quinta-feira, 1 de maio de 2008

MDN não prestigia a democracia

Para que a política atraia os jovens, como é preconizado no discurso lido pelo PR no dia 25 de Abril é indispensável que a actividade dos político se torne impecável, exemplar, que possa servir de espelho à vida dos cidadãos. Quando isso acontecer, não faltarão pessoas válidas a darem um passo em frente para colaborar na gestão da causa pública. Mas, infelizmente, os casos contrários são demasiado abundantes, como este apontado por Brandão Ferreira.

O ministro da Defesa e a falha no exemplo

«Verba vólant, scripta mánent exempla traúnt»
ou seja, «As palavras voam, os escritos permanecem, o exemplo arrasta”
Aforismo Latino

Não há maneira de nenhum governo, presidente seja do que for, administrador de empresa, juiz, chefe militar, ou qualquer individuo a quem for outorgado um grau de autoridade, poder liderar seja quem for e obter o respeito e a colaboração dos seus subordinados/cidadãos, se não der o exemplo. Não é razão suficiente, mas é condição necessária. E só conseguirão algo que se veja, pelo medo ou por concitarem o interesse dalguns por via das prebendas.

Ora a classe politica que tem preenchido os diferentes órgãos de soberania, autarquias, etc. têm na sua esmagadora maioria pretendido impor sacrifícios ao comum dos cidadãos e ficar fora deles na proporção que lhes caberia.

Era como a triste figura de alguns próceres do “Estado Novo” (também os houve), que estando a Nação em armas, tudo faziam para livrar os seus filhos de prestarem serviço militar, ou serem mobilizados para as frentes de combate.

Enquanto em tempo de alguma abundância, desmioladamente se esbanja o que há, mas se vai atenuando a coisa, com uma liberalidade recorrente na distribuição de “subsídios”, é fatal chegar o tempo em que é preciso pôr ordem na casa. Estamos a viver um tempo destes.

Mandaria então o bom senso que se falasse verdade e se distribuísse o “mal pelas aldeias” de modo a concitar a boa vontade de toda a Nação (palavra entretanto banida do vocabulário), pois só assim se pode ultrapassar adequadamente os graves problemas que nos afectam. E para tal é necessário que o exemplo venha de cima, pois não é reconhecido de outro modo.

Mas isso não tem comovido as sucessivas classes dirigentes sempre muito democráticas - como se a Democracia substituísse a seriedade! -, apesar de serem eles os responsáveis por tudo o que se passa e não se passa – note-se -, e vão mantendo uma escandalosa dessintonia entre o que auferem no seu todo, e os restantes indígenas que supostamente servem!.

Os exemplos são citados às dezenas nos órgãos de comunicação social e em muito maior número na Internet, pelo que me dispenso de apresentar quaisquer casos, a não ser este que tem a ver com o título.

O Dr. Paulo Portas quando fez a sua triste passagem pela pasta da defesa, levou consigo um condutor civil, que se diz ser funcionário do seu partido. O homem teve o azar de estampar o carro de serviço (um BMW de alta cilindrada), em condições que são conhecidas. O carro foi rapidamente substituído por outro de igual gabarito.

Parece-nos muito importante que os senhores ministros e outros afins, andem em carros de grande performance. Isso permite-lhes serem pontuais, que como se sabe também é uma regra de bom exemplo; ao passo que uma boa suspensão lhes logra cuidar da coluna vertebral que se pretende erecta. Outro requisito para o bom exemplo.

Estávamos então na substituição do carro do ex-ministro Portas. Não foi há muito tempo, dada a vertigem a que se sucedem os responsáveis pela pobre da Defesa Nacional. Mas não o entendeu assim o actual inquilino, Dr. Teixeira, que se viu obsequiado com dois Mercedes topo de gama para seu uso e do seu “ajudante” Secretário de Estado.

Não parece grande exemplo. Sobretudo quando se sabe das misérias que grassam pelas depauperadas Forças Armadas, consequência dos seus orçamentos; se mantêm viaturas distribuídas por altos cargos militares com muitos anos de serviço e centenas de milhares de Km; se atacam as reformas dos militares e o seu serviço de saúde e ,pior do que tudo, se mantêm forças militares em zonas de combate sem alguns equipamentos essenciais à sua operação e protecção.

Se calhar ainda não se deram conta, mas com exemplos destes ninguém os respeita.

João José Brandão Ferreira, Tcor Pilav(ref.)

Texto recebido por e-mail de Alô Portugal e de outras origens

2 comentários:

Luis disse...

Hoje em dia o EXEMPLO foi esquecido! Estamos numa época em que cada um só pensa no seu "UMBIGO"! SERVEM-SE e NÃO SERVEM! Na realidade não servem para nada. Tendo em consideração o dito popular "OU HÁ MORALIDADE OU COMEM TODOS" refira-se que neste momento "NEM HÁ MORALIDADE NEM COMEM TODOS", porque só ALGUNS comem e muito, deixando só "migalhas" para os restantes! Quando acaba esta VERGONHA!

A. João Soares disse...

Não podemos prender-nos com tais minudências desse género. Está tradicionalmente aceite que os políticos auferem de imunidade para tudo!!!
Excesso de velocidade, de estacionamento, etc. etc. são coisas comuns.
Eles consideram que o povo votou neles para fazerem o que lhes vier à real gana, sem terem de dar contas a ninguém ou de aceitar críticas irreverentes, pois são donos absolutos do rectângulo!!! Mas tudo lhes seria perdoado se governassem com isenção, rigor e honestidade, sempre com vista aos interesses dos cidadãos. Mas desses interesses não se importam, pois acima de tudo estão os interesses pessoais e da malta do clã, e se sobrar um pouco de energia, também se interessam pelo partido.
Exemplos, eles nem sabem o que isso significa.
A. João Soares