De Rosemund Gerard, inserido como comentário num post por Brizíssima do blog Brizíssima
Quando tu fores velhinho e eu for velhinha
Quando os meus cabelos loiros forem da cor da neve
Em Maio no jardim radioso à tardinha
Aqueceremos nossos corpos velhos ao de leve
Para que esse calor em júbilo aconteça
Imaginaremos ser jovens apaixonados
Eu sorrirei para ti meneando a cabeça
E formaremos um par de velhos deliciados
Olhar-nos-emos sentados sob a trepadeira
Com olhos ternurentos e brilhantes
Quando fores velhinho e eu, de certa maneira,
Sentir os meus cabelos loiros já distantes
Sentados no nosso velho banco de musgo vestido
No nosso velho banco iremos conversar
Será um prazer doce e bem vivido
Acabando frases, talvez mesmo a beijar
Quantas vezes eu pude dizer-te no passado
Amo-te, contá-las-emos docemente agora
Recordaremos mil e uma coisas com agrado
Pequenos nadas especiais de outrora
Um raio de sol tombará numa carícia doce
Entre os nossos cabelos brancos, em tons rosa
Poisará no nosso banco como se fosse
O mesmo velho banco-musgo, a mesma prosa
E, como te amo mais em cada dia
Hoje mais do que ontem e menos do que amanhã
Rugas no rosto não calarão a alegria
Pois as mesmas roseiras perfumam a manhã
Pensa as primaveras que nos acalentaram
As minhas recordações serão tuas também
Recordações que nos entrelaçaram
E, sem cessar, nos ligam agora ainda tão bem
É verdade, seremos velhos, mais velhos ainda
Apertarei mais forte a tua mão, cálida e sã
Porque, vê-tu, o meu amor nunca mais finda
AMO-TE HOJE MAIS DO QUE ONTEM E MENOS DO QUE AMANHÃ.
Mensagem de fim de semana
Há 39 minutos
2 comentários:
Muito grata, A. João Soares pelos belíssimos textos, aqui, postados, não só este, mas todos os que especialmente hoje, tenho lido e que se referem aos mais velhos.
Sempre admirei as pessoas mais velhas e todos os meus amigos do coração foram mais velhos, Por isso já partiram.
Admirei-os porque aprendi com eles e quanta saudade tenho daqueles senhores que me ensinaram a ser senhora, que me transmitiram cultura, saber estar, saber ser e saber viver.
Saudade... daqueles Senhores que já partiram. Esses garanto-vos não eram velhos. Esses nunca abandonaram os pais nos lares e nos hospitais, esses conheciam os valores morais e nunca os perderam, esses eram solidários, fraternos e humanos.
Saudades... desses Senhores que não existem...
Esses ensinaram-me a respeitar os mais velhos e respeitaram-me a mim.
Não se sentavam sem eu me sentar primeiro, não se levantavam sem eu me levantar primeiro e, era eu uma adolescente.
Saudade dos Senhores que já não existem...
Por isso me fascinam estes seus artigos.
Reitero meus agradecimentos a este Senhor que eu não conheço, A. João Soares,
ZCH
Querida Amiga Zélia,
Aprecio muito estas suas palavras. O respeito pelo mais velhos, pelo seu saber temperado por longa experiência de bons e maus bocados e os sábios conselhos que transmitem, é uma realidade no relacionamento entre as pessoas de bons sentimentos.
Mas sempre houve alguma falta de paciência para os apoiar devidamente quando mais precisam do apoio dos familiares e da sociedade, como agora está a acontecer nos governos demasiado monetaristas e contabilistas.
Mas nem tudo são rosas, pois muitos idosos, com o saudosismo da infância e fraca flexibilidade de espírito, agem no estilo do «Velho do Restelo» e teimam em só considerar certo o que há muitos anos estava em uso. E usam de teimosia para impor as suas «verdades». Custa-lhes aceitar que a humanidade muda, evolui, altera-se como qualquer ser vivo, como acontece com a vida vegetal ao longo dasq quatro estações do ano. Aprender a ser velho obriga a tolerar a mudança, a compreender os jovens porque, só compreendendo-os, os podem ajudar a evitar erros graves. A aprendizagem passa por muitos erros e emendas, e a melhor solução é evitar erros graves e saber escolher as melhores soluções para cada situação.
Isto leva a concluir que a humanidade beneficia com a simbiose entre as gerações, quando bem conduzida mutuamente.
Beijos
João
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