Esta carta com data de dois dias antes à do post anterior já devia ter sido aqui transcrita, mas não o foi por lapso de que peço desculpa ao seu autor, Abreu dos Santos, e aos visitantes a quem dedico todo este blogue. A verdade merece ser respeitada e cultivada, embora se compreendam algumas falhas, próprias do ser humano. Porém, como diz o autor, não se trata de falhas, mais parecendo desvios propositados, com intenção inconfessada.
Exmo(s) Sr(s) Director(es) do Correio da Manhã,
Em primeiro lugar, decorridos que estão mais de 12 consecutivos meses de ininterrupta publicação das vossas "Histórias da Guerra" - «Queremos ouvi-las. O CM publica as melhores» -, ainda ninguém (pelo menos o signatário) terá percebido quem são os responsáveis editoriais, pelo projecto, pela triagem da veracidade dos relatos, pela revisão dos textos, enfim, pela fidedignidade da informação veiculada ao grande público.
Por outro lado, face à continuada - e absurda - limitação de 120 caracteres [não são palavras, são caracteres!], para poder colocar um comentário no vosso CM online, e em vista de o vosso dominical magazine persistir em divulgar estórias absolutamente tendenciosas, aqui fica mais uma informação, fidedigna, relacionada esta com a mais recente "estória" por vós dada à estampa no pretérito domingo, que, a (infeliz) exemplo das demais antecedentes, se encontra disponível tanto em edição impressa como - muito particularmente -, em edição online, acessível a uma mais vasta e diversificada audiência.
Eis pois brevíssimo "comment", que haveria de ter sido "postado" no endereço
http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?channelid=00000019-0000-0000-0000-000000000019&contentid=94547B9A-F2E2-4468-BB01-44B3668AEBD1#comentarios
mas que, face à supra mencionada limitação, por este expedito meio, aqui fica, com conhecimento a alguns outros veteranos de guerra, não apenas de Moçambique como de outros TO's.
O mais recente deponente - Augusto Martins da Silva -, fantasia:
1 - Tendo o seu PelFox3008 cumprido serviço militar no nordeste de Moçambique entre Maio de 1971 e Março de 1973, portanto, não foram «os três anos que estive em Mocímboa da Praia»;
2 - Também o choradinho «tentei sobreviver e escapar à fome», se não fosse "trágico"... seria cómico.
3 - Mas muitíssimo mais grave, é vir afirmar que, naquele subsector militar onde estava colocado, «morreram 16 que seguiam numa viatura Berliet», pura invenção geradora do... «Perdi 16 camaradas de uma só vez», "fantástico" título-para-captar-audiências. Nem aquela subunidade de cavalaria sofreu uma única baixa mortal durante toda a comissão, sequer naquele tempo e região, por circunstância única ou interpolada, morreram quaisquer 16 militares «de uma só vez». Pura mentira!
4 - Quanto ao remate das duas «orelhas de um negro» - que «um furriel branco» comandante de um pelotão de GE's lhe teria "oferecido" - dentro de «uma caixa de fósforos como recordação», lamentável haver queimado «o presente macabro», pois hoje em dia poderia ter evitado que a sua estória tenha como destino ao lixo das "tretas", perante «a risada geral».
Não é esta a primeira vez que apresento, aos responsáveis pelo CM, os meus protestos.
Não é a primeira e por certo não será a última, pois o vosso jornal diário vai iniciar publicação de outras versões da "matéria dada", consubstanciada - a partir desta próxima 4ª feira - numa "Guerra Colonial" «do princípio ao fim», mas fatiada, em edição revista e aumentada, e de cujos "autores-coordenadores", ambos oficiais do PREC, de há muito são conhecidos currículo e tendências... interpretativas.
Cumprimentos,
Abreu dos Santos
quinta-feira, 5 de março de 2009
«estórias» da guerra, de audiências - I
Publicada por A. João Soares à(s) 19:03
Etiquetas: história da guerra
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2 comentários:
Amigo A. João Soares
Os factos ocorridos nos Teatros de Operações da Guerra Colonial se relatados com verdade, serão um enorme contributo para o conhecimento da verdadeira História da mesma Guerra Colonial. Só aqueles que estiveram no terreno podem relatar o que de facto aconteceu, no entanto se o fizerem fantasiando, a História será falseada, e como diz Abreu Santos, não se escreverá a História mas sim a lenda...
Um abraço
Carlos Rebola
Caro Carlos Rebola,
A VERDADE é sempre inatingível, porque cada um tem o seu critério de valorização dos pormenores. Cada um conta as coisas à sua maneira, por mais honesto que procure ser. Porém, nos relatos a que Abreu dos Santos se refere, há mentiras loucas, como a do nº 1 em que diz que esteve no nordeste de Moçambique 22 meses e depois refere que esteve 3 anos em Mocímboa da Praia. Ora 3 anos são 36 meses, que não cabem nos 22 meses antes refridos!!!
Um pequeno exagero até pode passar despercebido mas mentiras gritantes, alertam qualquer surdo.
Um abraço
João Soares
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