Não é possível encontrar governantes com capacidade milagrosa para governar este rectângulo povoado com gente como nós. E eles saem do âmago desta população, sofrendo dos mesmos defeitos atávicos.
Nos dias de hoje, com tanta preocupação com o ambiente, pelo menos em palavras teóricas, é convicção geral de que a energia do futuro assentará nas fontes renováveis, como a eólica a solar e a hídrica, que não poluem a atmosfera. Com base neste conceito, há planos para o aproveitamento da barragem do baixo Sabor e, também, para as de Fridão, Foz Tua e Vidago, estando a execução destas prevista até 2020, representando os três projectos juntos 487 megawatts, quase 10 % da actual potência hídrica instalada.
Já tínhamos assistido a pressões de «intelectuais» dos sectores da ecologia e da arqueologia que travaram por dezenas de anos a barragem do Alqueva, impossibilitaram a de Foz Côa e têm atrasado a do Sabor. Agora, ao ser conhecida a intenção da construção da barragem de Fridão, no Frio Tâmega, a 12 quilómetros de Amarante, a autarquia aprovou, ontem, por unanimidade, uma moção contra a sua construção, alegando questões "ambientais, de segurança e patrimoniais". E não se trata de questão de tricas partidárias, pois o presidente do executivo municipal, o socialista Armindo Abreu, contou com o apoio dos vereadores do PSD e do Movimento Amar Amarante.
O argumento usado para a oposição ao empreendimento assenta em questões de segurança, ambientais e patrimoniais. O presidente considera um «perigo» a cidade ficar com um "enorme depósito de água" a escassos quilómetros da cidade. "Não queremos um lago de águas pestilentas na cidade", argumentou o autarca que também referiu a "degradação da água, por ficar estagnada».
Ora é sabido que a produção de electricidade não se consegue com água estagnada, mas sim com água corrente. É considerada uma riqueza uma cidade ter um rio ao lado, como espelho de água, onde se podem praticar vários desportos náuticos. Conclui-se que se trata de uma visão egoísta, sem sentido de Estado e com o desejo de adquirir visibilidade por dificultar o Governo na prossecução do desenvolvimento nacional e preservação da qualidade do ar, evitando o CO2 produzido pelas centrais a combustíveis fósseis.
«Povo que não se governa nem se deixa governar».
El País
Há 1 hora
2 comentários:
Caro A. João Soares
Já o general ocupante escrevia da Lusitânia para o Senado de Roma, queixando-se deste povo, "que não se governa nem se deixa governar"!
A água vai ser o petróleo do sec XXI.
Quando é que algum GOVERNO tem a coragem de retomar a obra de Foz Coa, cuja construção é imperativa?!
Saudações
Caro Zé Guita,
Diz muito bem: A água é uma preciosidade no século XXI. É uma pena vermos que a maior parte daquela que cai sobre o nosso rectângulo é deixar correr livremente para o mar sem dela se tirar a sua utilidade e aproveitamento.
O encerramento da obra de Foz Côa foi uma asneira sem adjectivos que a qualifiquem suficientemente. É uma prova de que o Poder tem estado em mãos de crianças que não sabem o valor elevado do brinquedo que têm nas mãos. Ela fazia parte de um antigo plano que, depois de totalmente realizado, seria constituído por várias barragens ao longo do Côa e de afluentes do Tejo através das quais seria possível fazer o transvase das águas desde o rio Douro para ir irrigar terras do Alentejo tornando mais produtivo agricolamente.
Não há saber, capacidade de decisão e de esclarecimento das pessoas por forma a haver coerência, racionalidade e perseverança, ou «teimosia» como diz Sócrates, para realizar os bons projectos. O Povo já está habituado à propaganda enganosa e já não há credibilidade para esclarecer e informar. O caso do aeroporto na Ota foi dramático para a destruição de qualquer resto de credibilidade que ainda sobrasse.
Um abraço
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