quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Portugal precisa de eficácia

Transcrição seguida de Nota:

Surrealista
Destak. 100211. Por João César das Neves

O processo do Orçamento de Estado de 2010 parece um filme surrealista, sequência de acontecimentos insólitos e incompreensíveis. Vejamos: a 26 de Janeiro, como lhe competia, o Governo apresentou esse diploma, que incluía um défice de 9,3% do PIB em 2009, um dos mais elevados de sempre. A subida de 6,6 pontos percentuais num ano é a maior registada na nossa história.

Perante isto o Governo, no poder há cinco anos, não pediu desculpa nem sequer se mostrou muito envergonhado. Aliás, até se notou um certo orgulho, dizendo que a situação se devia ao excelente apoio dado às empresas em crise. O facto de 2009 ter sido ano eleitoral nem foi mencionado.

Dado que era assim, seriam de esperar medidas duras, austeridade severa, propostas dolorosas para 2010. Pelo contrário, o Executivo desdramatizou. Não seria preciso subir impostos nem descer salários de funcionários. Tudo se resumiria a ajustes menores sem nada que se destacasse.

As autoridades europeias, agências de rating e mercados tremeram e as nossas condições financeiras pioraram muito. A reputação portuguesa, que melhorara com a notícia do consenso parlamentar para aprovar o OE, caiu a pique quando ele surgiu. Isto mostra que não há má vontade internacional contra nós, apenas reacção razoável aos dados disponíveis.

O que faz o Governo face à emergência? Cria uma enorme tempestade política por causa... de uns trocos para as regiões autónomas!! Bem sei que estamos em crise, a política é complexa e os tempos difíceis. Mas assim não nos podemos admirar que não nos levem a sério.

NOTA: A transcrição deste artigo deve-se à forma sintética como retrata um facto que expressa o método como se desviam as atenções dos fenómenos essenciais do País para pormenores laterais sem grande significado nacional. Uma táctica que poderá ser rentável para efeitos partidários, mas que, ao ser assumida pelos governante, no seu quotidiano, conduz ao descuido do estudo e das decisões indispensáveis para a resolução das grandes tarefas do Governo de que o País necessita para sair da crise dramática em que tem sido afundado por incúria dos «responsáveis». Não pode esquecer-se que os problemas não terão solução enquanto estiverem por trás das costas.

Este texto recorda As calhandrices, já aqui citadas no post Parlamento vai ter sala de fumo. Será bom que os nossos políticos acordem e deitam mãos ao trabalho sério para bem de Portugal.

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