sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Leis ou meras intenções?

Hoje as notícias trazem, como já era de esperar, a informação de que a lei que proíbe fumar em recintos fechados não se aplica tal como era esperado, mas com excepções. Já não é só nos casinos, mas também nas discotecas, para começar…

Será que nesses locais não há perigo para a saúde de fumadores e não fumadores? E cria-se a dúvida no meu espírito sobre a data em que será anunciado deixar de se aplicar esta lei a restaurantes e… Como não sou fumador, embora uma radiografia dissesse que tenho brônquios e pulmões de grande fumador por ter trabalhado quatro anos em salas pequenas com grande número de pessoas fumadoras e pouca (no Inverno era nula) ventilação, a proibição de fumar nos restaurantes libertava-me de ser fumador passivo e de me intoxicar com os vícios dos vizinhos. Agora perdi essa esperança.

Este abrandamento de uma lei que, por mal feita, não passa de uma intenção, e «de boas intenções está o inferno cheio», como diz o ditado, faz lembrar a postura que decretava a tolerância zero para carros estacionados nos passeios e em segunda fila em Lisboa. Nos primeiros dias, eram tantas as autuações que se tornou impossível accioná-las e tudo regressou à estaca zero. Parece que está a suceder o mesmo com os radares, pelo menos já houve vários ajustamentos da velocidade máxima permitida.

Mas a prática primitiva dos avanços e recuos, determinada por decisões tomadas sobre os joelhos, sem uma adequada e honesta preparação, é visível em muitos outros casos: uma notícia de hoje diz que o ministro da Justiça recua nas reformas já decididas na estrutura judicial; na saúde são já incontáveis os recuos em fechos de maternidades, centros de saúde, urgências, etc; na educação, foi suspensa a famigerada TLEBS, as avaliações de professores, as colocações de professores, etc; o prometido referendo (no qual só haveria inconvenientes) acabou por não ser feito, tendo sido apresentada uma justificação que «é pior a emenda do que o soneto»; e o caso mais publicitado foi o caso da Ota que foi ultrapassada por Alcochete, apesar do jámé no deserto.

Se tivesse o privilégio de a minha voz ser ouvida, ousaria sugerir aos senhores governantes que, antes de lançarem na Comunicação Social promessas ou mesmo disposições legais, as analisem muito bem com ajuda dos principais intervenientes, a fim de sair uma coisa tão perfeita quanto possível e com a credibilidade necessária para serem cumpridas sem polémicas ou manifestações generalizadas. Com este sistema de avanços e recuos ninguém tem confiança nas leis ou em palavras de políticos. Como dizia há tempos um cidadãos: «eles não são pessoas a quem se possa comprar um carro usado.»

3 comentários:

Pena disse...

Estimado Amigo João:
Realmente é como refere, a descredibilização do poder político é total.
Fazem leis atrás de leis sem serem devidamente ponderadas ou previamente analizadas e reflectidas.
Sabe, vivemos num país acolhedor, hospitaleiro, de pessoas adoráveis e simpáticas, sofredoras, entusistas, trabalhadores e com um coração gigantesco quando se apela a um singelo acto solidário.
Porquê tanto desencanto, tanta insensatez, tanta ausência de sobriedade e bom senso na concepção das leis que nos regem?
A Democracia já não é a democracia do 25 de Abril, acredite?
Explana com delícia o que o preocupa com pertinência e sentido de oportunidade manifesto.
Que hei-de dizer?
Presentemente, a minha actividade política e credidibilidade nos políticos é nula. Não arranjo "forças" para os compreender, entender, manifestar agrado ou interesse por matérias legislativas que colocam o lindo Portugal na cauda da Europa.
São leis atrás de leis injustas, indevidas e que não traduzem o gigantesco encanto vivido por íntegras pessoas que falam a voz doce de Camões. Que só querem ser felizes, que só querem educar os seus filhos de forma exemplar e aprazível, desejada, que anseiam o bem-estar, harmonia e sossego para todos os habitantes que moravam num país paradisíaco de sonho.
Acredito, convicto, que isto tem de parar, ter um fim, terminar de forma a que a felicidade e a alegria conquista finalmente o coração de todos os cidadãos que só querem permanecer fiéis à pátria que os viu nascer. Que a sonham e adoram.
OBRIGADO pelo desabafo.
OBRIGADO por existir.

Abraço forte de amizade e com muita estima

Respeitosamente

pena

A. João Soares disse...

Caro Amigo Pena,
Portugal precisa de pessoas que raciocinem sem compromissos com interesses pouco sérios, que se orientem pelo futuro de Portugal, isto é para a felicidade das pessoas.
O mal começa na interpretação que os políticos dão ao conceito «pessoa». Só olham para as pessoas para lhes sacarem o voto e, depois, para lhes sacarem cada vez mais impostos. Infelizmente, os «responsáveis não se preocupam em tornar as pessoas cada vez mais felizes. Se fosse ultrapassado este óbice, Portugal recuperaria o seu enorme atraso em relação aos parceiros europeus.
Há pouco tempo, um relatório sobre as forças de segurança dizia que os agentes vêem em cada pessoa um inimigo, um malfeitor. Parece que isso não fica pelos agentes das polícias, mas é comum a todos os políticos.
Para os políticos, a população significa o mesmo que a relva dos estádios para os jogadores de futebol Pisam sem ver se a relva sofre.
São precisas mais pessoas sensíveis aos problemas sociais como o amigo Pena.
Um abraço

Zé do Cão disse...

Cá está outra. Pena, tenho pena que ainda acreditas em leis, decretos,blá,blá,blá.
Basta ouvires o Só-traques a dizer que já não há tanta pobreza, para perceberes bem onde é que estamos metidos.