Por vezes, deparamos com títulos nos jornais que despertam a reflexão. Mas, para pessoas menos esclarecidas e mais pessimistas, podem causar pânico e descrença em esforços positivos.
Refiro apenas três títulos impressionantes dos jornais de hoje «A geração que está agora com 16-25 anos estará perdida?», «O retrato de quatro jovens na precariedade» e «Mark Boyle: Há um ano sem dinheiro». Os dois primeiros mostram as dificuldades encontradas por jovens ao tentarem entrar na vida activa numa sociedade obsoleta e que já pouco tem para lhes oferecer. A geração referida não pode traçar planos de vida semelhantes aos que foram seguidos por seus pais e avós. As sociedades alteraram-se muito, em grande parte devido às novas tecnologias que, se por um lado, geraram novas soluções para antigos problemas, por outro lado, criaram novas necessidades e exigem novas técnicas e novos hábitos.
Há poucos anos li que um rapaz sueco de 17 anos tinha criado uma multinacional da seguinte forma. Na escola, a par das ciências clássicas e das humanidades, aprendeu gestão doméstica e de empresas e decidiu aplicar os conhecimentos de informática, prestando serviços de consultoria e apoio técnico a empresas, chegando a organizar a contabilidade de pequenas empresas. Como o trabalho aumentava chamou estudantes colegas para com ele trabalharem. Depois, através de contactos pela Internet com estudantes holandeses, montou uma filial em Amesterdão e, mais tarde, outra em Londres. Estava criada a multinacional que iria progredir na expansão.
Os jovens a que se referem estes títulos devem ser inovadores e iniciarem a sua era, com serviços e empresas diferentes daquilo que hoje existe, começando por imaginar quais as necessidades dos próximos tempos e anteciparem-se nas soluções de que o mundo vai precisar. Foi assim que os portugueses iniciaram os descobrimentos. É assim que muitos jovens válidos estão a observar pistas possíveis para a sua vida, a sua realização. É preciso muito conhecimento, we capacidade de inovação e criatividade.
Mas nessa «aventura» não devem tornar-se escravos de bancos ou conselheiros «experientes», porque todos eles estão presos aos erros do passado e do presente, com manhas e vícios que ou impedem a evolução de que o mundo necessita ou muito a dificultam.
O terceiro título acima referido mostra um jovem que tenta demonstrar como o consumismo e a escravidão actual produzida pelo marketing e pelos bancos são totalmente dispensáveis na vida em paz e felicidade. É certo que poucas pessoas acreditam que a passagem da sociedade actual para processos de vida sem dinheiro e sem a pressão do consumismo não será fácil nem rápida. Mas nenhuma evolução natural produz resultados em pouco tempo.
Há que analisar bem as realidades e os sintomas da evolução e sondar pistas e novos caminhos. Valerá a pena controlar a evolução e evitando euforias e erros graves.
Isso está nas mãos da juventude de hoje, que deve estar consciente de que lhe cabe preparar o futuro em que terá que viver e que esse ambiente não será nem igual nem sequer semelhante ao do tempo dos seus avós e pais, que permitiram a degradação a que o mundo chegou e que ficou bem demonstrada pela crise financeira,
económica e social em que ainda se vive.
Não se trata de uma geração perdida mas que está a procurar a sua forma de vier, o seu mundo. A ajuda que lhes pode ser dada, é a de pessoas que compreendam este fenómeno e ensinem como evitar e se defenderem das más influências dos actuais «velhos do Restelo» que tudo farão para manter a podridão que criaram e em que querem continuar a sua própria decomposição.
A Decisão do TEDH (397)
Há 23 minutos
12 comentários:
Caro João,
Realmente a Juventude actual poderá não estar perdida mas para isso tem que ser rebelde e defenderem-se das armadilhas que lhe estão a ser montadas! E são várias, entre outras estas que talvez sejam as mais perigosas: o "facilitismo" com que lhes estão ministrando a sua educação, o "consumismo" para onde os empurram, a "indisciplina e desordem" em que os mantêm e a supressão dos "Valores Éticos" em que a sociedade vive!
É realmente importante que a Juventude se afaste destas armadilhas!
Um abraço amigo e solidário.
Amigo Luís,
Nada está a ser feito contra a juventude. Ela apenas é o produto de um processo de lassidão e degradação que os seus antepassados (pais e avós) têm vindo a concretizar, talvez inconscientemente (a maioria) mas também propositadamente (uma minoria ambiciosa, sem ética nem escrúpulos, que só pensa no seu enriquecimento imediato).
Por mais que se pense o contrário, a juventude de hoje, para sobreviver de forma decente, tem que dar uma volta muito grande nisto tudo. Tem que surgir uma elite determinada a varrer toda a escumalha, nem que tenha de utilizar muitas miniaturas das catedrais e muito pesticida.
Seria bom que alguns adultos sensatos e esclarecidos, embora sem terem de ser tão extremistas como o Mark Boyle, lhes evitem muitos percalços, que sempre surgem em qualquer revolução.
Mas a mudança profunda tem que existir. É inevitável. A actual geração jovem não pode deixar de a fazer, e quanto mais cedo melhor, porque depois se não a fazem só lhes resta o suicídio colectivo.
Um abraço
João
Quando se tem um filho que estudou em vez de malandrar, que com sacrifício económico e pessoal tirou um curso superior e não tem oportunidade de demonstrar o seu valor, o que está perdido?
A sociedade, todos nós, porque os nossos empresários e poder político não valoriza quem merece.
Só dão "novas oportunidades" a quem nunca quis estudar, só dão empregos a quem faz parte da "elite" política e social.
Lamento, como lamento !
Um abraço
Amiga Fê,
Compreendo o seu Lamento. A juventude de hoje tem que se preparar para lutar sem subsídios. Cada um só ou associada com amigos têm que lutar pela vida.
Há alguns anos soube de um rapaz, numa cidae d eprovíncia que c«vivia à custa do pai que estava na Alemanha, já não estudava e passava os dias no café com amigos. Numas férias passadas com o pai conheceu uma empresa minúscula que fazia pequenos serviços em casa de clientes, pequenas reparações de electricidade, pintura, serralharia, etc. Ao regressar falou com os amigos e, como havia conhecedores de vários ofícios criaram uma empresa do género. Pouco tempo depois tinham um escritório em que a mulher de um deles atendia os pedidos e, por rádio (o telemóvel ainda era pouco conhecido), transmitia as ordens, adquiriram carros para as deslocações rápidas e o sucesso foi crescendo. De tal forma a´se desenvolveram que uma empresa de construção civil comprou a empresa com a condição de eles não montarem outra semelhante no concelho.
Já mais experientes e confiantes, foram para um concelho vizinho repetir o sucesso. Depois deixei de ter contacto com a pessoa que me transmitia este caso e que já faleceu. mas devem estar todos muito bem na vida, porque demonstraram ter qualidades para isso.
São casos como este e como o do sueco que aos 17 anos criou uma multinacional, que mostram bem que entre os jovens há gente válida que conseguirá criar o futuro de que as gerações vindouras precisam. Mas o ensino devia orientar melhor ao saber dos alunos, para as realidades da vida e a iniciativa nos negócios.
Beijos
João
Brilhate post e não menores comentários.
Chamou-me especialmente a atenção o da Fê. É verdade a falta de meritocracia da nossa sociedade, que deriva na falta de oportunidades para demonstrar o verdadeiro nosso valor. Mas também há, claramente, uma grande falta de humildade dos jovens de hoje, onde me incluo, na sua aversão pela continua aprendizagem, julgando que já se nasce ensinado. Um curso superior por si só não vale nada, é o que se faz com o que nele se aprendeu que faz a diferença. É uma situação parecida a uma pescadinha de rabo na boca...
Caro André Miguel,
Também penso assim. Um curso é uma ferramenta que permite adquirir novos conhecimentos, aprofundar, investigar e aplicar adequadamente. Na vida nada cristaliza com validade para sempre.
Já aqui referi um caso de que agora me recordo. Um casal de emigrantes regressou da Holanda e abriu uma papelaria aqui perto. A mulher cansava-se no trabalho mas a filha que estava em casa sem trabalho, recusava-se a ir para a papelaria, porque estava licenciada havia seis anos e não aceitava trabalhar em área diferente daquela em que se licenciou.
É preciso ser estúpido para pensar de tal forma, ao fim de seis anos já havia seis fornadas de novos licenciados com matérias mais actualizadas, e ela, se ainda não conseguiu emprego já nunca mais o arranjaria. A humildade de que o amigo fala é essencial. Há licenciados em chaufeur de táxi. Há por aí imigrantes médicos a trabalhar como serventes da construção civil até encontrarem melhor emprego. O referido casal achou melhor regressar à Holanda onde tinham interesses.
Quando manifesto esperança em os jovens reformarem Portugal, sei que isto não conta com a cooperação de todos os jovens. Mas basta uma elite de poucas dezenas para impulsionar uma revolução de valores e de costumes.
O exemplo de Mark Boyle é significativo e deveria servir de base de meditação sobre quanto o mundo está desviado das soluções naturais, simples, sem poluição, nem corrupção.
Haverá muitas outras formas de sensibilizar a humanidade. O certo é que são os jovens os mais afectados pela evolução do mundo nos próximos 10 ou 15 anos.
Um abraço
João
Amigos:
Estou de acordo que os jovens têm que ser humildes na aprendizagem, e inovadores mas se até para isso a vida está lhes está dificultada.
Claro que as faculdades deviam ter a obrigação de os preparar para a vida prática, proporcionando-lhes estágios com as empresas que se valorizam com os seus conhecimentos.
Mas tudo isto dá muito trabalho, infelizmente acho que temos um país desmoralizado e inoperante.
Acho que cabe aos jovens com valor lutar para modificar este estado de coisas.
Obrigada pelas vossas palavras.
Um abraço
Fê
Cara Fê,
No blogue Do Miradouro há comentários interessantes a este post que também lá foi colocado.
As mudanças não serão fáceis. Não se pode esperar muito dos governantes que não são a nata da sociedade. Quem tem necessidade tem que imaginar e criar soluções, pondo a funcionar a sua capacidade inventiva. Os jovens devem agrupar-se e falar destes assuntos e, provavelmente, aparecerão ideias criativas. A ajuda dos adultos e mais experientes deve reduzir-se ao incentivo intelectual e ao acompanhamento para evitar desaires graves. Eles têm que aprender a correr riscos calculados. Tem que aprender a pescar com a cana que possuem. A maior aprendizagem é de origem pessoal, observando e lendo o que lhes possa interessar, porque os manuais escolares têm um alcance prático limitado, apenas dando d
bases, pontos de partida, que cada um deve explorar a seu jeito.
É certo que muitos deles não poderão criar muita coisa, mas haverá uma quantidade suficiente para elevar as características de uma sociedade adormecida.
Os cientistas que servem de base ao estudo da Física não são muitos.
Um abraço
João
Amigo João Soares,
Eu sou jovem, faço parte dessa geração em quem ninguém parece acreditar.
Como elemento dessa mesma geração, mesmo vivendo desde os meus 18 anos na Suíça, posso garantir-lhe que há quem pense e saiba o que fazer.
Há quem se revolte com o que se passa no nosso país e saiba bem onde estão os podres. Há quem saiba como as coisas poderiam melhorar. Há excepções! e não somos tão poucos assim.
Eu ainda não comprei um Curso Superior, vivo do meu suor e do que me foi ensinado pelos meus pais, que serão diferentes da maioria. São certamente!
Aqui há clubes, cafés, restaurantes, onde nos agrupamos e ouvimos e sabemos tudo o que se passa em Portugal, não estamos alheios a nada. Nada mesmo!
A prova é que estou aqui.
Confiem mais em nós, os jovens sempre confiarão no vosso apoio e na vossa experiência.
Abraço
Pedro
Caro Pedro,
Muitíssimo obrigado por este seu testemunho que vem dar força às opiniões que aqui tenho expressado a propósito de muitos casos de jovens de raro valor.
A sua frase «Confiem mais em nós, os jovens sempre confiarão no vosso apoio e na vossa experiência» não entra no meu esquema de raciocínio. Os jovens actuais não podem confiar na experiência de muitos adultos, nos políticos experientes nas manhas e vícios que têm degradado o mundo, com a ganância de destruírem todos os recursos naturais pensando apenas em enriquecer, sem olharem ao mal que fazem ao planeta e às condições de vida futura.
Há realmente jovens válidos atentos às realidades, e têm que se organizar e preparar-se para
defender as condições em que terão que viver.
Os velhos não estão motivados para as incomodidades de qualquer mudança, porque querem passar os últimos dias descansados, e depois quem cá ficar que se arranje. É esse o raciocínio de muitos militantes do PSD que pretendem para a nova direcção do partido alguém «experiente» que faça mais do mesmo.
É também a postura «inteligente» dos que querem o Alegre candidato a PR.
É nesses problemas que têm de se erguer novas vozes, mais jovens que sintam a responsabilidade de preparar o futuro para si e para os seus descendentes e acabar com o pântano mal cheiroso em que hoje se vive. E o mal não está só em Portugal. Está um pouco por todo o lado.
Um forte abraço
João
Caro João,
Ainda bem que mudaste a tua fotografia do Perfil. Agora vê-se quem és! Com a anterior parecias um delinquente... Ahahahaah Desculpa-me o desabafo! Mas como sabes a imagem também conta!
Um abração amigo.
Amigo Luís,
Falares de tais ninharias num espaço que está rico de comentários de grande elevação é um sacrilégio|!!!
Não se deve a mim que gosto de me esconder discretamente, mas apareceu uma conselheira de imagem, voluntária, sem vencimento e que quer mostrar quanto vale. Pela opinião dela ainda não ficarei por aqui!!! Já temo vir a ser contratado para qualquer tarefa de TV que me leve sei lá onde !!!
Tenho que afiar as pontas da fateixa e preparar amarras bem fortes para não me deixar arrastar para o mar largo.
Um abraço
João
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