu já ouvi isto? Depois da promessa sagrada de não subir os impostos, o ministro das Finanças já disse o dito por não dito. Tudo porque a oposição (ou, se preferirem, a ‘coligação negativa’) actua com maldade para ‘aumentar a despesa’. Teixeira dos Santos falava do adiamento do Código Contributivo (que o Presidente da República promulgou) ou do Pagamento Especial por Conta, dois exemplos que, para o ministro, simbolizam essa vontade de ‘aumentar a despesa’.

Curiosamente, não parece ter ocorrido ao ministro uma expressão mais apropriada: ‘cortar a receita’. O que se compreende: o Código e o PEC já eram, de forma encapotada, uma forma de cobrar os impostos que o governo jurava não cobrar. Ao negar essa ‘receita’, a ‘coligação negativa’ não ‘aumenta a despesa’; limita-se, isso sim, a obrigar o governo a fazer às claras o que antes se preparava para executar às escuras: espremer o contribuinte. Verdade que o contribuinte continuará a ser espremido. Mas, pelo menos, terá a consolação de saber realmente quem lhe vai ao bolso.

NOTA:
Com estas contradições, parece que apenas devemos acreditar nos políticos quando chamam nomes feios uns aos outros. Eles conhecem-se bem !

2 comentários:

Luis disse...

Caríssimo Amigo João,
A tua nota diz tudo e por isso não me alongo mais no comentário!
Um abraço solidário.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Eles conhecem-se, são cúmplices nas tropelias contra o País, como se viu na votação da lei de financiamento dos partidos.
Seria bom que conhecessem bem as realidades do País e se importassem mais com os portugueses, aqueles que estão sufocados pelos exageros de políticos, banqueiros, construtores e outros endinheirados.

Um abraço
João