Se dermos crédito às palavras dos políticos, parece que todos se «respeitam» mas parece também, com mais sustentação, que nenhum acredita nos outros. Basta ler os títulos da imprensa para se ficar descrente e sem esperança numa clarificação da vida nacional, ao mais alto nível. «Ministro Santos Silva diz respeitar Ministério Público». Mas, acerca do Procurador Geral da República, podemos ler que «Pinto Monteiro e Eurojust em contradição», mas se um depende do outro, porque que é que o responsável não toma uma medida correctiva? Por seu lado, «Eurojust esclarece que deixou de trabalhar no caso Freeport em Abril por já não
ser necessário», o que faz parte da referida contradição. «Freeport: Situação de Lopes da Mota «ainda mais difícil» com retirada do Eurojust da investigação», o que pode levar a concluir que não está a beneficiar com a continuação da telenovela. Talvez tivesse sido mais prudente ter pedido a suspensão e iria assistir da bancada ao desenrolar do pleito. «Paulo Portas insiste na demissão de Lopes da Mota», mas talvez a suspensão a pedido tivesses sido suficiente porque ainda não há sentença transitada em julgado. Porém, apesar desta confusão, «Lopes da Mota diz-se de consciência tranquila», o que o irá manter no centro do palco até aos aplausos finais, se um apagão não provocar o discreto esvaziamento da sala. Entretanto, «Inspector coloca queixa nas mãos de Sócrates» para decidir se há filhos e enteados ou se a Justiça é abstracta, geral e obrigatória.
E assim vai Portugal, aquele País que foi grande por todo o mundo. Mas um mau rei faz fraca a forte gente. E não têm faltado maus «reis» nos tempos mais recentes
"Cancelamentos culturais" na América (4)
Há 3 horas
3 comentários:
Caro J. Soares
É lamentável o que se está a passar. Por comparação veja-se o que se passou no Parlamento Inglês. Os deputados não só repuseram as verbas, indevidamente utilizadas, o Presidente do Parlamento apresentou desculpas públicas aos ingleses e demitiu-se do cargo. Este comportamento não branqueie o sucedido, mas é a assunção das responsabilidades com as inerentes consequências políticas. Por cá ninguém quer assumir as consequências políticas do sucedido. O mais correcto teria sido a suspensão de funções do procurador Lopes da Mota até á conclusão do processo disciplinar. A presunção de inocência não se questiona, mas no desempenho de cargos políticos tanto ou mais importante que a competência o seu desempenho deve ser eticamente irrepreensível. Enquanto não houver esclarecimento do sucedido a sua manutenção no cargo é prejudicial para o próprio e desprestigiante para o País.
Um abraço
Eurico
Caro João,
Concordo inteiramente com o Eurico mas, o problema grave é que não é só na área da Justiça que isto se passa. É por todo o lado!!!! É na Saúde, na Educação, na Defesa Nacional, etc., etc. Se por cá seguissem o que nestes casos se passa nos EUA, na Coreia, no Japão, onde os responsáveis por esses desmandos pedem desculpas públicas e aos seus familiares seguindo-se de suicidio, então teríamos o País despovoado, tal a profusão dos mesmos. Mas não, por cá vinga a sem vergonha.....e assim campeia a CORRUPÇÃO!!!!!!!
Caros Amigos Eurico e Luís,
Apesar de a corrupção e a falta de valores éticos esteja a ser uma pandemia, ainda há países decentes onde nem tudo está perdido.
Além dos casos recentemente conhecidos em países ocidentais, há o da Coreia do Sul onde, em Agosto de 1996 dois antigos Presidentes, apesar de terem sido pilares muito válidos na construção económica do País, ouviram sentenças por terem cedido à tentação da corrupção, tendo o General Park Chung Hee sido condenado à morte e Roh Tae-Wu a 22 anos de prisão.
Pelo contrário, em Portugal, os engravatados são imunes a qualquer tipo de Justiça. Houve há poucos anos um caso em que dois corruptores activos foram condenados por terem entregue um cheque de 50.000 contos, mas o suspeito de corrupção passiva foi absolvido, por falta de provas.
Estas existiram para a entrega, mas o cheque volatilizou-se entre as suas mãos e as do receptor e deixou de haver provas da recepção!!! Assim funciona a Justiça.
Coisas de Portugal!!!
Abraços
João
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