No mundo globalizado e interactivo em que actualmente vivemos, as empresas e instituições financeiras, mais do que há uns anos atrás, não podem deixar de ter em atenção factores complexos que as condicionam, de que se salientam: o capital (englobando activos financeiros, instalações, equipamentos), a mão-de-obra (da mais à menos qualificada, sua formação permanente, sua motivação) os fornecedores, os clientes e o ambiente social local.
O ambiente social local pode ser influenciado por acções de bom relacionamento, de mecenato e de patrocínios. Nele se encontram os familiares e amigos dos seus colaboradores, que podem, no seu relacionamento social, servir de veículos de publicidade gratuita.
A mão-de-obra constitui um pilar de importância semelhante à do capital, por ser, como ele, imprescindível ao funcionamento da empresa. Exige, embora nem sempre o manifeste de viva voz, um tratamento adequado, traduzido na remuneração, nos prémios de produtividade e, na distribuição dos lucros, e é sensível à escala de salários, entre extremos sensata e eticamente justificados. O tratamento que tem contemplado de forma pouco justa os gestores do topo da hierarquia não tem favorecido o bom funcionamento das empresas e instituições e é apontado como a principal origem da actual crise global.
Já há sinais positivos de este problema estar a ser observado à lupa, por forma a reestruturar a vida social, criando mais justiça e equidade, evitando desequilíbrios sem qualquer justificação racional, a não ser os maus hábitos viciosos enraizados no tecido empresarial ao longo do tempo. O Fórum Europeu de Governação Corporativa, grupo de especialistas que auxilia a Comissão Europeia (CE) e que é um grupo de empresários e académicos criado em 2004, defende que os estados-membros passem a vincular os prémios pagos aos gestores de empresas aos resultados reais destas.
Em sintonia com a ideia já aqui abordada com a designação de CÓDIGO DE BEM GOVERNAR, o Forum avançou com um conjunto de recomendações e boas práticas, no que respeita aos princípios que orientam as remunerações dos administradores de empresas e das instituições financeiras. Na causa destas preocupações estão os prémios recebidos por gestores que posteriormente vieram a ser responsabilizados pela falência de algumas empresas e contribuíram para a actual crise mundial.
Segundo tais especialistas, os países da União Europeia (UE) deveriam exigir às empresas cotadas na bolsa de valores que tornassem público o salário dos seus directores, bem como a política de bónus praticada. Sem isso, «o controlo dos accionistas sobre a remuneração dos directores é ilusório" porque não se sabem os valores pagos nem os benefícios que recebem, explicam os especialistas.
Esta posição já constitui um passo muito importante, a aproveitar pelos sindicatos, para defenderem os interesses dos trabalhadores com os salários mais baixos, exigindo que os salários mais altos não ultrapassem em múltiplos muito elevados o SMN (Salário Mínimo Nacional).
Há que reduzir a dimensões mais morais e éticas o fosso entre ricos e pobres, porque todo o ser humano tem direito a viver com dignidade e há que evitar enriquecimentos ilegítimos, desperdícios, ostentações e arrogâncias de novo-riquismo, muitas vezes, saloio.
El País
Há 1 hora
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