Transcrição de artigo do PÚBLICO que constitui mais um sinal de descontentamento dos militares
Deficientes das Forças Armadas protestam na AR
Público. 14.05.2008,
Daniela Gouveia
Membros da Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA) manifestam-se hoje frente à Assembleia da República para alertar o Governo sobre os problemas da assistência médica aos militares.
No dia em que celebra 34 anos de existência, uma das principais reivindicações da ADFA prende-se com o corte dos medicamentos gratuitos nas farmácias, em vigor desde o início de 2006.
José Arruda reuniu-se na segunda-feira com o secretário de Estado da Defesa, João Mira Gomes, mas "as respostas à mudança do decreto-lei foram negativas".
O presidente da ADFA, José Arruda, disse que a associação está "em pé de guerra" com o sucessivo adiamento das respostas do Executivo a este problema e à resolução dos processos médicos, para que os deficientes militares possam ser assistidos nos hospitais civis.
A concentração está marcada para as 14h30, ao Largo da Estrela. E a chegada ao Parlamento deverá ocorrer às 16h00.
Momento cultural
Há 32 minutos
7 comentários:
Todos estes atrasos é à espera que morram para já não ser necessária qualquer alteração à lei!!!!
Caro Luís,
Temos que levar muito a sério essa tua opinião. O economicismo, se continuar pelo caminho que leva, conduzirá à eutanásia forçada pelo Poder políticos: Quando um reformado, depois de deixar a vida activa, for pela primeira vez ao médico, mesmo que tenha uma doença grave, ouvirá do médico: leve esta aspirina e tome com um copinho de água, e se não passar volte cá. Claro que isso não o cura e ele volta e então o médico diz: Não esteja preocupado , Antes de se deitar tome este comprimido com um pouco de água tépida e vai ver que amanhã estará bom e nada lhe doerá. E ele no dia seguinte não sente mais dores nem nada!
O Estado poupa, na pensão de reforma, nos serviços de saúde e noutros eventuais apoios a dar a idosos.
Os médicos hoje não colaborariam nisto mas os estatutos de ética da ordem virão a ser actualizados e os funcionários do Estado têm que cumprir as ordens superiores.
Achas que sou duro? Mas talvez seja um profeta a prever um futuro próximo!
Aos políticos não se pode comprar um carro usado, não merecem a mínima confiança.
Um abraço
A. João Soares
Deficientes militares perdem a paciência
http://dn.sapo.pt/2008/05/15/nacional/deficientes_militares_perdem_a_pacie.html
Manuel Carlos Freire
Raul da Conceição Piedade tem 61 anos e três das principais condecorações militares por feitos em combate: uma de valor militar com palma e duas cruzes de guerra, de primeira e segunda classes. Também tem um grau de incapacidade de 85%, devido à explosão de uma mina anticarro que lhe fez perder uma perna e causou outros danos menores.
Este deficiente de guerra vive próximo da Nazaré e foi um dos muitos (cerca de 1500, segundo fontes da PSP) que, ontem, vieram a Lisboa para desfilar entre o Hospital Militar Principal da Estrela e a Assembleia da República - "a primeira manifestação do século XXI" e a segunda vez em 33 anos, segundo os responsáveis da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), trazendo à memória o dia de 1975 em que bloquearam, ao mesmo tempo, a Ponte 25 de Abril e a portagem da actual A1 para exigir respostas do Estado.
"A Pátria é o nosso patrão, somos deficientes do Estado", diz o antigo primeiro cabo Piedade, evocando memórias das emboscadas em que caiu no Norte de Angola, nos finais da década de 1960. Este deficiente recorda também os tempos em que, regressado a Portugal, parava de repente à frente de um carro e exigia ao condutor que lhe desse boleia até ao hospital militar. "Estava apanhado de todo, [as chefias] diziam que não havia vagas" nos quartéis e aquela era uma solução expedita de obter apoio sempre que necessário.
"Há 20 anos talvez se ultrapassassem [os problemas]. Agora não, temos 60 e muitos anos, queremos uma velhice digna", sublinhou Raul Piedade, lembrando que desistiu de usar a última prótese (foi mal feita) que lhe substitui a perna direita. "Agora definem orçamentos para as próteses, pelo que as casas da especialidade fazem-nas mais baratas. O problema é que, enquanto antes uma perna [artificial] durava cinco, seis anos, agora nem duram dois anos" e acabam por implicar custos maiores para o Estado, adiantou.
Próximo de Raul Piedade, ainda no Largo da Estrela, estava o guineense José Abdul Nhamajo, um dos muitos africanos que lutaram ao lado das forças portuguesas nas guerras ultramarinas. Membro do grupo do mítico comando Marcelino da Mata, foi ferido numa emboscada em Lamel. Além das cicatrizes de bala nas duas pernas, ficou com estilhaços na cabeça, de que resultou o reconhecimento de um grau de incapacidade de 5%. O problema é que esse processo demorou 12 anos, "de 1991 a 2003", contou o antigo soldado.
O protesto da ADFA contra a continuada falta de respostas do poder político às suas necessidades, a que se juntaram estruturas representativas dos veteranos de guerra e dos militares que agora estão no activo, terminou com a entrega de uma moção ao presidente do Parlamento e aos grupos parlamentares.
"Geração da guerra colonial não suporta a indiferença do poder" e "a força justa das vítimas de uma guerra injusta" foram dois dos slogans gritados pelo milhar e meio de deficientes de guerra e familiares concentrados frente ao Parlamento. "O problema é o tempo", disse ao DN o presidente da ADFA, José Arruda, vítima da explosão de uma granada que o deixou cego e sem uma mão.
Só desejo que a História, um dia, faça justiça a estes Homens, embora o reconhecimento, depois de dela não se necessitar, ajude pouco, ou mesmo nada.Eu, por mim, continuarei do lado daquilo que considero justo.
"País que não cuida dos seus, deixou de o ser" . As minhas homenagens ao 1º artigo e imagens em http://maschamba.weblog.com.pt/arquivo/2005_02.html
Manuela
Manuela,
Aprecio a sua opinião. Realmente, a Pátria, a Nação no seu todo, deve contemplar e prestigiar aqueles que tudo arriscam pela sua defesa, sem pensarem na própria vida.
Os deficientes esqueceram-se de si próprios para defenderem a sua Pátria, cumprindo cabalmente o juramento que fizeram, publicamente em frente da Bandeira Nacional. Não é de mais exigir que os políticos sigam este exemplo e saibam compensar aqueles que fisicamente ficaram diminuídos fisicamente para continuarem uma vida normal.
Beijos
João
O meu pai foi o entrevistado, orgulho-me bastante do que fez, e povoca-me agustia aquilo que sofre e aquilo que o fazem sofrer, tanto a ele, como todos os defecientes que honraram o nosso país...
Continuem
Um abraço
Obrigado pela sua visita e pelo seu estímulo.
Se os militares e os ex-combatentes, principalmente os deficientes se calarem, acabarão por morrer na miséria. É preciso que todas as vozes se juntem na mesma luta.
Portugal precisa de justiça social e de reconhecer o mérito, o patriotismo e o sacrifício dos patriotas.
Cumprimentos
A. João Soares
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