sábado, 31 de maio de 2008

10 de Junho em época de crise?

A cerimónias do dia de Portugal este ano irão realizar-se em Viana do Castelo, no Campo d'Agonia, espaço recentemente intervencionado pelo Programa Polis. O Campo d’Agonia irá receber a principal parada das comemorações do dia de Portugal, que contará com a presença de 3000 militares e dezenas de viaturas tácticas e de combate, que ali estacionarão e desfilarão.

Como não foi considerado adequado fazer tal parada em terreno pelado, cerca de 20 militares do Regimento de Engenharia de Espinho começaram esta semana a montar um relvado com uma área de 9000 metros quadrados (equivalente a um rectângulo de 100 por 90 metros)

Esta operação de colocação de relva, consta de compra das pranchas de relva em Almeirim, o seu transporte para Viana do Castelo, utilização de máquinas para carga, descarga e colocação no terreno, sistema de rega, transporte do pessoal desde Espinho, com o apoio logístico inerente à sua estada no local durante mais de três semanas e a colaboração da equipa de jardinagem da Câmara Municipal de Viana do Castelo.

A notícia do DN não refere os custos de toda a operação, mas como o País vive desafogado, não há qualquer hesitação em ostentar a riqueza própria de tempo de vacas gordas.

Se fosse uma obra necessária para ali ficar um espaço lindamente ajardinado, não haveria que levantar grande reparo à oferta à Câmara Municipal de Viana do Castelo desta melhoria urbanística. Mas há grandes dúvidas que, após as manobras e desfile de viaturas militares tácticas e de combate, aquela relva recentemente colocada e ainda não consolidada fique em condições de recuperar o seu aspecto sem ter de ser levantada, alisado o terreno e voltada a ser colocada e substituída a mais danificada.

E, por mais que se faça, nunca poderá ser mostrado um arsenal que amedronte qualquer outro Estado do terceiro mundo. Enfim mania das grandezas, da ostentação, de quem nem tem para mandar cantar um cego.

8 comentários:

Anónimo disse...

Depois de ler este artigo fiquei com a certeza absoluta que foi feita a melhor escolha para o local do evento - Campo d'a AGONIA - pois não é em agonia que vivemos? Tenho dito!!!

A. João Soares disse...

Caro Luís,
Aprecio a tua capacidade de sintetizares aquilo que é complexo. O País está moribundo, como os indicadores vitais dizem, por isso a Agonia é uma escolha adequada. E nem merecem a extrema-unção, porque apenas têm fé neles próprios.
Abraço
João

anamarta disse...

Caro João
Depois de ler o artigo,pensava precisamente escrever aquilo que o Luis escreve acima, portanto resta-me subscrever as suas palavras.
Um abraço

A. João Soares disse...

Mas é de lamentar que o País esteja neste estado de penúria, nesta agonia, pois o dia de Portugal deve ser festejado com dignidade, embora sem demasiada pompa.
À medida que o mundo está a tentar ser menos violento e mais pacifista,parece que as celebrações nacionais deviam ser mais assentes nas capacidades do povo e menos nas forças militares. Estas servem para mostrar força ao estrangeiro, mas no momento presente isso não faz sentido e não é coerente com a redução com que o governo as encara.
Um abraço
A. João Soares

Mariazita disse...

Meu caro João
Realmente, fazer desfilar essa tropa toda sobre relva recém plantada, não lembra ao Dom Pedro!!!
Se a intenção, ao apresentar um tal poderio militar, é amedrontar um estado do terceiro mundo, melhor seria fazê-lo na A1, em marcha lenta.
Assim, ao sobrevoarem o nosso espaço aéreo, os aviões espias meteriam o rabinho entre as pernas, amedrontados com tão elevada demonstração de força bélica!
Não sei se nalgum outro país do mundo existirão mentes tão brilhantes como as que conseguem arquitetar planos assim mirabolantes...
Em vez de aproveitarem o Dia de Portugal para homenagear aqueles que, indignamente, ficam para sempre no rol do esquecimento (lembra-se do que escreveu o Clemente?) - o que fazem é desbaratar o dinheiro que não lhes custou a ganhar.
Desculpe, esqueci-me que estava a escrever um comentário e não a elaborar um "grito de revolta"...
Que Deus nos valha, porque não vejo quem mais o possa fazer.
Beijinhos
Mariazita

Anónimo disse...

Que maldicentes estão! :)
Então já deitaram contas aos empregos que se vão criar, aos lucros dos fornecedores e dos vendedores de cachorros quentes,sem falar dos lucros de..(quem?) pelos combustíveis que se vão gastar ?? Concluindo: gasta-se, mas o Estado vai lá buscá-lo, nada de recear o contrário! Então e a vaidade em mostrar aos vizinhos espanhóis que também por cá se fazem coisas bonitas?
Enquanto se conseguirem esconder os depauperados bastidores, o circo há-de continuar!
Manuela

A. João Soares disse...

Querida Mariazita,
É um prazer ler o que escreve quer nos seus blogs quer nos comentários. Continue que vai chegar longe. Estamos a entrar na época das mulheres. Olhe a Manelinha F Leite que preside a um dos grandes partidos nacionais e a Hilary que, se não chegar a Presidente, anda lá perto.
Mas, falando mais concretamente sobre o comentário, acho-o muito sensato, é preciso dar dignidde a esta data, mas em todos os aspectos. Em vez de condecorarem amigalhaços e pagar favores pessoais, devem ser destacados aqueles que prestam serviços à colectividade e se evidenciam nas ciências, nas artes, na gestão em favor do engrandecimento de Portugal e na criação de riqueza para o Pais.
Já sugeri que se condecorem as empresas que mais impostos pagam, que dão mais emprego, que mais exportam, etc
Beijos
João

A. João Soares disse...

Manuela,
É o tradicional circo de vaidades a funcionar. É o faz-de-conta de que os portugueses gostam. Mas de toda essa movimentação de dinheiro que mexe a economia e dá 21% para os cofres do Estado (e é nisso que os governantes pensam) o que custa ver ´s a relva a ser pisada pelos carros pesados. Que raio de ideia. Qualquer dia o desporto de motocross e os ralis vão ser feitos em pistas relvadas de véspera. Viaturas tácticas e de combate são, por definição, de «todo-o-terreno» e a sua exibição costuma ser feita no pior terreno.
Enfim, vaidades de gente pobre que não sabe dar valor ao pouco dinheiro de que dispõe.
Um abraço
João