Só em situação patológica se pode imaginar um pastor, um líder, a correr pela picada, muito convicto do seu bom desempenho e, quando pára e olha à volta, não sabe onde está e não vê seguidores. Está só e desorientado.
Embora, pareça uma situação fictícia e virtual, não o é, pois vemos casos destes com frequência, nos gabinetes governamentais, como as notícias nos indicam.
Na Justiça, não houve a preocupação de congregar as vontades dos juízes e funcionários judiciais no sentido de tornar a justiça mais célere e eficiente, à semelhança do que ocorre em países mais evoluídos. Pelo contrário, desencadeou-se um conflito a propósito das férias judiciais, deram-se carros novos e potentes aos quadros superiores para os comprometer com o Governo, e fecharam-se tribunais no interior. A publicação do CPP e a sua rápida entrada em vigor sem ter sido bem compreendido pelos agentes da Justiça levantou nova polémica.
Na Educação, também se considerou que, para marcar posição de domínio, era necessário confrontar os professores, impor a TLEBS, determinar repetições de exames condenadas pelo tribunal, encenar teatrada com falsos estudantes e professor e fazer uma festarola dispersa por todo o País com todos os membros do Governo nas vésperas da abertura das aulas. As promessas de prolongar o ensino obrigatório, nada resolvem na preparação efectiva dos estudantes para a vida prática e dá aso a mais críticas e divergências, apenas com a vantagem de aumentar postos de trabalho para professores. E assim se prejudica o País para beneficiar a classe dos professores. Mais incoerências de governantes. Também o fecho de escolas no interior é contrariado pela intenção de o Governo apoiar o investimento empresarial e o repovoamento daquelas zonas.
Quanto ao estudo da Deco sobre a insalubridade nas escolas, devia ter havido menos arrogância e mais realismo da parte do ministério. Com efeito, nada é perfeito. Encontram-se sempre problemas que devem ser reparados. Isso é inevitável. E neste caso, seria muito mais eficiente e simpático reagir de forma parecida com esta:
Realmente há deficiências que ainda não pudemos reparar, mas estamos a fazer tudo para as eliminar o mais rapidamente possível. Ficamos gratos pelos alertas que recebemos da parte de cidadãos e instituições, a fim de melhorar a forma de servir os estudantes e o povo em geral.
Teria sido muito mais democrático!!!
Na saúde, também se iniciou com a confrontação com médicos e farmácias e, ainda agora, são proferidas frases desagradáveis para a generalidade dos médicos. Se o ministério tem por finalidade o tratamento dos doentes, não se vê como o pode conseguir sem médicos e outros profissionais da saúde, motivados e apoiados com as condições indispensáveis. Não se vê que mistérios de liderança levam ao encerramento de maternidades e de urgências no interior do País, resultando em nascimentos e mortes em ambulâncias em viagem para os locais distantes que lhes são impostos, agravado pela escassez e velhice destes veículos especiais.
É crível que, em todas as profissões, há pessoas menos dedicadas e eficientes, mas a condução de homens, a liderança, obtém-se pela formação, pelo esclarecimento, pela persuasão, mais do que pelo chicote e a hostilização e amaça sistemáticas. Pastorear homens não é bem a mesma coisa que apascentar rebanhos e, mesmo estes, não reagem da melhor forma ao uso exclusivo da violência.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Líderes solitários
Publicada por A. João Soares à(s) 23:07
Etiquetas: incompetência, líderes, pastores, solitários
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