Em Viseu, parte do Jardim de Santa Cristina para Norte uma rua que já teve o nome de rua da Regueira e agora tem a designação de rua João Mendes, mas é mais conhecida por Rua das Bocas, devido a um prédio apalaçado, datando do século XVIII, que tem na frontaria, junto ao telhado, um conjunto de gárgulas em granito, bustos de animais (só pescoço e cabeças de bocas abertas, de que resultou o nome de "Casa das Bocas"). Sendo inicialmente destinado a habitação, serviu também de colégio particular, em regime de internato e, mais recentemente, ali funcionou, no rés-do-chão, uma tipografia.
O solar, há cerca de 50 anos era ladeado por uma enorme quinta, cujo terreno foi urbanizado, com frente para a Rua 5 de Outubro, e está desabitado há cerca de uma década.
Na segunda-feira, 16, à noite, parte do tecto desabou, com estrondo e poeira que assustou os vizinhos.
O interior do país no Centro e Norte tem muitos solares, edifícios apalaçados e outras construções que constituem heranças envenenadas para quem as recebe, porque a sua manutenção e recuperação se tornam impossíveis a não ser que lhes seja dada uma utilização rentável, ou para serviços públicos ou para empresas. O certo é que é pena que desapareçam imagens de um passado, que faziam parte da memória de várias gerações e eram símbolo dos cartazes turísticos da região.
A notícia refere que a autarquia já tinha sugerido a sua demolição aos proprietários, mas é lamentável que não se encare a hipóteses de recuperar a fachada com as célebres «bocas» para instalar algo de útil à cidade. Abundam exemplos de bom aproveitamento de edifícios antigos na cidade, como o antigo Paço episcopal, depois Casa de Reclusão Militar e hoje Solar do Dão; o Solar dos Condes de Prime, anteriormente Casa do Cimo da Vila e dos Ernestos, agora Conservatório Regional de Música; o Solar dos Peixotos, agora Assembleia Municipal; o Solar do Visconde de Treixedo, agora Montepio Geral,; o Hospital da Santa Casa da Misericórdia, agora Pousada Pestana; a casa dos Pais, agora Direcção de Estradas do Distrito de Viseu, etc. etc..
Temos esperança que a autarquia não deixará desaparecer este símbolo da Cidade.
El País
Há 2 horas
2 comentários:
Triste!
mas infelismente as coisas estão ficando assim. Melhor botar a baixo do que reataurar. estamos perdendo a memória.
um grande abraço
Cara Martha,
Os arquitectos actuais gostam mais do modernismo e, por isso, têm tendência para não poupar o qua é antigo. E assim se perdem monumentos de grande valor para a história da arte. Nem pensam que o interior de edifícios antigos se pode adaptar a funções modernas. E, por vezes, mesmo sem adaptações, têm melhores condições de habitabilidade em isolamento térmico e acústico.
Um abraço
João Soares
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