O general Iúri Baluevski, chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Rússia, declarou ontem que Moscovo poderá recorrer a armas nucleares em caso de necessidade, nomeadamente como estratégia preventiva. Disse que "não tencionamos atacar ninguém, mas consideramos necessário que todos os nossos parceiros compreendam claramente e ninguém tenha alguma dúvida de que, para defender a soberania e a integridade territorial da Federação da Rússia e dos seus aliados, serão empregues as Forças Armadas, nomeadamente de forma preventiva e com o uso de armas nucleares", declarou o general numa conferência científica realizada em Moscovo.
"A força militar pode e deve ser empregue como demonstração da decisão da mais alta direcção do país de defender os seus interesses, bem como medida extrema, mesmo em massa, quando mostrarem ser ineficazes todos os restantes meios", frisou.
Esta linguagem leva-nos aos esconsos da memória, recordar os tempos da guerra fria. Que não deve ser posta de lado a eventual utilização de tais armas de destruição maciça, é lógico. Se assim não fosse, deixariam de ter sentido os elevados custos da sua criação e manutenção em conveniente grau de operacionalidade.
Curiosamente, no tempo da guerra fria, havia uma significativa diferença de estratégia entre as duas potências rivais: enquanto a URSS sempre declarou, como agora, estar disposta a ser a primeira a disparar, os EUA reafirmaram a cada passo que nunca seriam os primeiros e apenas atacariam em resposta, em retaliação gradual que, só em último grau, poderia chegar aos ataques contra cidades. Agora vemos, pela boca do mais alto responsável das forças armadas, que a Federação Russa, não receia tomar a iniciativa de atacar «preventivamente», iniciando uma guerra nuclear que, como é do conhecimento geral, pode destruir toda a humanidade.
O general Iúri Baluevski, evidencia que o perigo de uma guerra nuclear não terminou com o fim da guerra fria, no início da década de 90, mantendo-se bem aceso com esta disposição russa de ser a primeira a apertar o gatilho, perante uma ameaça que considere forte, mesmo sem armas de destruição maciça.
O general russo lembrou que "hoje, a transição da Rússia para novas relações económicas colocou perante as Forças Armadas, outras tropas e forças que fazem parte da organização militar do Estado, as mais complexas tarefas, não só de carácter militar, mas também económico", o que leva a pensar que as tais ameaças que podem levar a uma acção de força desmedida, podem até nem ser de carácter militar mas apenas de aspecto económico. Será que se pretende voltar ao «terror de Estado» dos tempos da guerra fria?
A Decisão do TEDH (396)
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