Chegas amanhã, Outono, e como eu te esperei...
Setembro vai caminhando já com sinais de cansaço, desmaiando aqui e ali em cores que o sol não domina nem protege.
A brisa vai soprando já com prenúncios de mudança. Sopra mais ligeira, mais atrevida. Sem o peso de canículas e chuvas de Verão. Agita uma folhagem perdida no alvoroço do seu destino, sem tréguas e sem esperança, caindo em solo alheado.
Sinfonia triste de uma balada todos os anos repetida.
Doce aquietar de sonhos vividos em partilha aceite e consumada.
Tempo de vindimas. Os bagos inchados de seiva de ternura e temperados de alegria apetecida. Uma apoteose de néctares e cantigas, risos e danças.
Outono...
O recomeço das aulas.
Batas vestindo risos, moldando emoções. Bandos de criançadas. Pássaros chilreando em algazarra colorida. Alguns saídos de ninhos acolchoados de amor para um primeiro voo, numa aventura que ainda amedronta mas excita.
Reencontro de amigos. Mistura ruidosa de jeans e abraços. Um reviver de momentos passados na partilha de gargalhadas e soluços. O relato de férias férteis em sol e lazer.
Outono...
O cheiro das castanhas assadas. Quentura estaladiça entre mãos que se tisnam de cinza escaldante.
E a brisa fresca empurrando fumos de assadura, perdidos depois em ruído e poeira.
Choram já as folhas pisadas em gemidos, sem eco na indiferença da multidão em faina apressada.
O sol com um brilhar mais cálido e suave, perdendo-se em acenos rubros e silenciosos lá bem nos confins do horizonte...
Como te esperei, Outono, para uma vez mais te celebrar em veleidades de poeta.
E amanhã, só amanhã poderás ler o meu poema.
Extraído do blog Brizíssima http://brizissima.blogs.sapo.pt/, de uma amiga nossa futura companheira do CVS
El País
Há 1 hora
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