Pelo Economista Professor João César das Neves, no jornal gratuito DESTAK 21/05/2009
Vivemos num tempo que, tendo muito cuidado com o que mete no estômago e pulmões, não dá atenção ao que mete no cérebro. A cada passo ouvimos recomendações sobre saúde, alimentação e ambiente, multiplicam-se os produtos dietéticos, actividades saudáveis, locais sem fumo.
Ao mesmo tempo todos passam horas a absorver o pior lixo mental na televisão, computador, livros e revistas. Filmes boçais, sites infames, programas idiotas, revistas escabrosas, videojogos obscenos, séries imbecis constituem a dieta intelectual dos cidadãos, tão conscientes da sua saúde física. Na ficção como nas notícias, a violência extrema, pornografia descarada, egoísmo, gula, desonestidade são produtos comuns.
Assim é inevitável a descida ao abismo espiritual a que se assiste. Sabemos bem que se não tivermos cuidado com a nutrição e não atendermos aos equilíbrios ambientais cairemos na obesidade e a poluição será avassaladora. Não admira portanto que, recusando-nos a formular orientações para o espírito, se acabe na decadência ética e estética. Isso em nome da liberdade, que rejeitamos na saúde e ambiente.
A razão da situação é clara. Os nossos avós, sem cuidado com comida, fumo e ecologia, eram moralistas intolerantes. Nós, censurando-os asperamente, corrigimo-los cuidando do corpo e libertando o espírito. Isso foi-nos fácil porque, afinal, os erros sanitários e a ditadura moral em que nos educaram não eram tão graves que nos impedissem de reagir. Os nossos netos saudáveis terão muito mais dificuldade em recuperar da porcaria intelectual em que nós os educámos.
João César das Neves - naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Um rei debruçado sobre a lama
Há 6 horas
2 comentários:
Caríssimo João,
Deve ser por isso que a mediocridade tomou o poder! Quando é que se faz uma limpeza drástica aos cerebros para que tudo volte a uma normalidade?????
Um forte abraço
Meu caro Amigo,
Lavagem de cérebros é próprio das piores ditaduras:
Cada um deve lavar o seu, com civismo, ética, e sentido dos deveres e da responsabilidade. O Estado deve preparar um bom sistema de ensino das virtudes e de cidadania, elaborar um sistema legal eficaz e justo sem rodriguinhos que a tornem parcial e aplicada só aos mais desfavorecidos, estruturar uma justiça rápida, independente e prática, sem ser pressionada, e com poderes para penalizar severamente qualquer tentativa de pressão vinda de poderes políticos ou económicos.
Eu sei que falas da lavagem dos «cérebros», no sentido de vassourada e baldeamento dos corruptos que abusam de nós e sugam para os próprios bolsos dos amigos e das famílias, quanto podem em prejuízo de Portugal.
Estamos em vésperas de eleições e para esses vai o meu mais forte desprezo, dando-lhes conscientemente o voto em branco porque não merecem mais. Não há por onde se possa escolher, eles o demonstraram pela votação unânime na aprovação da lei do «dinheiro vivo». Sáo todos iguais.
Um abraço
João
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