Jovens de hoje, líderes de amanhã
As opiniões dos idosos em relação aos jovens sempre foram de crítica impiedosa, demonstrando dificuldade em compreender a insatisfação dos futuros adultos e a sua ânsia por fazerem reformas para criarem um mundo mais adequado as seus ideais de felicidade. Hoje, além desse problema de gerações, aparece um outro muito mais grave que se relaciona com a ausência de ideais em vários níveis etários. Deixou de haver teorizadores da ciência política, da ética profissional, da arte do relacionamento com as outras pessoas no emprego, no prédio, no bairro, nos lugares públicos, etc. O que mais se evidencia é o egoísmo, a ganância, a ostentação do carro, do telemóvel, do calçado e roupas de marca, do local de férias. Para se distinguir nisso, todas as negociatas, corrupção, tráficos, etc. são válidos. Os fins desculpam os meios.
Parece não haver grandes dúvidas de que estamos a atravessar um período crítico e, possivelmente, a entrar numa era de destruição de todos os valores da vida da humanidade. A comunicação social deixou de ser um instrumento de instrução e de apelo aos bons comportamentos, para ir ao encontro dos mais baixos instintos, aliciando para o facilitismo, realçando pessoas menos válidas moralmente, que depois são seguidas como modelos a imitar. Há que alertar para a importância dos blogues no futuro das sociedades, mas é preciso que sejam bem aproveitadas as suas potencialidades. Na troca de e-mails, tenho inserido sempre para um apelo suave, sem forçar, ao que a alma humana tem de melhor, mas infelizmente, pouco eco tenho recebido. Dá a impressão que a quase totalidade das pessoas trocam e-mails apenas para se deleitarem com as imagens e o som dos anexos, não tirando benefício da oportunidade de reflexão sobre a essência da vida em sociedade.
Isto mostra que os jovens estouvados já não são apenas os adolescentes mas muitos adultos, pais desses jovens. Os jovens já não têm na sua proximidade alguém que os esclareça e os ensine a encarar a vida com maturidade. Basta reparar nas notícias das inúmeras famílias que estão falidas devido ao mau uso de cartões de crédito, de compras a prestações, de consumismo exagerado sem controlo. Em épocas festivas como o Natal, a Páscoa, os locais de férias assistem ao caos moral que se acentua para não ficar atrás dos colegas e dos vizinhos, sendo um deitar dinheiro à rua sem qualquer senso... Penso que os utilizadores de blogues e os que trocam e-mails, devem ir destilando umas gotas de bom senso. Talvez algumas sementes caiam em terreno fértil e se propaguem as boas ideias. Temos que alimentar a esperança e irmos exercendo a melhor influência à nossa volta, chamando as pessoas à reflexão realista sobre o mundo de amanhã. Não podemos, porém deixar de salientar que começam a ser notados muitos jovens espalhados por vário sectores que evidenciam uma consciência bem formada que irá servir de ponto de partida para a evolução rápida que se aproxima.
El País
Há 2 horas
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