quinta-feira, 19 de março de 2009

Modernizar não é acto espontâneo

Qualquer atleta quando se lança na conquista do êxito, na corrida para a meta ou no salto para mais longe, começa, obrigatoriamente, por tomar conhecimento, definir e/ou ter em atenção a linha de partida, ou de chamada, sem o que tudo pode ser nulo, improfícuo, falhado, desclassificado.

Para avançamos, devemos conhecer o ponto onde nos encontramos e de onde temos de partir, os resultados a obter e, depois, formular e comparar as possíveis modalidades de acção para, de entre elas, seleccionar as vias, as maneiras, de exercer o esforço no melhor sentido, com economia de recursos em que está incluído o tempo.

Isto não é válido apenas em teoria, pois aplica-se em todas as actividades práticas desde o desporto às mais complexas indústrias e actividade de gestão ou de governação. Aplica-se, forçosamente, ao complexo problema do desenvolvimento de um País. Quais são os dados deste problema? Qual é a linha de partida? O que somos? Em que ponto nos encontramos?

Para estas interrogações, há muitas respostas populares e vulgarizadas: estamos num pântano; estamos de tanga; estamos num buraco; estamos num beco sem saída; estamos na lama; estamos numa fossa, etc. Mas, na realidade, falta definir os vários parâmetros desta situação indesejável, a fim de que as modalidades de acção sejam escolhidas sem ser com base em entusiasmos de momento, orgásmicos, cuja energia depressa se esgotará sem produzir os desejados resultados. De caprichos impulsivos já nos bastam as sucessivas alterações ao código da estrada para eliminar a hecatombe que destrói os homens na idade mais válida, sem o ter conseguido. Ou os sucessivos agravamentos dos impostos para reduzir o défice e desenvolver o bem-estar da Nação, sem vermos o fim da crise e o momento de desapertar o cinto, com excepção para os próximos da oligarquia reinante que, apesar de tudo, vêm aumentar os seus activos incessantemente.

É necessário método, lucidez, bom senso e vontade perseverante, tanto no estudo inicial antes das grandes decisões, como posteriormente na sua concretização. Sem isso, esgotam-se recursos e credibilidade e o País continuará a arrastar-se pela rampa, em obediência natural às leis da gravidade que, neste caso, impõem o «movimento uniformemente acelerado». Peço desculpa aos políticos, quase todos homens de letras, por esta referência à ciência, à física e à matemática, mas confesso que não estou a troçar da vossa ignorância das realidades mais rudimentares da vida nacional.

Para pormenorizar os traços gerais do método de preparação da decisão, sugiro a leitura de «Pensar antes de decidir».

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