Pessoa de palavra que promete deve cumprir. Esta é uma regra elementar de civismo, de respeito por si e pelos outros e que gera a confiança dos outros, criando espírito de equipa, de harmonia, de colaboração, de lealdade multilateral. Hoje depara-se com mais promessas, com a ‘força’ falsa da «garantia» de quem se habituou a não cumprir, a não mostrar as realizações dos milagres da tal pomada que era suposto curar tudo.
Segundo o jornal Público, o «Governo garante que medidas tomadas vão ajudar a reverter situação» do desemprego». ‘Agradecemos’ mais esta promessa sobre o mesmo tema. Provavelmente, foi contratado um novo feiticeiro com poderes acrescentados que vai fazer o que ainda não tinha sido feito. Mas apesar da ansiedade provocada pela crise, poucos terão esquecido as promessas da campanha eleitoral da criação de muitos milhares de empregos que nunca foram vistos e que ainda há poucos meses era prometido que ainda seriam cumpridas! Até houve quem fizesse um cartaz, que foi apelidado de «vergonhoso».
Ou a promessa de há mais de quatro anos não era séria ou apareceram motivos sérios, mas não declarados, que impediram a sua concretização. E assim se vai perdendo a credibilidade e a confiança do povo sacrificado, pelo que devia passar a haver mais prudência nas palavras e mais consideração pela inteligência do povo, mesmo que considerem ser pouca. Limitem-se a anunciar obras feitas, melhorias bem visíveis, se as houver, na Justiça, na Segurança Interna, na Saúde, no Ensino, etc.
Outra promessa vem da DREN - já muito conhecida pela perseguição ao professor Fernando Charrua, pela simples «brincadeira de mau gosto» e pelo desfile dos professores no Carnaval - , dizendo que «os «Magalhães» em falta serão distribuídos «antes da Páscoa». Esta também é mais uma promessa que nada traz de novo. Os prazos têm vindo a ser ultrapassados, apesar da aparente pressa que tem provocado erros graves no software em que a qualidade do ensino do Português tem sido ultrajada.
Estas pequenas notícias, que provavelmente vêm a lume por descuido, mostram que os portugueses dispõem na Comunicação Social de dados suficientes para tirarem conclusões do estado em que o rectângulo se encontra. Não é preciso recorrer às tais «campanhas negra» nem a «tentativas de assassinato» nem a baixos truques, para ver que isto não está nada bem. E a forma dos que se sentem mal avaliados se defenderem não pode passar pela vitimização nem pelo «malhanço». É chegado o momento da verdade, do esclarecimento, com factos concretos, com obra feita, e deixar de fazer promessas que não podem ser concretizadas, deixar de mentir, de ocultar, de lançar poeira para os olhos dos eleitores. Estes precisam de lealdade, de verdade e acabarão por abrir os olhos para as realidades e decidir de forma justa.
Há que concentrar esforços e energias para Portugal renascer das cinzas da crise para um futuro melhor e já chegam notícias do estrangeiro a mostrar casos positivos de aproveitamento da crise para fazer correcções de rota para um futuro mais justo, de maior respeito por todos os cidadãos.
Não me considero crítico, que não sou. Poderei ser um despertador, um sinal de alarme, uma criança ingénua que grita «o rei vai nu», mas não tenho saber nem fontes de informação para ser crítico. «Isso não», como diria Ary dos Santos.
Sou um apaixonado pelo meu País, por aquela imagem que todos nós gostaríamos de ver sobreposta a este triste rectângulo. Quando vejo algo que em meu entender poderia estar melhor, chamo a tenção e aponto pistas para uma boa solução, respeitando aquele princípio de que «errar é humano» e, por isso, não chamando nomes nem ofendendo ninguém. Apenas pretendo ajudar, com as minhas fracas capacidades a que Portugal, os portugueses, tenham um futuro melhor.
A simpatia de políticos e de qualquer um deve ser vista com precaução, sem ilusões, porque simpatia, sem mais, não é um predicado abonatório. Há quem não goste de me ouvir dizer isto, mas explico. É preciso ver o que motiva o sorriso, a afabilidade, porque todo o vigarista tem de ser simpático para que nós lhe compremos o «vigésimo premiado».
E os políticos são hábeis em promessas de muitos milhares de empregos, redução de impostos, etc, etc. para obterem os votos que lhes permitam pisar as fofas alcatifas do Poder e, depois, os eleitores acabam por ver que a simpatia estava lá mas nua, sem qualquer realidade a vesti-la. Para adquirir votos, os políticos são simpáticos e semeiam sorrisos a toda a volta sem recusarem beijos a qualquer idosa desdentada que lhe ponha a cara na frente, mas só durante a campanha de marketing!!!
Li recentemente, algures, que o comportamento das pessoas e das nações é condicionado por dois factores antagónicos: o amor o medo.
«A vida é uma mistura de bem e de mal, o homem está entre a besta e o anjo», segundo diz José Gil.
Olhando com atenção para os políticos, verifica-se que, salvo eventuais excepções, não têm amor a nada e, sendo extremamente egoístas, só pensam no seu benefício actual e nos tachos dourados futuros e nas reformas milionárias acumuladas a que se candidatam. Desconfiam de tudo e têm um medo ilimitado de que lhes tirem os votos, medo dos outros partidos e medo dos próprios companheiros de partido que lhe possam fazer sombra. Agem como feras acossadas e desconfiadas de tudo. Repare-se bem na voz e nos gestos dos governantes quando vão à AR. São um livro aberto. Isto acontece no improviso, mas no discurso preparado fazem uma camuflagem destes instintos primários de defesa e agressão, usando as mais modernas técnicas de marketing, em que procuram usar a simpatia, as promessas, a fumaça e a poeira para ocultar as realidades e conquistar votos de ingénuos como é a maioria dos cidadãos.
Temos que estar prevenidos. A personalidade dos políticos vê-se quando estão zangados com a oposição ou porque apareceu um «cartaz vergonhoso» ou porque imaginam uma «campanha negra» ou insinuações, ou «tentativas de assassinato político» etc, e é preciso «malhar».
São todos esculpidos em formas idênticas, mais idênticas quando têm aspirações a ocupar as cadeiras do Poder. Compreendendo estes mecanismos naturais e instintivos, seremos mais, compreensivos, condescendentes e tolerantes. ‘Agradecemos’ as promessas e esperamos, se for possível, a sua concretização.
Almirante Gouveia e Melo (I)
Há 1 hora
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