Transcrição do post do blog Sorumbático, seguido de Nota:
É conforme…
Por Joaquim Letria, «24 horas» - 24 Fev 10
O FILHO DUM AMIGO meu não acabou curso nenhum, deram-lhe o nono ano sem saber ler nem escrever, chamaram-no para uma tarefa sigilosa, forneceram-lhe um PC portátil e um e-mailconfidencial, um telemóvel com cartão de pré-pagamento e disseram-lhe que quando lhe encomendassem tarefas, teria de obedecer.
Pode trabalhar em casa, sem horários, recebe em dinheiro e não faz perguntas nem descontos. O rapaz anda feliz. Limita-se a reenviar mails e sms com comentários a artigos e notícias em jornais, e com ameaças aos destinatários que lhe indicam e que, viria ele a descobrir mais tarde, são os autores desses escritos.
Há momentos em que há mais que fazer. Mas nos tempos mortos, fornecem-lhe historietas e anedotas para o rapaz distribuir pelos endereços electrónicos que lhe indicam, desacreditando uns e deixando boas impressões de outros.
À observação de ser um erro não descontar para a segurança social, o filho do meu amigo diz que não é preciso. ”Deram-me um número de telefone e, se precisar de alguma coisa, alguém cuida de mim”.
E se alguém pergunta o que faz na vida? ”Ora, digo que sou informático, ou que trabalho para o Estado, ou que sou consultor do Governo. Depende! É conforme! Mas eu gostava era de estar na equipa que escreve os textos”…
NOTA: Este texto, embora muito interessante, não se enquadra no tipo de reflexões que aqui costumo expressar. Mas, de repente, fez-me lembrar dos comentadores anónimos (não sei se apenas um ou se eram dois!), identificados por nomes fictícios, como ficou explícito no caso do Leandro/Bernardo e que podem ser relidos abrindo os links seguintes Leandro e depois Bernardo e António Lopes. Moços de recados a soldo nos termos do caso referido por Joaquim Letria.
"Cancelamentos culturais" na América (4)
Há 4 horas
7 comentários:
Caro João,
Isto é tudo uma VERGONHA, uma TRAFULHICE e depois vêm com a teoria das CABALAS armados em VÍTIMAS!!!
Quando é que tudo isto acaba? Do Portugal em que nasci, fui educado e formado já pouco resta!!! E era tão bonito!!!
Vou pescar o post para a Tulha por me parecer muito oportuno.
Um grande abraço e muito amigo.
Amigo Luís,
E tudo isso traz custos elevados ao ponto de o Governo admite não saber quanto gasta em publicidade.
Não sabe? Ou não quer dizer? Mas qualquer das respostas denuncia irregularidades, falhas muito graves, impróprias de uma estrutura que deveria merecer credibilidade e servir de exemplo aos cidadãos e às empresas.
Parece que o factor mais grave da crise portuguesa é a imoralidade e a falta de rigor no controlo do dinheiro público. Não existe honestidade nem a preocupação de a mostrar.
O que lhes interessa é o policiamento das pessoas e evitar que alguém fale nas poucas vergonhas existentes. Repara na notícia seguinte:
José Sócrates pressionou o director do "Expresso" para não publicar notícia sobre licenciatura.
Um abraço
João
Caros amigos João e Luís:
Subjacente a tudo isto, vejo o lodaçal (ou o pântano) do reiterado incumprimento das mais elementares regras cívicas e éticas por grande número dos cidadãos e pela maior parte dos dirigentes políticos.
Estes últimos não se movimentariam tão à vontade se não dispusessem de uma teia de cumplicidades a todos os níveis. Em qualquer caso, como dirigentes têm maiores responsabilidades e provocam mais estragos. E o maior destes, talvez, seja o péssimo exemplo que consiste na indicação inequívoca de que o que conta é a artimanha, a finta à lei, a afirmação pela ostentação e a arrogância da impunidade.
Questiono-me, não poucas vezes, por que motivo os dirigentes da oposição não são capazes de perguntar a José Sócrates se ele, à luz de um elementar código de ética e civismo, que teria de ser exibido, não rejeitaria um processo como o que levou a efeito para tirar o curso de engenharia. Chego, porém, sempre à mesma resposta: na oposição temem tanto como José Sócrates assumirem-se como defensores e seguidores de um elementar código de ética e civismo, bem conhecido e reconhecido. Reparem que os políticos que atacam José Sócrates por não explicar bem a trapalhada do curso não assumem, preto no branco, que se regem por outras regras e condenam quaisquer trapalhadas do género.
Não sei se não deveríamos tentar dar corpo a um movimento que pusesse na Assembleia da República um pedido para o seguimento expresso de um singelo código de ética e civismo, bem conhecido pelos cidadãos e que permitisse escrutinar pela negativa todos aqueles que persistentemente dessem mostras de o não querer cumprir.
Um abraço.
Pedro Faria
Caros Pedro Faria e joão,
O que julgo acontecer é que todos os que pertencem aos partidos com assento na AR, estejam no poder ou na oposição, têm telhados de vidro e dessa forma não se definem de uma forma inequivoca sobre Ética e outros Valores de que estão arredios. Não lhes convém!!! E os deputados que lá se encontram na AR não passam de "bois-marionetas" e dessa forma cumprem as ordens dos "patrões"... Foi pena que não estivessem todos eles a passar férias na Madeira na altura e no local da catástrofe, pois poupavam-nos muito trabalho e mais prejuízos...
Um forte abraço.
Caros Luís e Pedro,
Parece que nenhum português com raciocínio próprio e livre de peias partidárias discorda das vossas palavras.
Quanto ao código de ética e civismo ou Código de bem governar, já aqui foi referido várias vezes, podendo ser aberto este link. Será realmente necessário que alguém elabore umas regras simples tipo os dez mandamentos do político e que depois todos eles o aceitem.
Mas, tal como as leis, eles arranjarão sempre manhas para o não cumprirem.
Um dos candidatos a presidente do PSD, e por consequência a PM, disse no verão passado que ética e política não se dão bem. Outro aspecto são os telhados de vidro que os colocam todos no mesmo saco como se viu na aprovação por unanimidade da lei de financiamento dos partidos, que teria sido a legalização da corrupção, da lavagem de dinheiro e de outras manigâncias que já se fazem, como disse na altura o deputado Ricardo Rodrigues, na sua aparente ingenuidade, se o PR não tivesse o bom senso e a coragem de a vetar.
Isto mostra não haver motivo para esperança de melhorias, a não ser através de uma mudança de regimes, éticos, cívicos, de justiça e de estrutura da administração pública de alto nível, eliminando todos os parasitas actuais, de conivência conluio, cumplicidade, em vez de competência, saber, excelência, rigor, honestidade ...
Essa do turismo na Madeira (!!!) teria sido a salvação de Portugal.
Fico à espera que o Pedro Faria inicie já a listagem de ideias para o código e o publique no seu valioso blogue Rumindo.
"A diferença entre a moral e a política está no facto de que, para a moral, o homem é um fim, enquanto que para a política é um meio. A moral, portanto, nunca pode ser política, e a política que for moral deixa de ser política." Baroja, Pio
Caro A. João Soares,
Pouco resta dizer sobre o "estado a que isto chegou", como afirmou um dia Salgueiro Maia e que se volta a repetir, embora com contornos diferentes, mas igualmente preocupantes, antes fruto de um regime ditatorial actualmente com uma democracia que só o é formalmente.
Com o devido respeito, isto não vai lá com códigos éticos, morais ou legais, não com gente deste calibre que nos tem presenteado com uma total ausência de valores e de formação cívica. Vamos ter que nos afundar ainda mais e esperar que nos venham salvar... se ainda forem a tempo!
Cumprimentos.
Caro ALG,
Recuso-me a perder a esperança. Recuso-me aceitar a hipótese de não haver um ou poucos mais portugueses com coragem de agir para melhorar a vida colectiva do País.
Há várias soluções.
Se desejar entrar em pormenores envie um e-mail (tem o endereço no meu perfil de blogger).
Um abraço
João
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