Este artigo que se transcreve do JN, merece muita atenção. Depois de o ler, fui verificar as últimas 9 facturas da água (concelho de Cascais) e concluí que a verba respeitante ao consumo representa apenas 36% do total da factura, isto é, o total é 2,78 vezes o consumo, o que é o mesmo que dizer que as taxas adicionais ao consumo representam 1,78 vezes o valor deste. Por cada euro de consumo temos de pagar uma factura de 2,78 euros. Pobre consumidor!!!
Municípios e empresas acusados de cobrar taxas ilegais
Nelson Morais
Factura inclui 2,32 euros de água e 15,20 de "taxa de disponibilidade"
Amenos de três semanas da entrada em vigor da nova lei aprovada pelo Parlamento para proteger os utentes de serviços públicos essenciais, a Associação de Consumidores de Portugal (ACOP) vai tomando conhecimento, dia para dia, de mais câmaras e empresas que começaram a cobrar "tarifas de disponibilidade" nas facturas de água e saneamento. E como vê nessas tarifas a cobrança ilegal de alugueres de contadores e consumos mínimos "encapotados", a associação de Coimbra promete avançar para os tribunais.
Do outro lado da barricada, câmaras e empresas agarram-se ao Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR), cujo presidente, Jaime Melo Baptista, defende que "a proibição de cobrança de consumos mínimos e do aluguer do contador (...) não impede a cobrança de tarifas de disponibilidade".
Em declarações ao JN, o responsável sustenta a sua posição no n.º 3 do artigo 8.º da Lei 12/2008, que entra em vigor a 26 deste mês e determina "Não constituem consumos mínimos (...) as taxas e tarifas devidas pela construção, conservação e manutenção dos sistemas públicos de água, de saneamento e resíduos sólidos".
Mário Frota, da ACOP, discorda em absoluto. "Não há aí nada que legitime a tarifa de disponibilidade", defende o jurista, para quem a posição do IRAR é "algo inqualificável". "Proíbe-se o aluguer do contador e muda-se-lhe o nome!".
Para Mário Frota, "os consumidores só têm de pagar o que consomem". Revolta-se, por isso, ao falar de um munícipe da Figueira da Foz "que consumiu 2,32 euros de água e pagou à Águas da Figueira S.A. 29,86 euros, 15,20 cobrados pela 'taxa de disponibilidade'" - conforme consta da factura enviada à ACOP. "Isto é um assalto à bolsa dos consumidores", insurge-se o jurista (também) da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, referindo casos similares no concelho do Fundão e de Mangualde. Dá também o exemplo de Abrantes, onde a empresa concessionária do abastecimento de água estará a cobrar uma taxa de 50 cêntimos pelo "acompanhamento e fiscalização do contrato de água e saneamento". "É a imaginação ao poder", ironiza, com um slogan de Maio de 68.
Por seu lado, o presidente do IRAR insiste que os tarifários devem integrar tarifas fixas. "Importa que a componente fixa seja calculada de modo a reflectir, não o aluguer do contador, mas o conjunto dos custos fixos incorridos com a disponibilização do serviço, dos quais os custos com os contadores são apenas uma parte", justifica.
Convencida de que assim não é, a ACOP aguarda a entrada da lei em vigor para escrutinar facturas dos cerca de 280 sistemas de água e saneamento que servem os 308 municípios do país. Em Julho, espera ter apuradas todas as ilegalidades, que teme ver cometidas em grande parte dos concelhos, e espera estar em condições de propor acções populares aos tribunais. Para o efeito, conta mesmo receber "apoio" da Direcção-Geral do Consumidor, adiantou Mário Frota.
Mensagem de fim de semana
Há 1 hora
4 comentários:
Esta taxa de disponibilidade é mais um ataque à nossa carteira. Então que continuassem com a taxa de aluguer dos contadores, sempre era menos.
O governo de Sócrates é mesmo assim, dá com uma mão, mas tira com as duas...
Um abraço
Compadre Alentejano
Eu bem digo que estamos no "País do Faz de Conta"! Dizem que se dá mas é mentira só têm é tirado! E tiram a "torto e a direito" nada escapa!
Ainda se estivessemos num país tropical mas com os nossos invernos como é que podemos andar de tanga!!!!! Mas acredito que em breve é assim que se andará.....
Compadre,
Há umas décadas a esta parte, os governos , em vez de procurarem facilitar a vida aos meis carenciados, defendem os mais ricos. Para os pobres qualquer pequeno aumento das despesas coloca-os em situação desesperada, de rotura, enquanto aumentos da mesma proporção aos mais ricos não passam de pequenas beliscaduras, indolores.
Seria bom que os políticos pensassem mais nos seus eleitores, principalmente os mais numerosos que são os que não têm hipóteses de «tachos dourados». Governar, não é governar-se, não é candidatar-se a um tacho nas empresas de serviços, nas de capital público ou nas que têm negócios com o Estado.
Um abraço
A. João Soares
Luís,
Dentro em breve, se tudo continuar na rota actual, nem de tanga andaremos, porque nem para ela haverá dinheiro no bolso da maioria dos portugueses.
Um abraço
A. João Soares
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