No meio de tanta confusão e falta de transparência, é uma bênção aparecer mais um dado para percebermos as linhas com que cosem o País. Seria mais vantajoso que houvesse ética (republicana ou, de preferência, simplesmente ética), e os políticos se orientassem por um código de valores morais que os dignificasse perante os eleitores e o estrangeiro. Depois dos pagamentos feitos pelo ministério da Educação ao Dr João Pedroso, surge agora o abuso dos recursos públicos em propaganda partidária, como se vê no artigo que se transcreve:
A 'central' do Governo
Correio da Manhã. 17 Fevereiro 2010. Eduardo Dâmaso
A história da tal ‘central’ de propaganda do Governo pode parecer uma brincadeira, mas não é: nos últimos anos o Governo de José Sócrates usou meios públicos para fazer propaganda e campanha eleitoral.
Quais? Assessores, chefes de gabinete, membros do Governo usaram o seu tempo, pago pelo erário público, instalações do Estado, meios informáticos públicos e informação privilegiada para fins de combate político.
Como o CM demonstra nesta edição, o Governo alimentou blogues de campanha eleitoral daquela forma, mas também outros que antes e depois do tempo de eleições continuaram a ser a barriga de aluguer de argumentários e documentos pré-fabricados. Há preparação para responder a questões difíceis, por exemplo com perguntas e respostas sobre o caso BPN, ou manipulação de números sobre o investimento público, como o TGV. É tudo à vontade do freguês...
Para quem ainda há menos de 15 dias enalteceu os valores da ética republicana este é um caso politicamente desastroso e de uma legalidade muito duvidosa. A utilização de meios do Estado, pagos pelos contribuintes, não consta de nenhum manual de história como um dos ‘valores’ do dito ideal republicano. O pagamento aos serventuários com as habituais benesses de nomeação para cargos também não. Mas com tal Governo tudo é possível...
Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto
El País
Há 1 hora
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