Transcrição seguida de Nota.
Caminho do abismo
Correio da Manhã. 06 Janeiro 2010, por Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
Se no Terreiro do Paço houvesse um relógio que actualizasse as contas do défice do Estado, esse buraco aumentava 1,5 milhões a cada hora de 2009. O saldo negativo final do ano passado deve o raiar os 9% da riqueza gerada no País.
Insistir na continuação de défices desta dimensão é caminhar aceleradamente para o abismo, que surgirá quando nos mercados financeiros internacionais alguém olhar para Portugal e desconfiar de que o País perdeu capacidade de honrar os seus compromissos financeiros.
Basta um simples alerta como o que recentemente atingiu a Grécia para abalar este frágil País, que depende do financiamento externo. Se o próximo Orçamento tiver preocupações reais com o País, deve diminuir despesas e aumentar receitas. É uma tarefa difícil, e custa votos.
Mas mais tarde ou mais cedo alguém vai ter de fazer esse ajustamento. E quanto mais tarde se começar a fazer mais elevado será o custo.
Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
NOTA:
Isto não pode deixar de se dever a má gestão do Estado, de ostentação de riqueza na quantidade de assessores e outros «boys», nos vencimentos e outras mordomias, nas viaturas e nas instalações dos governantes e gestores públicos (exemplo do Banco de Portugal), nas obras megalómanas que aumentam a dívida e não produzem riqueza proporcional, no estímulo ao abate de carros ainda em bom estado só para enriquecer os sócios da ACAP, nas compras e contratos directos sem concurso público sério, etc.
Cada uma destas parcelas poderá parecer inofensiva, pouco significativa, mas todas somadas, acrescidas da mentalidade de desperdício e esbanjamento e coroada por corrupção visível no enriquecimento ilícito ostensivo e sem causas visíveis, originam o caminho para o abismo, a hipoteca sobre as camadas jovens que serão as lesadas por um futuro de problemas e miséria.
E, entretanto, os eleitos pela Nação passam o tempo a discutir o sexo dos que o não têm ou o não querem usar naturalmente, e outras tricas de sopeiras ou de vizinhas de aldeia, ignorando os verdadeiros problemas, provavelmente, por incompetência para lhes pegarem.
A Decisão do TEDH (397)
Há 20 minutos
4 comentários:
Caro João Soares
Não sei se não estou a repetir-me.
A banca rota de 1892, que sucedeu a uma década de desenvolvimento económico prodigioso, deu origem a quê?
Tentativa de empréstimo internacional em Londres, sem sucesso;
Renegociação da dívida internacional do Estado, com novo empréstimo, em 1902.
Acabado de ser pago... em 2001.
Primeira década de desenvolvimento em Portugal após o final do século XIX: a de sessenta e da adesão à EFTA.
Cumprimentos
Sugiro a análise de um livro sobre elites militares e guerra, no Água Lisa.
Bmonteiro
Caro João,
Ainda ontem jantando com os meus netos que iam para Inglaterra estudar falavamos destes problemas e eles sentem-nos como ninguém, pois vêm o seu futuro muito sombrio, para não dizer dramático!
Sentem-se dentro de um labirinto do qual não vêm saída! Procuro sempre que posso fazer ver aos mais novos os problemas que existem e conversando com eles mostrar-lhes forma de sair deles.
A tua nota como sempre define bem o problema!
Um abraço amigo.
Caro B Monteiuro.
Obrigado pelo seu interesse e o seu comentário.
Um abraço
João
Caro Luís,
É preciso mentalizar as crianças de que devem pensar pela própria cabeça, sem medo de serem ridículos. Sem receio do «velho do Restelo». Foi assim que Portugal teve momentos de grandeza. O mundo está a precisar de sábios loucos, atrevidos, que ousem aventurar-se por novos caminhos, eliminar todos os corruptos e malfeitores, aplicar um «pesticida eficiente». Se a Justiça é ineficiente, faça-se justiça de outra forma. Galileu não se vergou e a sua teoria veio a vencer. Seria bom que os políticos se curassem dos seus vícios como sugiro no post Diálogo construtivo é desejável.
Um abraço
João
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