Há quase uma dezena de anos que iniciei a escrita de cartas para os jornais, com intenção de sensibilizar os automobilistas a conduzirem com mais segurança e prudência, respeitando as suas vidas e as dos outros.
Tem sido ponto assente que, de entre todos os factores intervenientes nos acidentes na estrada, o mais importante é o comportamento do automobilista, o seu respeito por si próprio, pelos seus passageiros e pelos outros utentes da estrada. Enfim, civismo.
Mas não deixei de apontar o dedo a restrições de velocidade incompreensíveis e injustificadas, algumas completamente idiotas, e a uma sinalização muitas vezes inútil por incompleta, ou demasiado profusa, e confusa. Muito há a fazer nestes equipamentos da estrada.
Mas, hoje a notícia diz que o Conselho de Ministros aprovou ontem uma proposta de revisão do Código da Estrada, que terá agora de ser submetida à Assembleia da República e que se destina «exclusivamente a agilizar e centralizar o processo contra-ordenacional na Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR)».
Portanto, deste magno problema que se traduziu por, entre os dias 21 de Dezembro (em que se iniciou a operação Natal) e 2 deste mês, terem morrido «apenas» 33 pessoas nas estradas, a preocupação do legislador, continua os erros de óptica dos anos anteriores, apontando todas as espingardas para a repressão, para as multas. Dá a impressão que os políticos portugueses consideram as estradas e os automóveis como fontes de receitas através das multas e não como ferramentas essenciais para a vida económica e o bem-estar e felicidade das pessoas. A falta de humanidade transparece logo quando se diz que este ano morreram menos 4 pessoas do que no ano passado, como se o número de mortes ocorridas não fosse já tragicamente grande!
Como interpretar a capacidade de visão e de análise dos nossos eleitos?
A Decisão do TEDH (396)
Há 58 minutos
4 comentários:
O governo está mais interessado em multar do que em prevenir.Para além da sinistralidade, com as suas mortes, vir aliviar a Segurança Social... Quantos mais morrerem, menos reformas se pagam...
Saudações
Compadre Alentejano
Caro Compadre,
Na parte financeira, o Governo colhe mais nas multas do que na Segurança Social. Os acidentes criam grandes encargos com saúde e deficientes e estes encargos além de penalizarem as famílias, também pesam nos dinheiros públicos. Por essas razões e por razões humanitárias, seria muito mais aconselhável prevenis, evitar. Mas, para isso, era preciso que os políticos e os parasitas que os rodeiam tivessem os neurónios em boa quantidade e qualidade, o que pelos resultados das suas acções, parece não ser a realidade.
As árvores valem pelos frutos que produzem!
Abraço
Estimado Amigo João Soares,
Muito pertinente o assunto que hoje partilha connosco. Na verdade, todos nós sabemos quão pesada pode ser, por vezes, a mão repressiva da autoridade quando o erro nos bate à porta. E, erros todos cometemos. Mas, o importante é que aprendamos com eles e, no caso concreto da condução automóvel que, quando circulemos nas vias rodoviárias que temos de usar, o façamos com prudência e civismo. O que, não raras vezes assim não acontece.
E, por isso, concordo inteiramente consigo quando refere que a tónica não devem ser as multas mas sim o civismo, o respeito pelo outro e por nós próprios.
Um abraço amigo,
Maria Faia
Maria Faia,
Parece realmente que não se pode discordar que a prioridade deve ser dada à prevenção. Já o velho ditado diz. Mais vale prevenir do que remediar. Mas quanto aos acidentes da estrada, os políticos e e seus colaboradores não conseguem ir po aí por que isso exige mais capacidade do que ficar pela repressão acrescida. Esta só resulta na entrada em mais dinheiro para os cofres do Estado mas não evita o morticínio no asfalto, até
e porque não apanha todos os infractores.
A prevenção rodoviária tem sido ridícula, com cartazes e tempo de TV que nada esclarecem, mas que custam muito dinheiro que vai para as mãos de empresa publicitárias de amigos do Poder. Isto é esbanjamento e troca de favores, ou seja corrupção, talvez discreta que conduz ao enriquecimento ilícito, a prazo.
Quanto a educação e ensino, ninguém fala nisso a sério e não se vê capacidade para ir por aí.
Somos um País pequenino em tudo!
Abraço e bom fim de semana
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