A noção generalizada de democracia assenta em eleições livres com voto secreto de cujo resultado sai um governo unipartidário ou de coligação, ficando os restantes partidos na oposição.
Ao Governo, cujos elementos, ao tomar posse, juram cumprir com lealdade as suas funções, compete realizar estas, de governar o País com vista a melhorar as condições de vida da população, pelo ensino, saúde, segurança, justiça e supervisão de toda a actividade com influência desenvolvimento do País (população, património e soberania).
Aos partidos da oposição nada é exigido em juramento solene, mas deles é esperado que estejam atentos aos actos de governação, criticando-os quando se afastem das promessas eleitorais e do programa do Governo aprovado pelo Parlamento ou que sejam, tomadas decisões nefastas para a população e para o futuro nacional. Ao mesmo tempo, os partidos da oposição com aspiração à alternância democrática (teoricamente, todos) devem exercer o seu papel de oposição por forma a mostrar aos eleitores que estão preparados para vencer as próximas eleições e exercer com competência, bom senso e patriotismo as funções de governo.
Perante este conceito, aqui delineado em traços ligeiros, a oposição só pode ser criticada por não chamar em voz bem audível a atenção do Governo para actos menos ponderados que poderão hipotecar gravemente as gerações actuais e as futuras. Pelo contrário, cada cidadão, como eleitor e detentor de uma quota-parte de soberania nacional democrática, deve usar do direito de opinião e de expressão, individual ou colectivamente, apoiando ou criticando aqueles que juraram defender os interesses dos portugueses. Cabe ao Governo, perante essas críticas, explicar as realidades por forma a esclarecer os discordantes.
Estes considerandos são suscitados pelo relato da líder do PSD sobre a actuação do Governo nos últimos quatro anos, que fez no seu direito de cidadã eleitora e de responsável pelo principal partido da oposição (segundo dados das últimas eleições legislativas). Se o Governo não concorda com um ou outro ponto, deve esclarecer a Nação com argumentos sérios, claros e transparentes para que não fiquem a restar dúvidas.
Mas, da parte do Governo, não houve tais esclarecimentos e, mais uma vez, saltou à estacada o «malhador» de serviço a zurzir a oposição, sem apresentar um único argumento que anulasse todas ou algumas das afirmações da líder do partido rival. Segundo o artigo do Público Santos Silva lamenta “visão tremendista” e “vazio de ideias” do PSD, o argumento mais válido que este conseguiu apresentar foi que "O PSD organizou hoje sessão não para apresentar qualquer ideia ao país, mas sim para ‘maldizer’, dizer mal de tudo, imputar culpas a quem não as tem, manifestando que o vazio de ideias que hoje assola o PSD é directamente proporcional à sua capacidade de dizer mal, à sua propensão para o negativismo". "É uma visão tremendista da sociedade portuguesa, uma dimensão que só revela a cegueira e o preconceito".
Portanto,o Governo pela voz deste representante, não provou qualquer mentira ou calúnia da líder do partido da oposição e até concordou com ela "claro que houve falhas nestes quatro anos, e a oposição cá estará para identificá-las, é a sua função".
Curiosamente, na malhada anterior usou de vitimização com os fantasmas de «campanha negra» de «tentativa de assassinato moral e político» etc. e agora, para mostrar a sua criatividade, talvez se tenha socorrido do «Magalhães, e utilizou o neologismo «visão tremendista», adjectivo que não consta dos dicionários, só parecido com as célebres falhas do referido ‘notebook’ tão do gosto do Governo. E, apesar da novidade do termo, nada ficou esclarecido contra as afirmações da referida líder.
Não é com arrogância, ofensas e palavras vazias de significado que se esclarecem os eleitores sobre aquilo que o Governo fez ou deixou de fazer, na sequência das promessas que lhe granjearam os votos. Os discursos do malhador estão a constituir uma tremendíssima asneira de que o PS nada beneficiará. Daquilo que disse, segundo o artigo do Público, o que há de mais claro é que «houve falhas nestes quatro anos».
quinta-feira, 12 de março de 2009
«Malhar» no «tremendismo»
Publicada por A. João Soares à(s) 18:05
Etiquetas: arrogância, tremendismo, vitimização
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Caro João,
Realmente não é de admirar a atitude do "malhador de serviço" pois não tendo argumentos convincentes utiliza frases ocas de sentido e nada esclarece a oposição e os portugueses em geral.
Espero é que os portugueses não caiam no canto da sereia e nas próximas eleições mostrem bem o seu desagrado a este "governo de Faz de Conta"!
Já andam para aí a tentar enganar o povo dizendo que precisam de uma maioria absoluta para que haja pacificação e se possa governar! Mentira e das grossas pois actualmente há essa maioria absoluta e não só não há pacificação como não há governação ...
Penso que será conveniente que o resultado das eleições obrigue a um governo de coligação para assim não haver tentativas ditatoriais como até agora se têm verificado com este governo.
Meu caro Luís,
Vou aproveitar a ideia de uma resposta noutro blog a outro post.
Realmente, governar, com seriedade, para bem dos portugueses é difícil e exige patriotismo, espírito de sacrifício, dedicação, competência.
Os políticos, para estarem ocupados, fazem politiquice, pensando na luta interpartidária, com tricas, «campanhas negras» e outros fantasmas que ornamentam a vitimização. Mamã, aquele menino chamou-me filho da p...! E assim se vão entretendo e preparando tachos dourados para o resto da vida. O malhador, a Margarida da DREN e outros dedicados cães de guarda do PM, vão recebendo o rebuçado de gratidão.
Não se pode esperar muito mais da capacidade para governar, dado o currículo da carreira política: jota, assessor, deputado, secretário de Estado, ministro, etc, sem uma preparação académica adequada, embora, depois de obterem poder de influência, consigam títulos «à la minute». Sem dúvida que admito a existência de eventuais excepções.
Um abraço
João Soares
Caro J. Soares
Numa Democracia adulta e consolidada, tudo se passa como descrito no Post; o governo cumpre o programa de governo, que os eleitores sufragaram no convencimento de ser o melhor para o País e os partidos na oposição exercem a sua legítima acção de fiscalização. Só com desempenho sério das suas atribuições é que governo e oposição conseguem o desenvolvimento sustentado do País. Quando, sistematicamente, o Governo se arroga o direito de não dar explicações transparentes, revela um profundo autoritarismo e falta de argumentos convincentes. É preciso que os portugueses não se deixem enganar com promessas e não renovem uma maioria que já provou não resolver os problemas do País. Também concordo que um governo de coligação era a melhor solução, na situação actual.
Um abraço
Eurico
Caro Eurico,
Já imaginaste que hoje seria estupidez um governo começar uma obra que, como o mosteiro da Batalha, demoraria muitas décadas a ser concluída. Provavelmente o governo seguinte pararia a obra como aconteceu na barragem de Foz Côa. Para tais casos e para muitos outros torna-se aconselhável o consenso de todos os partidos. O já falado CÓDIGO DE BEM GOVERNAR, é indispensável, principalmente, agora, para sair da crise e depois para construir um Portugal melhor estruturado.
Numa verdadeira democracia em que os partidos saibam colocar os interesses do País acima dos próprios, quanto mais activa e colaborante for a oposição melhor é a qualidade da democracia. Se forem impostos limites e condicionamentos à oposição, isso seria perigoso e transformaria o regime numa ditadura. A oposição tem de exercer uma acção crítica dos actos do Governo, de forma sistemática com vista à perfeição da Governação
Considero-me apartidário e isento, olhando o terreno como se estivesse mais perto da Lua do que da Terra e acho que o melhor político da oposição é Francisco Louçã, embora por vezes seja exagerado na forma como chama atenção para alguns desvios da democracia.
O ideal seria um PACTO DE BEM GOVERNAR a ser aprovado por todos os partidos, a fim de serem salvaguardados os interesses nacionais, em cada passo, e haver consenso nas grandes obras que vão além do período da legislatura.
Isto não seria difícil se os partidos não pretendessem continuar a ser agências de emprego para os seus «boys», e viverem do tráfico de influências e da corrupção. Há muita falta de ética, de moral, de civismo e de patriotismo.
Abraço
João Soares
Caro João,
Após leitura destes comentários surgiu-me a ideia que, dada a dificuldade de se encontrar o "PACTO DE BEM GOVERNAR", deveríamos nas próximas eleições criar uma situação tal que obrigasse à existência de um "governo de coligação" (envolvendo 3 ou 4 partidos) tipo de "SALVAÇÃO NACIONAL" que permitisse ao PR ter uma acção mais interventiva e e moderadora, visto que, dificilmente de outra forma, a Constituição não o permitir! Nesta Constituição o PR não passa de uma figura decorativa, tipo Rainha de Inglaterra. Essa situação nos países latinos não parece ser a mais aconselhável. Será UTOPIA, mas penso que seria a melhor forma de se sair desta "trafulhice" a que querem chamar democracia....
Caro Luís,
Esta ideia já foi por mim sugerida em 31 de Agosto no post Reforma do regime é necessária e urgente e, vistas bem as condições da nossa estrutura política, a Constituição, a iniciativa só pode partir do PR, começando por chamar cada partido e propor uma reunião de todos os líderes para este efeito. Nem era preciso um governo de coligação, embora essa solução não fosse de desprezar. Bastava que o Governo pusesse de lado 50% da sua muita arrogância e teimosia em decisões estúpidas e, pelo menos nos assuntos mais importantes, dialogasse com a oposição por forma a evitar erros demasiado crassos como aqueles em que tem sido obrigado a recuos, ou as leis que não serviram para nada de útil como a lei das armas e outras em que não pode deixar de se incluir as sucessivas alterações do Código da Estrada que não melhoraram a segurança rodoviária e só aumentaram as multas e coimas.
Em vez da palhaçada dos encontros na AR que só desprestigiam os políticos à vista do povo, devia haver reuniões produtivas de decisões dentro do conceito de que é preciso Pensar antes de decidir, e duas cabeças pensam melhor do que uma.
Um abraço e bom fim-de-semana
João Soares
Enviar um comentário